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Resenha: The Legend of Zelda – Ocarina of Time (Akira Himekawa)

ADAPTAÇÃO PARA O MANGÁ DO CLÁSSICO DA NINTENDO OCARINA OF TIME FALHA EM SER UMA HISTÓRIA COESA E PASSAR EMOÇÃO AOS NÃO APRESENTADOS À FRANQUIA DE THE LEGEND OF ZELDA

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É inegável a importância da franquia The Legend of Zelda para o público dos vídeo games e, em especial, aos jogadores que acompanham a trajetória da empresa Nintendo. Sendo criada em 1986 por Shigeru Miyamoto, a saga de Link em busca da princesa Zelda e da salvação do mundo de Hyrule é um sucesso de público e de crítica até hoje.
Há que se notar que muito desse fascínio pela saga surgiu em 1998 quando do lançamento do lançamento de The Legend of Zelda; Ocarina of Time para o Nintendo 64. Contando com gráficos 3D até então inéditos na franquia, o jogo se tornou um clássico instantâneo, sendo o jogo mais vendido de 1998, e, até os dias de hoje, apontado como um dos melhores jogos já feitos na história da indústria de games.
Acompanhando Link, o herói do tempo, os jogadores percorrem o mundo de Hyrule em busca de artefatos e dos sábios que podem parar o reinado de terror de Ganondorf, o vilão da saga que busca a Triforce, objeto mágico de grande poder que pode remodelar o mundo conforme o desejo de quem a possuir.
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A produtora Nintendo, dona da franquia, publicou já em 1999 no Japão a adaptação para o mangá de Ocarina of Time. Contando com o roteiro e desenhos de Akira Himekawa, não só Ocarina of Time foi adaptada para os mangás, já que diversos títulos da franquia foram produzidos com o tempo.
A editora Panini Comics anunciou em 2017 que publicaria as adaptações da saga de Link em formato de luxo, contando com 05 volumes que compreenderiam: Ocarina of Time Parts, Oracle of Seasons & Oracle of AgesMajora’s Mask/A Link to the PastThe Minish Cap/Phantom HourglassFour Swords.
Foi justamente Ocarina of Time o volume escolhido para ser lançado primeiramente em dezembro de 2017 no Brasil pela Panini.
 
