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D&Dezembro | Pathfinder 2ª Edição: O Que Esperar Dela?

E já se vão quase dez anos desde o lançamento de Pathfinder. Antes uma terceirizada da Wizards Of The Coast para a edição das revistas Dragon e Dungeon sobre Dungeons and Dragons. após a rescisão do contrato entre ambas a Paizo passou a publicar uma revista similar, a Pathfinder. E, após a Wizards anunciar a 4ª edição de Dungeons and Dragons fora da Open Gaming License e sob um sistema de regras bem restritivo, a Paizo não titubeou: lançou Pathfinder, um RPG que nos moldes de D&D 3.5 com algumas modificações(que é informalmente chamado de D&D 3.75).

Em um momento, os fãs foram divididos, com uma parte se atendo à marca Dungeons and Dragons e outra se atendo ao sistema de regras preservado(com melhorias) da Paizo. E não deu outra: Pathfinder foi um sucesso, superando a concorrente por vários anos consecutivos e sendo vencedor de vários prêmios ENnie!

Os tempos mudam

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“I will always remember when Pathfinder was me!”

Em 2019, Pathfinder completará dez anos de seu lançamento original. E, agora que seu concorrente o superou com um sistema mais simples e amigável, para continuar sendo relevante, Pathfinder deve realizar algumas mudanças. Algumas delas para simplificar as coisas, mas não a ponto de perder sua identidade.

Confira a seguir, algumas dessas mudanças.

Ações

Na primeira edição de Pathfinder, tínhamos a descrição de oito tipos de ação diferentes, a maioria sendo variações  do grau de velocidade a qual são executadas: ação padrão, movimento, ação de rodada completa, ações livres, ações rápidas, ações imediatas, atividade restrita e não atividade.

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O beta da segunda edição simplificou isso muito mais, ao definir apenas três tipos de ações: ações, reações e ações livres. O movimento seria um dos tipos que seriam contados como ações.

Ainda sobre as ações, mais uma novidade: os personagens jogadores, durante os combates, tem direito à três ações e uma reação. As ações em combate, na maioria das vezes, se resumem ao movimento e ao ataque. Saltar, procurar, step(um passo curto que não provoca ataque de oportunidade) são outros exemplos de ações. Ainda em combate, o jogador pode usar as três ações em ataque, mas pegando uma penalidade cumulativa de -5 para cada um.

Reações são o que o nome diz, e precisam de um gatilho para serem ativados. Um exemplo é o ataque de oportunidade, cujo gatilho é representado por um oponente que se move para/fora do espaço adjacente ao do personagem, ou quando o mesmo ataca à distancia  ou tenta fazer alguma ação de manipulação enquanto está nesse espaço.

As ações livres são também ativadas por um gatilho. A diferença é que estas podem ser usadas a qualquer momento, mesmo fora do turno. Atrasar uma ação é um exemplo, onde o gatilho para realizar sua ação é algo determinado pelo jogador.

Raça Ancestralidade

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Elfa e anã.

A mudança parece estranha, mas parece ser um sinal de que a Paizo quer diferenciar Pathfinder de seu irmão mais velho. Elfos, anões, gnomos e demais tipos agora são definidos como ancestralidade, e suas principais características são definidas com base nas heranças. Cada raça tem forças e fraquezas específicas e algumas habilidades em comum. Mas algumas de suas peculiaridades são definidas por heranças ou feats ancestrais.

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Para algumas coisas, essa decisão faz sentido. Por que todos os elfos deveriam ser naturalmente proficientes com espadas longas e arcos longos? É como dizer que o brasileiro sabe jogar futebol só por causa de sua nacionalidade. Então, certas qualidades são definidas por feats ou por herança(o que define o tipo de elfo/anão/gnomo/etc. que você é).

Outra mudança é para quem quiser ser meio-elfo ou meio-orc: aqui não há ancestralidade específica para eles. O jogador que quiser ser um deles, deve criar um humano e adquirir o feat ancestral meio-elfo ou meio-orc. Isso garante as habilidades associadas a eles e ainda garante o acesso a um grande leque de outros feats.

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Quer ser meio-elfo ou meio-orc? Pegue a ancestralidade humano primeiro.

E aqui também temos a inclusão do goblin como personagem jogador. Antes introduzido como personagem jogável no guia avançado de raças, ele agora é oficialmente uma opção para o jogador.

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Hehehehehehe

Antecedentes

Agora algo para dar mais sabor à composição do personagem, na criação do mesmo deve ser definido um antecedente. Certas perícias e/ou feats são ganhos dependendo do antecendente. O personagem também ganha bônus em alguns atributos.

Classes

Aqui a novidade vem a introdução do Alquimista ao livro básico. Anteriormente oriundo do Guia Avançado do Jogador, ele agora tem destaque aqui, com suas bombas, poções e mutagênicos.

