O tempo voa e parece que foi ontem que decidi conhecer este filme, que está no seleto hall de obras que resistiram à passagem do tempo. Foi minha primeira exposição ao diretor Hayao Miyazaki, um homem que não se satisfazia apenas em fazer boas animações: elas tinham de maravilhar, fazer rir e chorar. Meu Amigo Totoro(ou Meu Vizinho Totoro) fala sobre duas irmãs pequenas, Satsuki e Mei, que se mudam para o interior por causa da doença de sua mãe. Lá ambas acabam entrando em contato com estranhas e simpáticas criaturas. O filme conta a experiência dessas crianças em contato com o fantástico, de uma forma bem alegre e de encher os olhos.
A pequena Mei, perturbando o sono do Totoro
Não era sua primeira animação e nem foi a sua mais bem sucedida obra, mas foi aclamado pela crítica nacional e internacional. Roger Ebert, crítico do Chicago Tribune, teve muito a dizer sobre a obra:
… nunca teria alcançado uma audiência mundial apenas pelo seu calor. É também rico em comédia humana na forma em que observa as duas garotinhas, tão reais e notavelmente convincentes… É um pouco triste, um pouco assustador, um pouco surpreendente e pouco informativo, assim como a própria vida. Ele depende da situação ao invés de uma história, e sugere que a maravilha da vida e os recursos da imaginação suprem toda a aventura que você precisa.
Chama a atenção o que o crítico falou sobre “situação”: Totoro foca mais na experiência das garotas do que realmente na trama e isso é o que torna a obra especial. Embora haja a trama da doença da mãe, em nenhum momento isso tira o foco das crianças: este argumento é o motivo deles estarem lá e apenas em um momento isso tem maior relevância para o filme.
Outro ponto interessante no filme é que não há realmente um conflito ou ameaça: como Ebert mencionou, ele é sobre experiência, sobre duas garotinhas conhecendo seu novo lar e conhecendo vizinhos especiais e inusitados. Embora o conflito já apareça em novas obras, outra coisa se mantém consistente em sua obra: a ausência de vilões. Princesa Mononoke, a princípio, parece ser uma exceção mas o foco do conflito é no quão equivocados todos estão. Em toda a obra de Miyazaki, o conflito vai mais pra situação do que realmente um inimigo físico.
Célebre cena da parada de ônibus(catbus, no caso)
Pra celebrar este importante aniversário, é altamente recomendado ver(ou rever) esta maravilhosa obra. É um conto de fadas original, atemporal para fazer rir e chorar com igual intensidade. Se ainda não viu, não perca tempo: assista agora, seja só, com amigos ou a família; afinal de contas, o único pré-requisito para curtir esta obra é estar vivo!
Veja o trailer, se não confia em mim
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