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Resenha: Réquiem, Cavaleiro Vampiro (Pat Mills & Olivier Ledroit)

Com Réquiem, Cavaleiro Vampiro, a Editora Mythos continua com suas publicações de luxo de material europeu, dessa vez, contando com um roteiro intrigante e arte arrebatadora, mas com alguns erros pontuais.

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Há quase dois meses atrás, no lançamento da edição brasileira de Réquiem, Cavaleiro Vampiro, o canal Pipoca & Nanquim publicou um vídeo na plataforma Youtube afirmando que a revista era a HQ mais Heavy Metal de todas. Para quem não sabe, o significado de Heavy Metal seria: tipo de rock de espírito agressivo, que explora batidas rítmicas violentas e efeitos sonoros fortemente amplificados por meios eletrônicos.

E, sim, se o leitor procura um quadrinho extremamente agressivo, com muita violência e que não deixa de fazer barulho a cada página achou o quadrinho certo.

A obra é uma produção de Pat Mills (famoso escritor inglês que colabora constantemente com a revista inglesa 2000 A.D., onde escreveu muitas história do Juiz Dredd) e Olivier Ledroit, quadrinista francês, para a editora europeia Glénat. Aqui, acompanhamos o soldado nazista (sim, o principal e “herói” da trama é um agente de Hitler, mostrando que a história não está para meios termos quando quer fazer barulho) Heinrich Augsburg, que veio a morrer na frente russa da Segunda Guerra Mundial. Agora, morto, ele está em sua jornada de treinamento para virar um vampiro no reino invertido de Ressurreição.

Sendo um dos principais elementos da trama, e gerador de muitos elementos de terror que os fãs do gênero já conhecem, como vampiros, lobisomens, zumbis e fantasmas, Ressurreição é uma interpretação de um limbo infernal onde tudo que morre converge para ele e o tempo funciona ao contrário lá. Por exemplo, se a pessoa foi cheia de ódio em vida, pode virar um vampiro, e chegará a Ressurreição já decrépito, rejuvenescendo com o passar do tempo até reencarnar, mostrando que nesse mundo tudo funciona ao contrário.

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Os vampiros funcionam como os agentes de ordem de Ressurreição, fazendo com que tudo corra conforme o ciclo natural do lugar, ocultando a tecnologia que possa aparecer ali e sendo a classe opressora dominante, agindo como a elite mandatária. É nesse cenário que Heinrich Augsburg, que é atormentado pelas lembranças da sua amada judia Rebeca que não pôde salvar da morte em campos de concentração, será treinado como um vampiro e se envolverá em guerras e intrigas, adotando o nome Réquiem.

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O roteiro de Mills é eficiente ao apresentar todos esses elementos e fazer mistério em relações a outros. Mas é inegável que Réquiem sofre muitas vezes do excesso de texto nos diálogos, trancando um pouco a leitura de uma trama que poderia ser mais ágil. Mas, o excesso de texto não é o único problema. Muitos elementos da trama aparecem de forma muito súbita e o leitor não tem tempo de se acostumar com aquela confusão toda no quadrinho. Por exemplo (acompanhe o raciocínio): Réquiem e a tropa vampira são chamados para aniquilar a tecnologia de uma cidade que surgiu em Ressurreição, tendo sido destruída no futuro por uma bomba atômica. A cidade é repleta de humanos modificados, os chamados mutantes. E, no meio do incidente, surgem capitãs piratas zumbis, que foram pessoas que agiam em nome da honra e praticavam atos nefastos em vida, para saquear tudo ali. 

Como disse, são muitos elementos que surgem abruptamente e sem preparar o leitor.

Mas o destaque desse volume da Mythos, com certeza, são os para os desenhos do francês Ledroit. Não se preocupe se parar a leitura para ficar olhando maravilhado para os desenhos extremamente detalhistas nos cenários e com figuras ágeis. A arte do quadrinho é linda e deslumbrante, dispensando quaisquer elogios, exceto que o leitor precisa ver para crer.

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Porém, se os desenhos são deslumbrantes, a narrativa do desenhista não é tão fluída assim. Nas muitas cenas de ação, em especial as que envolvem guerras, onde vários elementos e histórias estão ocorrendo, a passagem de quadros de Ledroit deixa muito a desejar, prejudicando a leitura. Nada grave, mas que afeta um pouco a obra.

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É inegável que a edição da Mythos é de encher os olhos. Sendo lançado pelo selo Gold Edition da editora, a edição conta com os 03 primeiros volumes europeus de Réquiem, com as capas originais, um bestiário de Ressurreição e esboços dos personagens. Infelizmente, a edição não conta com uma biografia dos autores e nem um editorial que explique que Réquiem é uma publicação europeia e que nesse primeiro volume da Mythos estão presentes os 03 primeiros álbuns originais. A edição ainda vem com um lindo poster, mas que pode confundir os leitores que querem ter o desenho em sua parede, afinal, o poster contém figuras diferentes na frente e atrás do papel, fazendo com que o comprador tenha que escolher qual arte quer emoldurada.

Contando com um bom roteiro e uma arte soberba, sim, Réquiem, Cavaleiro Vampiro é um Heavy Metal de primeira, com uma trama de muita violência e muito barulho. Infelizmente, tanto o quadrinho quanto a edição nacional contém alguns defeitos que fazem com que esse quadrinho tenha alguns acordes ainda para afinar.

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Ficha técnica:

  • Capa dura
  • 168 páginas
  • Editora: Mythos
  • Lançamento: junho de 2018
  • 31,6 x 24 x 1,8 cm
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.