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D&Dezembro | Resenha – The Indie Hack.

Não demorou muito tempo depois que escrevi este artigo, que me dei conta que o PDF de The Indie Hack(cujo financiamento no catarse eu participei) já estava disponível para o download. Com a confusão do natal, não tive muita oportunidade para ler, mas pude focar e termina-lo.

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“Mas… já????”

Tendo apenas 43 páginas, não foi difícil terminá-lo. The Indie Hack é um RPG Old School minimalista ao extremo. Mas isso não significa que seja tão simples quanto parece; embora o livro dê um jeito de tirar qualquer dúvida, a medida que avançamos nele.

O que é The Indie Hack?

The Indie Hack (TIH) é um jogo de RPG de fantasia minimalista, construído a partir das ideias no The Black Hack, que é jogado com lápis, papel, dados e imaginação. Ele pega o jogo old-school e adiciona um toque indie: você tem heróis, magia, armadilhas e monstros, porém os jogadores tem maior controle sobre a riqueza da história.

Os personagens não são governados por ideias abstratas de bondade e ordem, mas por Mestres (que tentam impressionar) e Deusas (que tentam apaziguar quando estão próximos da morte). Os personagens têm relacionamentos entre eles e também com PNJs que evoluem dentro da mecânica. Jogadores respondem perguntas focadas nas classes sobre o mundo durante a criação do personagem, para ajudar o MJ desenvolver o cenário e o tom da aventura.

Existem sete classes que podem ser escolhidas: O Veterano sobrevive através das batalhas. O Exorcista bane os Mortos-Vivos. O Caçador consegue achar qualquer coisa em território selvagem. O Trapaceiro evita armadilhas e abre fechaduras. O Elementalista manipula fogo, água e pedra. O Ocultista invoca coisas mortas. E o Forasteiro é… bom… diferente.

Em The Indie Hack, você não coleciona XP, você coleciona cicatrizes

O conceito trazido na contracapa resume muito bem a ideia dele: é um jogo com poucas regras e conteúdo mínimo e essencial.

Mas ter menos significa ter mais?

Regras

Os testes do jogo, seja para realizar uma façanha ou combate, se resumem no uso de dois dados de seis faces(2d6): um claro e outro escuro(não precisa ser realmente um branco e outro preto). O claro representa o desafio proposto e o escuro representa a atividade do personagem para encara-lo. Detalhe: o jogador rola ambos os dados. Os resultados são interpretados a respeito da diferença entre ambos os dados e comparados a uma tabela.

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E aqui vem a introdução de um conceito diferente: o detalhe. O detalhe representa uma modificação em uma situação, indivíduo, item ou cenário. São três tipos de detalhe: forte, adicionados após a rolagem de dados para alterar significantemente uma pessoa, lugar ou coisa(causar dano, por exemplo); fraco, que são mudanças temporais e superficiais(um detalhe fraco pode dar direito a uma pergunta ao personagem que deseja obter informações); e um detalhe de cena, que influencia o cenário ou as táticas usadas.

Outra coisa: o jogador é quem decide o que será o detalhe. Num combate, por exemplo, um detalhe forte pode ser o dano na criatura. Se o resultado garantir um detalhe a um aliado, este pode decidir que encontrou o ponto fraco de um oponente. O mestre pode garantir o detalhes benéficos, caso o próximo ataque do aliado seja bem sucedido.

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“ACHEI O PONTO FRACO!”

Criação de personagens

Os personagens criados em The Indie Hack só tem três atributos: Brutalidade(que representa a força), Precisão(seria o equivalente à destreza) e Perspicácia(inteligência e sabedoria). Cada um deles pode ser aplicado nas jogadas(Brutalidade para um teste de força ou ataque com machado). Mestre e jogadores decidem se os atributos começarão positivos, zerados ou negativos(+1, 0 ou -1).

Como exemplo, vamos ficar com o 0. Com os atributos zerados, adicione +1 a um deles, deixe outro zerado e outro em -1. Jogando 1d6 e consultando uma tabela, será decidido qual atributo ganhará +1.

Após obter esses atributos, chegou a hora de decidir a classe. A classe complementará os atributos, oferecerá perguntas para personalizar, e serão oferecidas aptidões naturais e outros detalhes(como relacionamentos, dentro e fora do grupo).

Descrição do Veterano, o guerreiro de The Indie Hack.

Caindo

Ao atingir sua capacidade máxima de dano, o personagem cai. Ele pode voltar a vida se suplicar aos deuses para mais uma chance. Sendo bem sucedido, o personagem poderá voltar mas terá de cumprir uma promessa à uma das divindades(Mãe, Criança ou Anciã).

Evoluindo

A evolução é controlada pelo mestre mas os jogadores definem com ele o ritmo da evolução. A experiência pode se traduzir em ganho de habilidades, feitiços e proficiência; aumento da capacidade de Caído; mudança e formação de relacionamentos, entre outros pontos relevantes.

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Veredito

A apresentação das regras não é difícil, mas o conceito de detalhe é estranho de se pegar a princípio. Felizmente, ao final dele, temos o exemplo de uma aventura no qual quaisquer dúvidas a respeito das regras são sanadas.

A filosofia por trás dos jogos ao estilo Hack pode assustar jogadores iniciantes. A insegurança e a necessidade de referência pode deixar alguns meio paralisados pois o livro deixa bastante espaço para o jogador preencher. Por exemplo, o livro é tão simples que não conta com uma lista de feitiços mas a descrição das habilidades dos personagens arcanos dão exemplos de detalhes que podem ser gerados para gerar os feitiços desejados. Ele não norteia muito, deixando a cargo do jogador e do mestre, não sendo necessariamente uma coisa ruim para um grupo criativo.

E aproveitando a menção ao exemplo de aventura, embora ele seja bem didático e compreensível, nota-se uma falha na adaptação do conteúdo. Não é nada que afete a compreensão do que está sendo passado mas, mesmo não tendo acesso ao material original em inglês, é possível notar várias falhas na tradução que torna a leitura desta parte tão crucial um pouco estranha.

Mas não é nada que realmente tire o brilho da obra, pois a mensagem é ainda muito bem passada.

Assim como The Black Hack, o livro incentiva o leitor a usar as regras apresentadas para criar seu conteúdo, assim como alterar o que está lá para as suas próprias necessidades(ou seja, “hackear” o jogo). Como o financiamento ultrapassou a marca de 5.000 reais, uma de suas metas liberadas é um hack do jogo, The Altered Hack,uma adaptação do clássico game Altered Beast para o sistema.

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Se você gosta de um RPG criativo e simples, The Indie Hack pode ser uma boa pedida para você.

Link para a loja da editora:

https://fabricaeditora.com.br/loja/

 

 

 

 

Formado em administração e radiologia, professor por vocação e geek de coração!