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Infelizmente, a transposição do jogo para outra mídia, no caso, para as páginas do mangá, não gera uma boa adaptação. No caso, tem que se ter noção de que um jogo tem sua narrativa própria, onde o jogador assume o comando de um personagem e vai desbravando um universo já determinado. Cria-se uma narrativa onde jogador e personagem se mesclam em busca de alcançar um final satisfatório.
Quando se fala em transpor essa saga para uma mídia diferente, no caso, um mangá, trata-se de uma nova forma de abordagem, elucidando a história que quer ser contada, seus elementos, a apresentação de seus personagens e seus dramas, além da forma como se está contando a narrativa.
No caso de Ocarina of Time muitos pontos depõe contra a qualidade dessa adaptação. Não, não se critica que a narrativa possui fidelidade altíssima do mangá para com o jogo, esse que talvez seja o ponto forte da publicação. Se critica a forma como essa narrativa é mostrada ao leitor.
No mangá, temos a história de Link, um garoto que foi deixado na floresta Kokiri e que se tornará o herói do tempo, responsável por salvar o mundo de Hyrule de um grande mal, enquanto procura a princesa Zelda. O mangá aborda desde a vida de Link na floresta Kokiri, onde é sempre lembrando que é o único que não tem uma fada que o acompanhe, passando pelo seu convívio com a Grande Árvore Deku, o encontro de Link com um grande mal que ameaça o mundo de Hyrule e a sua busca por repostas em um mundo em que as forças das trevas estão à beira de causar grandes catástrofes.
O mangá é dividido em arcos, sendo eles o Arco da Infância e o Arco da Idade Adulta. Cada arco ainda tem uma história extra presente neste volume da Panini.
Todos os elementos do jogo estão presentes. E, mesmo sendo o ponto forte da obra, são essas características que não deixam o mangá fluir bem. A história encontra soluções rápidas e imediatistas para as cenas de ação e tensão do mangá. É dessa forma que, por exemplo, Link derrotará Gohma, um monstro enorme, com apenas uma pedra atirada de um estilingue no olho da criatura. Poderia funcionar em um vídeo game, mas torna a narrativa fraca e sem emoções.
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E a fórmula se repete à exaustão na história. Link encontra uma arma e derrota o monstro da vez de forma quase imediata. Seja no domínio aquático dos Zora, seja na Death Montain dos Goron. É a narrativa de um vídeo game sendo usada em uma história em quadrinho sem qualquer filtro, o que compromete a narrativa.
Mesmo quando Ocarina of Time tenta criar certa drama, não consegue. O maior exemplo é a história de Link já adulto contra o dragão que está na Death Montain. Para mostrar que Link conhecia o dragão e hesitaria em machucar a criatura, conta-se uma história rápida do passado dos dois. Porém, a história é narrada em poucas páginas e não cria de forma alguma a empatia necessária para justificar tamanha hesitação no herói.
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Outro ponto fraco na narrativa estritamente ligada ao jogo é a falta de presença do vilão Ganondorf. Apesar da sua figura intimidadora, o vilão passa a maior parte do tempo distante da narrativa, sem que ele seja desenvolvido como um bom vilão tem que ser, bastando apenas que o leitor saiba que ele almeja a Triforce e pronto.
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Talvez o único ponto forte da narrativa sem questionamento seja a relação Link/Sheik/Zelda. Mostrando uma virada de roteiro interessante (para quem não jogou o jogo lá em 1998), o desenvolvimento da trama dos personagens funciona tanto no primeiro encontro de Link com Zelda, quando nas situações onde Sheik ajuda Link já na idade adulta.
E por falar em narrativa, chegamos a outro ponto controverso do mangá: seus desenhos e como influenciam a história contada. O traço de Akira Himekawa, que na verdade é um pseudônimo de duas criadoras que trabalham juntas, apesar de ser limpo nos cenários, é uma verdadeira confusão na transição de quadros. O desenho simplista adotado não faz jus à grandiosidade do que está sendo contado. O maior exemplo disso são as páginas do mundo aquático dos Zora. Quando Link é engolido pelo Rei Zora para que salve a princesa Ruto, o leitor não sabe se está em um ambiente aquático, desértico ou de fogo. É uma constante na obra. A ambientação é muito fraca, sendo um demérito para a história.
Porém, se o conteúdo de Ocarina of Time deixa a desejar, seu acabamento é lindo. Tendo sido publicado em papel offset, páginas coloridas, com orelhas e com um marca páginas, o trabalho editorial da Panini é um deleite para os olhos, merecendo a alcunha de Perfect Edition.
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Contando com um conteúdo fraco e um acabamento editorial de luxo, The Legend of Zelda Ocarina of Time não é uma boa adaptação do clássico jogo da Nintendo, pois não possui um roteiro inspirado que o distancie da narrativa de vídeo game, já que é um mangá e não um jogo. Seus desenhos simples e sua narrativa simplista mostram apenas altíssima fidelidade para com a obra original, não trazendo nada de novo para quem conhece a obra há 20 anos e nem para o leitor novato que quer ler um bom mangá.
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Nota:
Roteiro: 05/10
Arte: 05/10
Narrativa: 04/10
Acabamento da edição nacional: 10/10
Nota final: 06/10
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Ficha Técnica:

Número de páginas: 384
Formato: (15,5 x 21 cm)
Colorido/Preto e branco/Lombada quadrada

Preço de capa: R$ 29,90
Lançamento: Dezembro de 2017.
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Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.