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Opinião | Sabemos nos divertir?

Somos pessoas chatas que não sabem apreciar as coisas importantes da vida e levamos nosso amor à “nerdice” a sério demais?

Esse ano tivemos a estreia do filme Solo: Uma História Star Wars, que contou a história do personagem Han Solo, de Star Wars (quem diria…). Muito aguardado, o filme recebeu duras críticas por parte dos fãs da franquia. Falaram tantas coisas ruins que eu não quis ir ver. Um dia, estressada, fui com uma amiga ao cinema e acabamos nos rendendo. Nos divertirmos e relaxamos com o filme e ficamos nos perguntando por que as pessoas não gostaram. Sabemos dos problemas e que não é um grande filme, mas esse é o ponto: não precisa ser uma obra-prima, pura perfeição sempre. Pros fãs, parece que tem. E isso às vezes se torna uma coisa grave.

Kelly Marie Tran, interpretando Rose

Usando o exemplo do próprio Star Wars: o diretor Rian Johnson, do filme Star Wars: O Último Jedi, denunciou que recebeu ameaças de morte por conta do filme. A atriz Kelly Marie Tran (que faz a personagem Rose) também foi vítima de ameaças e alvo de inúmeros comentários ofensivos (machistas, racistas).
Por causa de fãs que não se agradaram.

Esses foram apenas alguma exemplos que pude dar mas, infelizmente, poderia contar muitos outros casos absurdos.

Tenho uma constatação triste pra quem é fã que talvez ajude a superar os desgostos: é só um filme (substitua por quadrinhos, livro, seriado…)! A ideia é divertir, não fazer ninguém morrer. Claro que eu entendo a decepção. Nunca superei a tristeza com o filme que a New Line produziu de Fronteiras do Universo… Mas não morri por isso e nem quis matar ninguém. Nunca saí xingando as pessoas que dedicaram seu tempo pra fazer esse trabalho. Digo que é ruim, nunca mais assisti e estou aguardando que a próxima adaptação (alô BBC!) me traga enorme alegria.

Chega a ser insano: Anna Diop vem enfrentando racismo por interpretar a personagem Estelar, que é uma alienígena de cor laranja, na série dos Novos Titãs.

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É só entretenimento, mas também não é. Sabemos o poder que a arte tem de influenciar nossos sonhos através do simbólico. E, numa tentativa de mudar esse status quo da arte que coloca como um padrão de ser humano universal a figura do “homem-branco-hétero” a gente vê de novo gente perturbando e espalhando ódio. Nesses momentos, quando as pessoas pleiteiam mais representação (aparecer pra ser visto – ser visto pra ser lembrado – ser lembrado pra ser almejado), sempre aparece alguém pra dizer que o mundo está chato, é só arte (pra essas coisas que importam, sempre) e ela precisa ser livre. Mas só se agradar.

O mundo está chato. Sim, está. O mundo está chato por causa das pessoas que acham que diversão é mais importante que a vida dos outros. Curiosamente, diversão é o que menos importa no fim das contas.

Quer ser alguém importante na história do mundo, mas tem preguiça. Costuma ser do contra, gosta de coisas fofinhas, nasceu pras artes e foi trabalhar com coisas chatas pra não estragar os hobbies e nem passar fome.