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O mototaxista que faz gibis de terror e ficção científica.

Celso por Celso, levando beijo de suas "filhas".

Luis Celso é um mototaxista que, entre uma corrida e outra, produz gibis de terror e ficção científica. Conheço Luis Celso já há um bom tempo. A galera que frequentou a “banca do Ribamar” (também conhecida como da “Tia Erinalda”) nos anos 1990 e 2000 deve conhecer a figura. Isso porque a banca foi ponto de encontro do pessoal que fez o Núcleo de Quadrinhos do Piauí, e o Celso foi um dos primeiros frequentadores.

O quadrinista é persona constante de eventos e encontros de desenhistas, sempre observando, levando seus desenhos, mostrando, pedindo opinião sobre o que faz, mas que também não se acanha para criticar os colegas.

O que mais impressiona no trabalho dele é a quantidade. Vez em quando, ele aparece com uma prancheta na livraria onde trabalho. “Vim deixar um cliente aqui perto e resolvi passar aqui pra conversar! Olha aqui essa página 100 do meu quadrinho!”. Página CEM!!! De uma das histórias que ele produz que tem dezenas de páginas. Uma das ficções que tem, chama “Mundos em Transe”.

Uma das capas de Mundos em Transe, de Luis Celso

De acordo com Celso, ele está produzindo uma história só, muito grande, onde os personagens vão misturando-se e ele vai criando à medida que vai produzindo e uma coisa se liga à outra e assim por diante.  Duas protagonistas de suas histórias, Aaliyah & Yvad, são sexy e superpoderosas, e já possuem HQs com mais de 100 páginas inéditas, aguardando um projeto editorial louco que as publique.

Aaliyah & Yvad, protagonistas de uma das ficções científicas de Luis Celso, com quase 100 páginas.

 

Celso por Celso, levando beijos de suas “filhas” Aaliyah & Yvad

Luis é dono de um traço kitsch, mas sem o teor pejorativo. É popular, de massa, de grande alcance. Na verdade, o melhor adjetivo seria alguma coisa entre o kitsch e o “naife”, porque os desenhos dele são simples, mas com uma técnica forte de hachura. Não é um desenho acadêmico, no sentido de que Luis Celso é um autodidata. Normalmente, seus gibis são mudos, mas ele começou a letrerizá-los. Um ilustrador às avessas. Primeiro desenha, depois imagina os diálogos.

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Recentemente, me mostrou sua nova “vibe”: historinhas curtinhas! “O futuro do quadrinhos são hqs curtas”, ele me disse. No mundo consumista em que vivemos, faz todo sentido. Nesses novos projetos, colocou a ficção científica um pouco de lado e começou a brincar com o terror.

Luis Celso e seus novos gibis de terror

“Brincar” é a melhor palavra. Celso quer apenas se divertir com seus gibis e passar seu tempo praticando, meio como hobby, meio como terapia. Uma das pérolas que me mostrou chama-se: “Cenouras Malditas”. Reparem no título! Isso é ou não o melhor do trash que um quadrinho pode oferecer logo de cara?

Cenouras MALDITAS! Um clássico imediato

 

“Cenouras Madiltas” é uma curtinha, apenas 6 páginas, sobre Seu Onofre, que ocupava-se criando suas cenouras no plantio em frente de casa, acompanhado de sua cachorrinha Joli. Mas não é que dois mal-elementos planejaram roubar a safra que daria o sustento do Seu Onofre e, ainda por cima, mataram a coitada da cachorra no processo! O que um cidadão de bem poderia fazer? Um pacto com o diabo para se vingar, CLARO!

Luis Celso, Cenoura Maldita, a morte da Joli e o pacto com o diabo!

Seu Onofre transforma-se em um tipo de pazuzu e sai matando geral para se vingar. É Catártico!!! Vocês precisam ler a última cena gritando, como num filme B sangrento dos ano 80: “Vão roubar cenouras no INFERNO! Ha! Ha! Ha!”.

Genial!

 

 

Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos