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Crítica| Big Mouth 2ª Temporada: Se o Bolsonaro souber da existência dessa série a Netflix poderá deixar de existir

“Big Mouth” ganhou críticas muito positivas em sua primeira temporada  por misturar habilmente o humor descarado e carinhoso de seus jovens protagonistas.. A série animada da Netflix fala sobre um grupo de pré-adolescentes passando pela puberdade, mostrando tudo que passamos nesta época. Todo mundo passará por isso, então todo mundo meio que entende como cada personagem é. A 2 ª temporada vai ainda mais longe, incluindo mais dança, mais música e dezenas de pessoas nuas por todos os lados.

No entanto, o coração da série nunca para de bater, mesmo quando o sangue dessas crianças estão correndo em outro lugar.

Apesar da linguagem, nudez, situações sexuais, uso de drogas e violência , “Big Mouth” não é uma série de animação para adultos. É sobre crianças, para crianças que estão passando pelo terror da puberdade, e os espectadores velhos como eu estão lá para aprender e lembrar sobre essas situações. A 2ª temporada é uma encarnação viva sobre o tema, pois tudo está lá, apesar do que as pessoas possam pensar. Acho que eles não estão se importando se você ficará ou não constrangido.

Esses episódios são uma forma de ativismo, uma temporada focada em ensinar as crianças pré-adolescentes a separar a vergonha da culpa. Eu, como educador, acho isso absolutamente poderoso.

Big Mouth – Netflix

Se o monstro de hormônio foi a criatura encarregada de definir o tom da primeira temporada, então o ‘Shame Wizard’ é que define este papel na segunda temporada. A criatura diabólica de Nick Kroll com um coração de ouro (e um saco de pênis de estimação) não está ausente da sequência da Netflix; e nem a sua contraparte feminina Connie, dublada pela lendária  Maya Rudolph. Eles ainda estão ajudando Andrew (dublado por John Mulaney) e Jessi (Jessi Klein) a explorar suas sexualidades voando mais alto que um cometa, orientando seus impulsos naturais e inexplicáveis mudanças de humor.

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O foco principal desta temporada é a vergonha. Andrew sente vergonha por se masturbar constantemente. Nick (dublado por Kroll) sente vergonha por seu corpo subdesenvolvido. Jessi sente vergonha por, bem, muitas coisas. Os pais dela estão se separando e ela se sente responsável, mas também sente raiva de todos e tudo.

Para manter essa multidão de indignidade em ordem é que surge  o ‘Shame Wizard’, dublado com perfeição por David Thewlis. Parecendo um cruzamento entre o Professor Snape e um Dementador, o Feiticeiro da Vergonha zomba e mostra o caminho para exacerbar as emoções de cada criança confusa sobre si e seu corpo. Em uma das melhores canções da série (escrita e composta por Mark Rivers), o Feiticeiro da Vergonha voa pelo céu noturno lançando uma sombra sobre todos os pequenos envergonhados.

Big Mouth – Netflix

Ele acredita que ele está cumprindo uma função vital: as crianças precisam sentir vergonha do que fazem para distinguir o certo do errado. Se Jessi rouba um batom de uma loja, ela deveria ter vergonha de si mesma. Mas o problema brilhantemente tratado pelos escritores e co-criadores Kroll, Andrew Goldberg, Jennifer Flackett e Mark Levin é o lance que a vergonha pode ir longe demais.  Às vezes, os adultos só atrapalham. Fazendo essa fase o momento onde a gente meio que fica calado e odeia os sermões de nossos pais, talvez só tínhamos vergonha mesmo.

Encontrar conselhos inadequados de adultos é um tema comum e perspicaz da série. Ninguém diz a essas crianças o que elas realmente precisam ouvir, já perceberam? Andrew precisa saber que o que ele está fazendo é normal; que seus impulsos são impulsionados por estímulos biológicos que todos passam. Mais especificamente, ele precisa saber que a vergonha é diferente da culpa, já que a primeira descreve se sentir mal consigo mesma e a última está relacionada a momentos específicas. Ele deveria se sentir culpado por  outras coisas que aprontou nesta temporada.

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A eloquência com a qual “Big Mouth” ilustra essas diferenças e orienta seu público para uma resolução moral vai além do admirável. É um serviço valioso para qualquer pré-adolescente, além de uma ótima lição para adultos cautelosos. Ao normalizar as experiências que muitas crianças sentem-se envergonhadas, a série defende ativamente o seu bem-estar emocional. Qualquer um que assiste a esses episódios deve se sentir um pouco menos autoconsciente, senão também um aumento significativo na auto-estima. Mesmo que não o façam, a sagacidade afiada da série, o trabalho exuberante da voz e a imaginação desenfreada são mais do que suficientes para proporcionar entretenimento de primeira qualidade.

O título desse crítica foi apenas Clickbait mesmo, obrigado.

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