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Resenha | Starlight – O Retorno de Duke McQueen(Mark Millar)

 
É inegável a veia marqueteira do escritor Mark Millar. Quando o autor despontou no começo dos anos 2000 no título Authority, já estava claro que Millar escrevia pensando exatamente no que o grande público queria: ação cinematográfica, diálogos ágeis e tramas que prestavam homenagem à cultura pop.
Usando essa fórmula, o escritor pôde se transformar no arquiteto do universo Marvel nos quadrinhos nos anos 2000, ao lado de Brian Michael Bendis, tendo publicado pela editora: OS SUPREMOS VOL. 01 E 02, WOLVERINE: INIMIGO DO ESTADO, VELHO LOGAN, HOMEM-ARANHA: CAÍDO ENTRE OS MORTOS, ULTIMATE X-MEN, GUERRA CIVIL e KICK-ASS.
Percebendo de antemão que os quadrinhos poderiam ser um trampolim para maiores retornos financeiros, como o cinema, o quadrinhista não se fez de rogado e passou a produzir mais e mais material autoral, em seu selo MILLARWORLD.
Daí, surgiram: NÊMESIS, O LEGADO DE JÚPITER, SUPERCROOKS, MPH, SUPREMO, KINGSMAN – SERVIÇO SECRETO, HUCK e STARLIGHT – O RETORNO DE DUKE MCQUEEN.

O Legado de Júpiter – Mark Millar/Frank Quitely

 
Sempre se associando aos maiores desenhistas da indústria, Mark Millar se destaca pela facilidade de vender suas ideias para adaptações no cinema e na TV, chegando ao ponto de vender seu selo, o MILLARWORLD, para a NETFLIX, maior empresa de streaming do mundo. Talvez, só Robert Kirkman, criador de THE WALKING DEAD, seja tão bem sucedido ao faturar em suas adaptações para outras mídias.
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Os quadrinhos hoje são hoje uma escada para produções maiores. Vide o sucesso de The Walking Dead.

Contando com a parceria do desenhista Goran Parlov, Mark Millar em 2014 escreveu STARLIGHT, sendo lançado em dezembro de 2017 pela editora Panini Comics no Brasil, com 168 páginas, capa dura, tamanho 17 x 26 cm, preço de capa de R$ 56,00.
E a fórmula de Millar trabalha a todo vapor nesse quadrinho.
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A história se desenrola quarenta anos após o aviador Duke McQueen ter visitado e salvo um planeta distante da Terra, sendo aclamado como o maior herói que já existiu naquele mundo. Porém, ao voltar para a Terra, onde formou família e se casou com o amor da sua vida, só encontrou desprezo e humilhação das pessoas que não acreditaram em suas proezas no espaço.
Tudo muda no dia em que uma nave chega solicitando ajuda, pedindo a Duke que repita seus feitos e salve novamente os habitantes do seu planeta adotivo.
Sim, a história tem elementos do clássico Flash Gordon, podendo até se passar por uma continuação. É essa a grande sacada de Millar, pegar uma ponta de nostalgia do público e transformar em uma boa história. Nas mãos de um autor menos competente, os clichês presentes em STARLIGHT seriam enfadonhos, mas Mark Millar consegue dosar bem as cenas de humor, drama, ação e violência, sendo esse o seu quadrinho menos violento.
A história é um amontoado de situações que o leitor já viu em diversas outras histórias, mas não comprometendo o divertimento que é ler esse quadrinho. As cenas de ação e design do mundo alienígena são extremamente competentes na mão de Parlov, já que o mesmo usa traços de expressão finos para demonstrar as expressões dos personagens e a transição entre os quadros é muito natural.
Diga-se de passagem, o traço adotado aqui pelo desenhista em diversas vezes lembra o do argentino Eduardo Risso, criador de 100 BALAS.
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Porém, esse quadrinho nada mais é do que um tubo de ensaio para a futura experiência que será sua adaptação, seja em forma de filme ou série. Tirando Duke McQueen e o Space Boy não há aprofundamento na personalidade dos outros personagens do quadrinho, sendo o vilão da trama apenas mais um Darth Vader genérico (literalmente, ele chega a usar telecinesia igual Vader usa a Força).
Contando com um desenhista de primeira, um roteiro pronto para ser adaptado para o cinema e boas homenagens, STARLIGHT  – O RETORNO DE DUKE MCQUEEN é mais um trabalho bom e só de Mark Millar, não contendo em suas páginas nada que se destaque para acrescentar ao universo de quadrinhos.
O fã de quadrinhos não pode se espantar se no futuro ver a imagem abaixo em um cartaz de cinema, pois esse quadrinho já está no ponto de ter uma boa adaptação.
 
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Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.