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Saca só essa possibilidade…

O livro ainda traz opções de arquétipos e arquétipos de prestígio.

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E os personagens de sempre estão lá, ilustrando o livro. Olha o Valeros aqui.

A última atualização do beta trouxe opções interessantes para o Paladino, que não se restringe mais ao alinhamento Leal e Bom. Paladinos deste alinhamento se chamam(provisoriamente) de defensores e são os paladinos clássicos; os neutro e bons são os redentores e procuram salvar os vilões, destruindo-os apenas se forem forçados a isso; e os caóticos e bons, os libertadores. A Paizo garantiu futuras atualizações com opções para personagens neutros e malignos.

O ladino também anda recebendo opções interessantes. Como mencionado neste texto, a classe ganha caminhos interessantes, com a presença do brutamontes cujo ataque furtivo usa a força bruta e causa condições interessantes ao alvo.

Perícias

Antes definidas apenas por valores numéricos de ranks somados a bônus de habilidade e/ou raciais, agora é definido por níveis:

  • Destreinado: o personagem tem penalidade de -4 no teste.
  • Treinado: o personagem tem um bônus de proficiência equivalente ao seu nível.
  • Expert: o personagem tem um bônus de proficiência equivalente ao seu nível +1.
  • Mestre: o personagem tem um bônus de proficiência equivalente ao seu nível +2.
  • Lendário: o personagem tem um bônus de proficiência equivalente ao seu nível +3.

O personagem tem essas mesmas medidas para mostrar seu nível de proficiência em armas, jogadas de proteção, percepção, etc. A quantidade de perícias treinadas, ao criar o personagem, é definida pelo antecedente e classe.

Criação de personagem

Ficha de personagem.

Embora ofereça a opção de gerar atributos através de dados, o novo Pathfinder parte do que sua versão espacial, Starfinder, faz. Após a definição do conceito do personagem, o mesmo começa com dez em todos os atributos.

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(na sequencia: Força, Destreza, Constituição, Inteligência, Sabedoria e Carisma)

Digamos que queremos criar um guerreiro anão. Um anão ganha boost(um bônus de dois pontos) em constituição e sabedoria, além de um boost aplicável a qualquer atributo(vamos botar em força). Mas ele tem um defeito em carisma(defeitos custam -2 pontos).

Seus atributos ficariam assim:

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Depois escolhemos o antecedente. Se escolhermos o antecedente fazendeiro, ganharemos boost em Constituição ou Sabedoria e um livre. Vamos escolher constituição e o livre em força.

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Logo após isso, aplicam-se mais quatro boosts livres. No caso, vamos colocar mais em força, constituição, sabedoria e inteligência.

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Por último, vamos pegar o boost de classe. O guerreiro pega ou Força ou Destreza. Vamos de força.

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Pronto! Temos um personagem bem razoável! Os pontos de vida são a soma dos pontos de vida dados pela ancestralidade somados aos pontos de vida dados pela classe. E, assim, já temos um personagem pronto para jogar.

Pontos de Heroísmo

Há também essa novidade. O personagem recebe um ponto desses e recebe mais por atitudes interessantes e heróicas. Os pontos podem ser usados para escapar da condição de morte, rejogar dados e obter ações extras.

O livro ainda incentiva o jogador a descrever em detalhes o que está fazendo ao gastar esses pontos, pois eles refletem algo extraordinário sendo feito.

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Roleplaying, baby.

Pontos de ressonância

Esta medida é usada para o personagem poder ativar itens mágicos e poções. Para ganhar os benefícios de itens mágicos, eles devem ser investidos(para armaduras, por exemplo) e isso tem custo desses pontos.

A polêmica é que até ao beber poções o personagem deveria gastar pontos de ressonância. Particularmente, acho a pior idéia apresentada para esta nova edição e torço para que seja rechaçada.

Para não me alongar muito, deixo a conclusão de que há muito potencial para esta nova edição que está surgindo. O Playtest ainda vai demorar um pouco para terminar e ainda há muito espaço para melhorias; e quem quiser, pode baixar os livros, aventuras e atualizações, dando o feedback para a Paizo através dos formulários que ela disponibiliza.

Link para a página do Playtest:

https://paizo.com/pathfinderplaytest

A campanha Doomsday Dawn(Crepúsculo do Juízo Final) se passa anos antes da era atual em Golarion e leva exatamente esse tempo até sua conclusão. Dividida em várias aventuras, a campanha dá a oportunidade dos jogadores testarem as regras e vários tipos de personagens, retomando os primeiros personagens construídos em momentos-chave da campanha.

Também são disponibilizadas aventuras extras, cortesia da Guilda da Sociedade Pathfinder, também com pesquisas para feedback.

Confira e tire suas próprias conclusões.

 

 

Formado em administração e radiologia, professor por vocação e geek de coração!