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Resenha | O Sol é para Todos

Texto Jackson Rocha
O Sol é para Todos (To Kill a Mockingbird, no original) é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores livros que já li. Ganhadora do importante prêmio Pullitzer, além de aclamada com um dos romances mais importantes da literatura norte-americanas, a obra é um retrato da situação social do sul dos Estados Unidos nos anos 1930, período conhecido como Grande Depressão, pela visão de uma criança. Durante a leitura, somos apresentados a temas diversos, como preconceito e segregação racial, crescimento e perda da inocência, com uma abordagem que o torna atemporal – foi uma das coisas que mais me atraiu e, para ser sincero, mais mexeu comigo, durante a leitura.
A estrutura narrativa em primeira pessoa, do ponto de vista de Jean Louise Finch, ou apenas Scout, nos aproxima da personagem, fazendo com que nos sintamos conectados com suas reações, além de entendermos – ou pelo menos, tentarmos – o seu ponto de vista perante cada situação que lhe é apresentada. Apesar de ser uma criança, Scout vai amadurecendo no decorrer da obra, sem deixar de lado seu lado infantil, tornando-a uma personagem verossímil, pois, mesmo ela, tem sua carga de preconceito devido a influências negativas da sociedade – lembre-se da época em que o romance se passa.
Outro ponto importante, da narrativa em primeira pessoa, é que somos expostos a temas muito fortes, como racismo e estupro, por exemplo, sob o prisma da inocência de uma criança, para quem certas normas sociais ainda estão sendo aprendidas, tornando-se uma verdadeira confusão para a mesma entre o que é o certo na sociedade e o que deveria, na sua visão, ser certo.
No decorrer da obra, Scout é acompanhada principalmente por duas outras personagens. Jem, que é seu irmão, quatro anos mais velho, que passa por um processo de amadurecimento durante a obra; Dill que é sobrinho de uma das vizinhas da família, que sempre passa suas féria em Maycomb (cidade fictícia onde a estória se passa) e acompanha os dois durante suas aventuras. Mas outras personagens também tem importância crucial na obra, principalmente o pai, Atticus Finch, um advogado que tem papel fundamental nos eventos narrados na segunda parte, além de ser mostrado como um modelo de moral e integridade. Além destes, diversas outras pessoas da cidade nos são apresentadas, sempre na visão da narradora. Vale o destaque que algumas das impressões iniciais que nos são partilhadas pela mesma mudam à medida que a estória vai avançando.
O livro é dividido em duas partes. Durante a primeira, a cidade e a sociedade de Maycomb nos é apresentada à medida que Scout Finch vai revivendo suas memórias da época. O melhor dessa parte é que tudo nos é passado pela narradora, na sua visão própria. As brincadeiras acerca do recluso vizinho Arthur “Boo” Radley me foram as partes mais prazerosas, mostrando a imaginação das crianças. O relacionamento entre os três também é bastante explorado, além da relação deles com as demais personagens. No fim, um panorama da sociedade é formado, para que possamos entender a importância dos acontecimentos subsequentes.
A segunda parte da obra é centrada em um evento de suma importância naquela cidade. Atticus Finch é nomeado como advogado de defesa de Tom Robinson, um negro acusado de ter estuprado Mayela Ewell, uma branca. A partir daí, tudo muda na vida das personagens do livro. Fica marcante a forma como o preconceito racial estava intrinsecamente enraizado na sociedade americana da época, pois até mesmo as jovens crianças sofrem as repercussões do fato de o pai estar defendendo um negro num caso contra um branco, seja na escola através de outras crianças, ou através dos adultos. O julgamento é, talvez, a parte mais intensa do ponto de vista emocional de toda a obra, onde as crianças são apresentadas, podemos assim dizer, à crueldade da sociedade. As repercussões do julgamento ainda são seguidas de muita tensão, com um clímax final surpreendente.

O Sol é para Todos” é uma obra de leitura essencial. Tem uma narrativa bem construída e aborda temas que são, infelizmente, muito atuais, tudo na imaginativa visão de uma criança. Não à toa, ainda é nos dias de hoje um dos livros mais lidos em todo o mundo.

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