Todo o cast do Batman sempre pode ser considerado uma família. Alfred praticamente o criou só. E ele teve a oportunidade de ser um pai quando adotou uma alma gêmea, um jovem acrobata chamado Dick Grayson, que perdeu os pais durante uma perfomance sabotada em um circo. Nascia dali o Robin, o primeiro sidekick; embora sua identidade civil o mostre como um protegido (ward, no original), apenas em tempos recentes vimos esta relação sendo tratada desta forma.
Porém, embora tenha se envolvido em muitos romances, Batman nunca teve um filho biológico…até a possibilidade surgir em 1987, com a graphic novel O Filho do Demônio(à venda na Amazon, editora Panini), escrita por Mike W. Barr e desenhada por Jerry Bingham. Nesta, a filha de Ra’s Al Ghul(Thalia) engravida; porém, ela perde o bebê. No final da mesma, um bebê é dado à adoção, deixando claro que este sobreviveu… porém, a DC acaba tomando a decisão de considerar a história um elseworld(termo utilizado para classificar histórias que não são parte da cronologia oficial).
Foram necessários quase vinte anos para que o filho do morcego ressurgisse. Grant Morrison colocou novamente O Filho do Demônio como parte da cronologia, com apenas uma mudança: a de que Batman havia sido drogado por Thalia para que concebesse um filho com ela. E hoje, Damian Wayne é o Robin atual, um verdadeiro menino prodígio que diferente dos anteriores, realmente carrega os genes do herói.
Mas será mesmo? Não no que depender do autor Christopher Priest, autor do gibi do vilão Exterminador(Deathstroke, no original). Na solicitação da edição trinta do título, Batman descobre um estranho pacote com um teste de DNA, que revela que ele não é o pai de Damian, e sim Slade Wilson, o Exterminador!
Claro que o morcego desconfia e vai atrás do assassino… mas quem mandou o pacote e por que? Esta é a chamada para o arco em seis partes Deathstroke vs Batman, que promete levar o confronto entre ambos os personagens a níveis jamais explorados. Estranhamente, os caminhos de ambos nunca se cruzaram com muita frequência; talvez pelo fato de Slade ser um mercenário e nunca levar eventuais revezes pro lado pessoal ou por evitar contratos que envolvam heróis(a não ser que pague muito bem). O confronto mais célebre entre ambos aconteceu em em um título anterior do vilão, Deathstroke The Terminator, escrito por Marv Wolfman e desenhado por Steve Erwin. E, dado o resultado deste, Batman tem um grande desafio pela frente.
Embora ainda haja muitas questões, uma podemos destacar. De que forma Slade acabaria se tornando pai de Damian? O personagem nunca foi mostrando tendo grandes contatos com Batman ou com Ra’s Al Ghul e sua filha; a exceção foi uma edição de Batman and Robin (9) onde Slade foi contratado para lidar com a dupla dinâmica. No entanto, Damian já estava na ativa nesta edição. Embora nada conste na cronologia, nada impede que Slade já tenha trabalhado com a Liga dos Assassinos antes. Durante um desses contatos, algum material genético dele pode ter sido colhido e usado para gerar Damian ao invés do morcego. E isso faz sentido: embora Batman seja um espécime excepcional, ele ainda é humano e Slade é super humano.
Outra pergunta que não quer calar: o Batman nunca pensou em ele mesmo ter feito um teste de DNA para confirmar se ele é mesmo o pai? Ainda é preciso confirmar como esta trama vai ser desenvolvida. Justifica de repente criar uma rivalidade entre os dois personagens? Lembremos que há um futuro filme que prevê o Exterminador como vilão, então este arco é um ponto de partida para trazer o personagem para o rol de vilões do morcego. Veremos se não será apenas mais um crossover caça-níqueis ou se realmente vai acrescentar algo à ambos os personagens.
