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Crítica | (Des)encanto – 1ª Temporada

Esta é uma crítica SEM Spoiler da primeira temporada de (Des)encanto, já Disponível no Netflix.

Os Simpsons é uma das séries de TV mais antigas e mais importante da história, mas também ao longo dos anos, acabou estagnando. Não é tão difícil querer assistir algo criado pelo Matt Groening e sua equipe, especialmente tendo em vista a quantidade de novidades, temas e polêmicas criativas que Futurama fez durante suas temporadas na Fox e Comedy Central. (Des)encanto entra bem aqui, é um apelo dos fãs antigos e novos para uma animação ‘‘diferenciada’’.

Não é apenas a terceira série de humor animada de Groening em sua longa carreira, é seu primeiro projeto na Netflix. É buscar o novo, é ter liberdade criativa. Claramente uma receita para o sucesso, correto?

Não necessariamente.

Criado por Groening e com Josh Weinstein (Simpsons / Futrama / Gravity Falls) como showrunner,  (Des)encanto é uma série de fantasia medieval ambientada em um reino conhecido como Dreamland. A paisagem medieval da animação é bem bonita, temperada com uma treta entre a raça dos Elfos e os humanoides anfíbios do reino vizinho de Dankmire. Neste reino é que vem a heroína chamada Princesa Bean (Abbi Jacobson de Broad City na dublagem original). Ela é acompanhada por um elfo corajoso chamado Elfo (Nat Faxon na dublagem original) e um trapaceiro demoníaco chamado Luci (Eric Andre), Bean não se importa nada com votos de castidade ou sexo pós-casamento, vive bêbada e apertou o ‘foda-se vida’ há bastante tempo.

Não seria injusto eu falar que (Des)encanto é a versão medieval de Futurama jogada em um liquidificador e remixado para formar Bean, Elfo e Luci. Por exemplo, Bean herdou o status da ‘‘ovelha negra’’ de Fry, o hedonismo (vida baseada nos prazeres da carne) egocêntrico de Bender e a luta perpétua de Leela por reconhecimento. Elfo recebe a ingenuidade bem-humorada de Fry e a herança incerta de Leela. E Luci? Bem, ele é praticamente uma versão 2.0 de Bender.

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A única coisa que diferencia esses novos personagens da Planet Express ou da família Simpson é o talento na dublagem original. Considerando que a maioria dos personagens da animação são dublados por veteranos do ‘Groening-verse’ (realmente existe este termo) como Billy West, John DiMaggio, Maurice LaMarche e Tress MacNeille. Os únicos dubladores novatos são o trio principal. Jacobson ajuda a manter Bean com os pés no chão da realidade, apesar de seu ambiente implausível, fazendo-a se sentir como uma adolescente solitária e rebelde em busca de seu destino. Faxon é divertido como um elfo de olhos arregalados em um mundo que está constantemente pronto para mastigá-lo e cuspi-lo. Andre traz sua própria luz para Luci, embora o personagem raramente tenha a chance de fazer mais do que deixar piadas negras às custas dos outros.

A versão dublada também é incrível, aliás, assistam as coisas dubladas na Netflix, a galera faz um trabalho impecável, mas acho que você vai se ‘‘divertir mais’’ assistindo (Des)encanto na versão original.

O (Des)encanto raramente se desfaz dos moldes da fantasia medieval. Bean luta com os mesmos desafios que muitas princesas tiveram antes dela, incluindo sua relutância em se casar e seu desejo de independência. Mas a trama não consegue apenas se sustentar nela. Tampouco o subtrama que acontece em cada episódio, a coisa apenas não é convincente. No geral, a série não é tridimensional, não tem profundidade ou nuances com o elenco de apoio. A coisa toda existe apenas para contar piadas sobre como a idade média foi miserável.

Coisas que outras séries animadas já não abordaram, até mesmo Os Simpsons já trabalharam o mesmo tema. Eu me encontrei dormindo em alguns momentos e não consegui me conectar com a maioria dos personagens, um fato que realmente se tornou problemático nos três episódios finais.

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Não sei se Groening perdeu a mão, mas (Des)encanto parece nunca encontrar o equilíbrio certo entre enredo e humor. É até moderado em comparação com Os Simpsons e Futurama, mas a história não é boa o suficiente para compensar.

A série só ganha força quando Bean e seus amigos se aventuram longe de seu reino. Sugerindo que (Des)encanto precisa sair desse ambiente estático que criou e dar a Bean e sua gangue uma busca mais definida e focada.

O lado positivo: Netflix. A animação é muito bem-feita. Como Futurama, a série justapõe personagens 2D em fundos 3D, permitindo todos os tipos de efeitos de câmera e tomadas panorâmicas. As paisagens são cheias de detalhes, dê um pause e fique procurando, você encontrará coisas bem interessantes e com bastante referências a cultura pop.

(Des)encanto tem potencial, um ótimo cenário de fantasia medieval, dublagem incrível e as liberdades que Netflix oferece. Infelizmente, a primeira temporada não usou desse potencial. Ela se esforça para encontrar o equilíbrio certo entre humor bobo e narrativa dramática que ainda não conseguiram se conectar.

A crítica está implacável com a série, porém acredito que terá uma segunda temporada. O truque é apenas encontrar o equilíbrio entre a história e a comédia que está faltando no momento.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.