Não deixe de conferir nosso Podcast!

Crítica | Fullmetal Alchemist live action é bonito e não passa disso.

Contém Spoilers
A boa notícia sobre o filme live action do Fullmetal Alchemist da Netflix e da Warner Bros. é que, quando é bobo, é divertido. A má notícia é que, quando tenta ser sério, fica muito bobo. E o filme dirigido por Fumihiko Sori ate tentou, mas não passou de um filme assistível. Então vamos mostrar o que encontramos na película.
Para aqueles que não estão familiarizados com a série de mangás de Hiromu Arakawa, a história é centrada na vida de dois irmãos alquimistas, Edward (Ryôsuke Yamada) e Alphonse (Atom Mizuishi), que perderam sua mãe quando eram bem jovens e quase se destruíram tentando trazê-la de volta. Alphonse perde seu corpo, e sua alma é transferida para uma armadura gigante e Edward perde o braço e a perna e ganha a capacidade de transmutar alquimia sem um Círculo de Transmutação. Ambos crescem para ser alquimistas talentosos com a capacidade de moldar elementos no mundo ao seu redor. Juntamente com sua amiga/mecânica de infância Winry Rockbell (Tsubasa Honda), eles procuram a Pedra Filosofal, que tem o poder de restaurar os corpos que eles perderam, descobrindo no meio disso, uma conspiração militar diabólica.
Fullmetal Alchemist começa super bem. A abertura apresenta a tragédia infantil dos irmãos e uma cena de luta peculiar mostrando seus talentos já adultos. O CGI, que achei um dos pontos fracos do filme, une o que parece ser real e o que parece ser anime. Muita gente que conversei que assistiu o live action ficaram divididos sobre como foi usado esta tecnologia. As visões europeias do país da era industrial de Amestris também são deslumbrantes, desde o contraste verde de uma estrada de paralelepípedos arborizada até o pó iluminado pela luz da biblioteca pessoal de um alquimista. Roy Mustang (Dean Fujioka) talvez seja o melhor papel interpretado com o genial Maes Hughes (Ryûta Satô). É um sonho de Cosplay realizado.
Yamada é encantador como Ed, emotivo e principalmente mostrando quase o Ed que querímos assistir: Forte, brilhante e temperamental. Eu disse quase, porque em alguns momentos da adaptação, ele se torna infantil, se importando apenas na busca da pedra filosofal e esquecendo que existe uma ameaça maior e obscura acontecendo debaixo de seu nariz.

Essa ameaça, especificamente, vem de três Homunculi, humanos artificiais criados a partir de nossos desejos mais sombrios. Os personagens são recriados lindamente, tudo bem gótico e com interpretações divertidas. Sua líder, Lust (Yasuko Mastuyuki), é uma rainha gigante cujos dedos se tornam pontas de aço que se movem sozinhos até encontrar o alvo, enquanto  Envy (Kanata Hongô) pode assumir a aparência de qualquer pessoa e Gluttony (Shinji Uchyama) devora tudo com alegria e ousadia. O plano do trio colide com o objetivo dos irmãos Elric de uma forma até esperada, mas a estrada para obter o que almejam é acidentada e cheia de desvios.

Agora começa os problemas mais graves. Fullmetal Alchemist tem uma execução lenta, o live action tem duas horas e 15 minutos que foram erradamente gastos com sequências fracas e que sumiam rapidamente de nossa memória. A cena do arenque vermelho é um exemplo de como algumas coisas foram péssimas tanto na ideia como em sua execução. Seria mais interessante e talvez divertido se o filme mergulhasse ocasionalmente em narrativas episódicas com mais referências, mas Sori e sua produção fizeram muito pouco para tecer esses momentos na trama principal, acredito que isso causaria mais impacto no final.
Como resultado, o meio de Fullmetal Alchemist até o clímax é sonolento. As cenas da devastação emocional são apresentadas unicamente com um personagem (quase sempre Ed) rangendo os dentes e rasgando suas roupas em demasia. Para um filme dirigido para um público juvenil, é uma tentativa terrível de segurar o expectador até a batalha final.
O filme vai para alguns lugares estranhos, estou falando dele mesmo, o alquimista Shou Tucker (Yô Ôlzumi) e as seqüências na porta etérea da Verdade, mas Ed está tão singularmente concentrado e subjugado de emoções que o seu sofrimento é devolvido de forma superficial, pois para ele nada mais importa do que o corpo do irmão de volta. Esses momentos são barrigas no filme, todo mundo sabe que você quer o corpo de seu irmão de volta Ed. E Salvar o mundo? será que é apenas um efeito colateral?

E os outros personagens? Desperdiçados. É uma pena que não tenham espaço para respirar, que muito do peso da história está nos ombros pequenos de Ed e apenas dele. Winry é vergonhosamente reduzida ao status de donzela (dá para acreditar?), e Al tem toda a devoção focalizada em Ed – age como um tipo de animal de estimação que chega à batalha exatamente no tempo, mas desaparece das cenas assim que ele é desnecessário. Nessa mesma linha, talvez o elemento mais estranho do filme seja a sincera falta de ação após a introdução ter estabelecido o talento desses jovens alquimistas. Há muitas cenas em que Ed, sob ameaça, parece confuso em vez de se lançar de cabeça na luta.
Parece que fácil falar apenas coisas ruins, mas eu tenho essa série como uma das coisas mais incríveis da cultura japonesa, mas o filme é magro em sua trama e não fez justiça aos personagens, visuais e todo o contexto do original. Mais uma vez eu repito: Live Actions são um erro.

LEIA TAMBÉM:  Gravity Rush | O Conto Gravitacional de Carinho e Dedicação
Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.