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Coluna De Sete Faces

Estava já vestindo minha camisa florida e a bermuda estampada e tomando o caminho pra praia quando meu editor ligou pedindo a última coluna do ano. “Mas chefe”, tentei argumentar, “ninguém lerá! É final de ano, as pessoas querem sol e água de coco, férias e ócio, não uma matéria sobre um autor que ninguém conhece, que escreveu um livro que ninguém se importa!”

Infelizmente, ele não aceitou meu ponto de vista. Então aqui estou, escrevendo pela última vez em 2018 para vocês, meus queridos leitores. Antes de tudo, agradeço por todas as mensagens e comentários que recebi ao longo do ano. Críticas, sugestões, elogios… A resposta pelo nosso trabalho tem sido fantástica, e por vezes surpreendente.

De Edgard Telles Ribeiro a James Baldwin; de Clarice Lispector a Maria Firmina dos Reis; passando por Thomas Mann, Phlip K. Dick, Domenico Starnone e tantos outros. Muitos foram os autores e livros sobre os quais conversamos, sem mencionar os quadrinhos e discos que ganharam destaque nesta laboriosa coluna, que se despede (por enquanto) da maneira mais informal possível porque, oras, é fim de ano e a praia me espera!

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A editora 34 promoveu entre seus últimos lançamentos do ano o petardo Sobre Isto, do Vladímir Maiakóvski, um dos maiores nomes da poesia do século XX, conhecido como “Poeta da Revolução” por seu engajamento na construção da nova sociedade soviética. O livro é fruto de sua relação amorosa com Lília Brik, interrompida em dezembro de 1922 por uma briga entre o casal.

“Sem você, eu paro de existir”, escreve Maiakóvski numa carta da época, desobedecendo o pacto de silêncio e separação que eles haviam estabelecido. Nos dois meses de afastamento, o poeta redige este que é um de seus poemas mais longos. Partindo da dor e da angústia da separação, Maiakóvski termina por abarcar e revisitar toda sua obra anterior, seus sentimentos e reflexões mais profundos sobre a revolução, o amor e o futuro, num voo lírico extremamente pungente.

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Criticado à época por tratar de um tema individualista como o amor (o que explica o título cifrado – Sobre isto), o poeta defendeu a sua liberdade de criação nesta que considerou sua obra-prima e que deu origem, entre nós, à canção de Caetano Veloso interpretada por Gal Costa, “O amor”.

Primeira tradução integral da obra no Brasil, a presente edição bilíngue conta ainda com apresentação, notas e estudo crítico de Letícia Mei, além das fotomontagens originais de Aleksandr Ródtchenko e de uma seleção da correspondência entre Maiakóvski e Lília Brik no período.

Obra seminal que vale a conferida.

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Ao longo de 2018 dei espaço para bandas de rock queridas que apresentaram belos trabalhos, com destaque aos britânicos do Suede e o bardo Richard Ashcroft.

Mas nem só de guitarras vive um homem, e o pop rendeu boas músicas esse ano. Um dos nomes que mais se destacou no cenário foi sem dúvidas Ariana Grande, que lançou Sweetener, seu quarto álbum de estúdio. Ouça o single No Tears Left To Cry e tente não balançar a cabeça no embalo da melodia. Outra canção que vale a conferida é God is Woman. E a cantora ainda brilhou com Thank U, Next, música nova que bateu recordes no YouTube com seu clipe recheado de referências aos filmes juvenis dos anos 2000.

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O site InfoMoney divulgou os livros mais vendidos na Amazon no ano de 2018. Com a falência de outras empresas que eram referência no mercado livreiro como Saraiva, Cultura e FNAC, o conglomerado americano tende a concentrar as vendas virtuais de livros pelos próximos tempos. A saber os reflexos dessa realidade em termos de mercado e prática de preços.

A curiosidade que a lista desperta é a presença de nomes como Machado de Assis e Dostoiévski apenas na lista dos livros digitais. Entre os livros físicos, o ranking aponta predominância de obras técnicas e de auto-ajuda, sendo O Conto da Aia, de Margaret Atwood, a obra literária mais bem posicionada, na sétima colocação.

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Hoje, 22 de dezembro, é celebrado os 112 anos de nascimento do escritor americano Robert E. Howard, nome imortalizado na cultura pop através de seu personagem mais famoso, o guerreiro cimério Conan.

Conan, que por sinal, continua mais relevante do que nunca. Nos Estados Unidos, a editora Marvel recuperou os direitos de publicação dos quadrinhos com o personagem, e promoverá seu retorno com grande estardalhaço ano que vem.

No Brasil, a editora Pipoca & Nanquim segue com o trabalho primoroso de editar em volumes caprichados todos os contos escritos por Howard. A editora Mythos, por sua vez, publica em encadernados de capa dura a fase do personagem pela Dark Horse Comics, além de lançar eventuais tijolaços com 400 páginas trazendo arcos clássicos do cimério publicados pela Marvel na primeira passagem de Conan pela editora. São edições essenciais na estante de qualquer fã do personagem.

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Um anúncio que não poderia faltar: a equipe do site Quinta Capa está empenhada em promover o evento Janeiro Literário, a se iniciar no próximo dia 2 e que trará conteúdos especiais e exclusivos sobre o universo das letras. O esforço segue a campanha de estímulo ao consumo e leitura de livros iniciada por Roberto Schwarz, sócio fundador da editora Companhia das Letras e abraçada por nós. Não perca as próximas postagens, com resenhas, lançamentos, ensaios e muito mais.

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Eu não devia te dizer

mas esse mar

mas essa cerveja geladinha

botam a gente comovido como o diabo.

Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br