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Arnaldo Albuquerque, pioneiro dos quadrinhos no PI, é homenageado

Quem me deu meu exemplar de Humor Sangrento (primeira revista em quadrinhos do Piauí,  de Arnaldo Albuquerque, publicada em 1977) foi um amigo que é uma figura icônica da cultura no Piauí: José Elias, foi secretário de cultura e um dos criadores do Salão Internacional de Humor, que durou 30 edições.

Capa da minha surrada Humor Sangrento, primeira revista em quadrinho do Piauí, de 1977.

Ganhei aquele gibi em meados dos anos 90 e o guardei até decidir estudá-lo em meu trabalho de conclusão de curso de historia, entre 2003 e 2005. Antes disso, Antonio Amaral (outro nome importante para a arte no Piauí. Conheça mais sobre o Amaral em nossa visita à casa dele) me apresentou Arnaldo Albuquerque, por ocasião de uma Feira HQ, evento que eu participava da realização.

Depois, numa dessas coincidências do destino, fui trabalhar com o Arnaldo Albuquerque, na Fundação Cultural do Piauí, entre 2005 e 2007, onde aprofundamos nossa amizade e, por ocasião do aniversário de 30 anos da Humor Sangrento, tive oportunidade de lançar uma edição comemorativa de seu quadrinho (ainda disponível à venda na Quinta Capa por apenas R$5,00).

Arnaldo segurando exemplar de Humor Sangrento, de 2007, comemorando 30 anos da revista.

Como quadrinista e como historiador, tomei por missão falar de Arnaldo Albuquerque, principalmente por conta dos seus pioneirismo nas várias áreas onde atuou (para mais informações sobre isso, acesse aqui ou aqui), mas também porque criei certo carinho pela figura.

Se estivesse vivo, hoje completaria 66 anos e tenho dois trabalhos de quadrinhos em produção que o homenageia. O primeiro é ainda meio que um segredo, porque não foi inteiramente mostrado. Trata-se de uma quadrinização de um filme que ele fez toda a fotografia em super 8 (mídia de filmagem em película muito utilizada domesticamente nos anos 70, antes da existência dos VHS) do filme “Adão e Eva do Paraíso ao Consumo”, com Torquato Neto, Claudete Dias, Edmar Oliveira, Carlos Galvão e mais uma “trupe da pesada”.

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Página 13 (de 18) de Adão e Eva, saídos do paraíso e chegando ao consumo, onde emulo um pouco um dos estilos do autor.

 

O quadrinho de “Adão e Eva” é parte de um projeto maior envolvendo outros dois historiadores amigos, chamados Aristides Oliveira e Jaislan Monteiro e prometemos um livro interessante sobre este que foi filmado em 1972, mas que desde o ano seguinte, ninguém sabe do paradeiro, infelizmente.

O segundo trabalho que estou produzindo em homenagem à Arnaldo, acabou começando como um convite do amigo Guga Carvalho, outro admirador do artista, que lançou em 2015, juntamente com Antonio Noronha e Danilo Carvalho, o livro “O Filme Perdido”, falando, também, sobre “Adão e Eva…”. Eu já havia trabalhado antes com Guga em uma exposição:

Exposição Udi Grudi Sangrento, na Casa da Cultura de Teresina, da qual participei da organização, em 2015.

O convite partiu de Guga para que eu ilustrasse em quadrinhos cenas do Arnaldo produzindo as primeiras animações do Piauí. Gostei muito da ideia e peguei o texto para o quadrinho diretamente de Arnaldo Albuquerque, no documentário “Sem Palavras”, um filme de Meire Fernandes, Aristides Oliveira e comigo também:

Deste documentário, retirei a fala do Arnaldo, adaptei e estou fazendo uma pequena HQ de apenas 4 páginas (5, se você considerar a última, que é apenas um texto escrito à mão) e devo divulgar tudo em breve.

Página 1 de quadrinho de Bernardo Aurélio, homenageando Arnaldo Albuquerque.

É isso! Espero que tenham gostado. Se ainda quiserem mais sobre o Arnaldo Albuquerque, segue o programa do  canal Papo Quadrinhos e Participações que fizemos com Bruno Baker, seu sobrinho e que hoje administra o que sobrou do acervo do “cara”.

Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos