Não deixe de conferir nosso Podcast!

Sexta Macabra | Quem Foi H.P. Lovecraft, O Mestre do Horror

          Hoje, dia 15 de março, faz 82 anos que um dos autores mais icônicos do horror e pai do horror cósmico, H.P. Lovecraft, faleceu. Criador de um Universo narrativo tão instigante que é até difícil saber por onde começar. De qualquer modo, aproveitando a efeméride, neste texto falarei um pouco de sua vida, para apresentá-lo aos que não o conhecem. 

          Ainda assim, acredito que mesmo quem nunca leu uma obra dele já deve ter ouvido seu nome por aí e, mais ainda, alguma referência às suas criações!

          Tentáculos, terrores inimagináveis, monstros indescritíveis e ameaças cósmicas são apenas alguns dos elementos característicos das obras de Lovecraft. Tanto brilhantismo que dá até medo de lembrar que por muito pouco seu legado não caiu no esquecimento. Felizmente, isso não aconteceu e, hoje, suas obras influenciam várias pessoas em diferentes segmentos da arte.

          Howard Phillips Lovecraft nasceu em 20 de agosto de 1890, em Providence, Rhode Island. Ele foi uma criança bem precoce e aos três anos já sabia ler. Nessa época da sua infância, seu pai, Winfield Scott Lovecraft, sofreu um colapso nervoso e foi internado num hospital, onde permaneceu até sua morte, em 1898. Com isso, a responsabilidade de sua criação recaiu sobre sua mãe, duas tias e, em especial, sobre seu avô, que detinha algumas posses. 

          Na infância, foi aficionado por diversas culturas e ciências. Uma delas foi a cultura árabe e, nessa época, criou o pseudônimo de Abdul Alhazred, nome que posteriormente atribui ao autor do diabólico Necronomicon. Mais tarde, mudou seu foco para a mitologia grega, depois para ficção fantástica, até descobrir a química e, finalmente, a astronomia.
          Por ter alguns problemas de saúde, Lovecraft não frequentou regularmente a escola na infância e isso contribuiu para que não conseguisse fazer muitos amigos. Os livros da biblioteca do avô foram sua principal companhia  e isso tornou ainda mais dolorosa a morte do patriarca, quando a família foi obrigada a se desfazer de parte de seu patrimônio, incluindo a casa em que moravam, com sua imensa biblioteca.

 

LEIA TAMBÉM:  Resenha | O Amante Detalhista, De Alberto Manguel (Editora Companhia das Letras)

        Outro fato que marcou sua vida foi quando Lovecraft começou a ler os primeiros magazines pulp e, contagiado pelo universo da literatura amadora, começou a escrever suas ficções, criando os contos A Tumba e Dagon, no verão de 1917.

          Entre seus autores favoritos estavam dois camaradas bem famosos: Poe, Chambers. Ambos tiveram grande influência nos primeiros contos de Lovecraft.

          Além do começo como escritor, as revistas pulp também proporcionaram o envolvimento de Lovecraft numa rede de correspondência assídua com amigos e associados, hábito que o tornou um célebre missivista. 

          Existem muitos boatos acerca da sexualidade de Lovecraft, mas o fato é que ele chegou a se casar em 1924 e a mudar-se para Nova York, onde a esposa Sonia Haft residia. No entanto, Lovecraft não gostava da vida na metrópole e se sentia extremamente desconfortável com as “massas de forasteiros” que chegavam diariamente na cidade. Este é, inclusive, outro ponto polêmico que ronda o autor, acusado de ser extremamente racista e xenofóbico. O preconceito com imigrantes e o sentimento misantrópico podem ser facilmente notados na ambientação de vários contos, especialmente em Horror em Red Hook e Ele, que foram escritos nessa época.

          Esse desgosto pela vida em Nova York, somado às dificuldades financeiras que o casal passou culminaram no divórcio deles e, em 1926, o autor voltou para Providence. É nessa época que escreve alguns de seus contos mais icônicos, estabelecendo sua própria mitologia. Como maiores exemplos cito O chamado de Cthulhu (1926), Nas montanhas da loucura (1931) e A sombra vinda do tempo (1934-1935).

LEIA TAMBÉM:  Frankenstein aos 200 anos — por que Mary Shelley não recebeu o respeito que ela merece?

          Lovecraft faleceu em decorrência de um câncer no intestino, em 15 de março 1937 e foi sepultado em 18 de março, no jazigo da família Phillips, no Swan Point Cemetery. 

          Como não teve nenhum livro publicado em vida (exceto A Sombra de Innsmouth) e suas obras estavam espalhadas em inúmeras revistas pulp amadoras, o destino mais provável para seu legado era o esquecimento. Mas é como dizem, “quem tem bons amigos tem tudo” e, nesse caso, a amizade dos correspondentes foi a responsável pela imortalidade de sua obra. Isso porque August Derleth e Donald Wandrei tiveram a ideia de lançar um livro com intuito de preservar e honrar o legado do amigo e, para tanto, criaram o selo editorial Arkham House, destinado inicialmente à publicação de Lovecraft. Primeiramente editaram The Outsider And The Others (O forasteiro e Outras Histórias) em 1939, seguido por diversos outros volumes. Essas publicações foram as responsáveis por preservar o trabalho de Lovecraft e, assim, permitir que suas obras fossem conhecidas e traduzidas para outras línguas, difundindo seu legado.

          Hoje, Lovecraft é um nome consagrado, sendo responsável pela criação do gênero horror cósmico e vemos a influência de suas obras amplamente em livros, filmes, games, séries e músicas. Em sua cidade natal há uma convenção anual para reunir os fãs de suas obras, a NecronomiCon Providence.

          Se você quiser ler mais sobre a vida e obra de H.P. Lovecraft, o Site Lovecraft tem bastante coisa e a Editora Hedra tem uma biografia do autor lançada em seu catálogo.
Capa da biografia do autor lançada pela editora Hedra.
Até mais e…

“Iä! Iä! Cthulhu Fhtagn!”

Headbanger, prolixa e apaixonada por literatura, com preferência pelos temas mais macabros da ficção.