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Crítica | A Maldição da Residência Hill (Com Spoiler)

A Maldição da Residência Hill, é uma adaptação da Netflix do romance de horror gótico lá de 1959 da autora Shirley Jackson. A série evita e teve a coragem de não colocar sangue tudo enquanto lugar,  em vez disso, favorece algo que talvez seja mais existencial, mas, ainda assim, aterrorizante – especificamente, a difícil jornada de uma família tentando lidar com os fantasmas de seu passado. Somos levados por 10 episódios carregados de emoção, atuações impecáveis e uma direção de arte nunca vista no gênero. A série centra-se na família Crain, e as cicatrizes de toda a vida de pessoas que tiveram sua infância na casa assombrada mais famosa da América.

Se você não gosta de revelações antes da hora, leia a minha crítica sem spoiler da série:

Tudo começa com as crianças, no total de cinco que, depois de se separarem, são tragicamente trazidas de volta depois que uma delas morre. Em termos de sua estrutura narrativa, The Haunting of Hill House no original, se assemelha a Lost, fazendo saltos no tempo para oferecer diferentes pontos de vista de cada uma das crianças em vários estágios de suas vidas. Cada linha do tempo é impactante ao longo da temporada, devido ao forte desempenho dos membros jovens e adultos do elenco.

 

Tudo passou pela orientação cuidadosa do criador e diretor da série, Mike Flanagan (O Espelho), A Maldição da Residência Hill equilibra habilmente os sustos do mundo real com os sobrenaturais. Quando as crianças são jovens e ainda estão na casa do capeta, elas são atormentadas por fantasmas, zumbis e até por um homem esguio e assustador (esse cara realmente gelou meu coração) com um chapéu-coco – e enquanto algumas dessas criaturas apavorantes as seguem até a idade adulta, muitos dos demônios que eles enfrentam são feitos por eles mesmos, como a culpa que vem de assuntos extraconjugais, mentiras  e do vício em drogas.

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Existe um tema complexo em toda a história sobre a cumplicidade da casa em todos os fracassos das crianças como adultos. É aqui que os sustos do mundo real começam a se manifestar no enredo. Um bom exemplo disso é Luke (Oliver Jackson-Cohen). Como um adulto, Luke é um viciado em drogas que se esforça para ficar limpo. À medida que aprendemos mais sobre sua infância, enxergarmos vislumbres de um garoto negligenciado cujos pais nunca acreditaram em seus pesadelos. Em um típico cenário de terror, as coisas que acontecem à noite são sempre mais fáceis de culpar, mas quando são seus próprios pais quem é o culpado, é ainda mais assustador.

 

Se você está pensando que Residência Hill  parece uma versão louca e assustadora This is Us, o louco aqui é você.  Certamente há semelhanças na estrutura narrativa de como um trauma passado pode influenciar o futuro de uma pessoa. Mas não tenha medo, Flanagan não se esquiva de os sustos, especialmente nos flashbacks com as crianças. A câmera lenta atravessa os corredores sinistros da antiga mansão criando um ambiente perfeito para a época do Halloween.  As criaturas são horríveis também, como uma mulher de pescoço torto com cabelo preto e uma voz abafada.

O editorial do IGN USA fez um especial com todos os fantasmas que aparecem durante os episódios, eu achei quase todos! Veja depois que terminar a série.

 

Enquanto as crianças são a coluna narrativa da Residência Hill, um conto familiar não seria completo sem os pais. Carla Gugino (Watchmen) interpreta Olivia Crain, uma formidável matriarca aos olhos de seus filhos, e o marido Hugh,  que é interpretado quando está mais velho pelo veterano ator Timothy Hutton (Leverage). Olivia se esforça para encontrar um senso de propósito em uma grande casa velha. Gugino oferece alguns de seus melhores trabalhos aqui, efetivamente incorporando as características de alguém que pode estar perdendo a cabeça lentamente.

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Como seus filhos, Olivia é profundamente afetada pela casa, mas há realmente algo assustador escondido nas sombras, ou seus sintomas são o resultado de um casamento conturbado e as pressões de criar cinco filhos? A ambiguidade é uma linha direta que Flanagan usa na série como uma maneira eficaz de criar dúvidas na mente do espectador. Se os horrores que habitam dentro da Residência Hill são reais ou simplesmente criações da imaginação de seus habitantes, Flanagan não tem pressa em confirmá-lo, e o espetáculo é ainda melhor.

Steve Dietl/Netflix

Ao adaptar o romance clássico de Shirley Jackson, o criador de  A Maldição da Residência, Mike Flanagan, funciona como uma grande história de terror e um convincente drama familiar, explorando efetivamente como os fantasmas de nosso passado são tão assustadores quanto o que acontece durante a noite. Uma das coisas mais legais que já assisti na vida do gênero de terror/drama.

 

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.