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Companhia das Letras relança clássicos de James Baldwin

O escritor e ativista americano James Baldwin retorna às livrarias brasileiras com força após ganhar destaque com o documentário indicado ao Oscar Eu Não sou Seu Negro, lançado em 2017.

A editora Companhia das Letras adquiriu os direitos de quatro obras suas, tendo já lançado duas nos últimos meses: O Quarto de Giovanni e Terra Estranha.

Alvo de certa redescoberta pela franqueza como aborda questões de racismo de sexualidade em seus livros, Baldwin faleceu em 1987 de câncer estomacal. Helder Ferreira aponta que a “presença de Baldwin é ainda incipiente nas universidades brasileiras: uma busca na plataforma Lattes, do CNPq, resulta em poucas referências, nenhuma delas correspondente a autores de dissertações de mestrado ou teses de doutorado a respeito do autor” (análise interessante que a revista CULT faz o papel do autor no contexto cultural americano de sua época).

Já o sociólogo Márcio Macedo ressalta que “Baldwin evita maniqueísmos e faz uma espécie de realismo onde se coloca, com uma escrita confessional reflexiva, contando sua experiência como homem negro, gay, cosmopolita e expatriado, oriundo de uma família pobre e religiosa do Harlem, meca da cultura negra norte-americana” (a leitura da reportagem do Nexo vale à pena, por discutir relevância e atualidade do autor e seu histórico de publicação e receptividade no Brasil).

Autor de qualidade reconhecida e com um legado mais atual do que nunca pelos temáticas que trabalhava como racismo, homofobia, encarceramento em massa, violência policial e institucional, James Baldwin figura não apenas como uma escritor indicado, mas necessário para reflexão dos tempos de hoje.

O Quarto de Giovanni (232 páginas, preço sugerido R$ 49,90): Lançado em 1956, o segundo romance de James Baldwin é uma obra-prima da literatura americana. Com pinceladas autobiográficas, o livro trata de uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que por sua vez está na Espanha. Enquanto ela pondera se deve ou não se casar com David, ele conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona. Se em O sol também se levanta Ernest Hemingway retrata um grupo de americanos em uma Paris boêmia e fervilhante, O quarto de Giovanni explora, na mesma cidade, as agruras de personagens que enfrentam o vazio existencial ao perceber a fragilidade dos laços e as frustrações de seus desejos. Com tradução de Paulo Henriques Britto, o livro inclui apresentação de Colm Tóibín e posfácio de Hélio Menezes.

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Dedicado ao pintor Lucien Happersberger, primeiro namorado do escritor – que o deixou para se casar com uma mulher –, o livro foi publicado pela primeira vez no Brasil em 1967, pela editora Civilização Brasileira, com tradução de Affonso Blacheyre e texto de orelha em que o jornalista e crítico Paulo Francis ressalta a independência do autor em face dos problemas raciais (já que no romance não há personagens negros) e seu pioneirismo ao normalizar a homossexualidade: “O caso de amor que ele relata contém todas as alegrias, angústias e crises de esfriamento peculiares às ligações heterossexuais”.

 

Terra Estranha (568 páginas, preço sugerido R$ 69,90): Tendo como pano de fundo a agitada cena musical de Nova York dos anos 1950, Terra estranha é um retrato franco sobre bissexualidade e relações inter-raciais, publicado em uma época em que esses assuntos eram tabu. Este romance de fôlego, publicado em 1962, tem como pano de fundo os clubes de jazz de Greenwich Village, em Nova York, na década de 1950. Rufus, um baterista negro em decadência, se envolve com Leona, uma mulher branca nascida no sul dos Estados Unidos. Dessa relação complexa em sua origem, desdobram-se temas caros a James Baldwin, como raça, nacionalismo, identidade, depressão e bissexualidade. Em Terra estranha , o celebrado autor de O quarto de Giovanni constrói uma obra comovente, violenta e apaixonada, cujos personagens tentam reverter a todo custo as barreiras da segregação racial e das convenções burguesas em busca da felicidade e de si mesmos.

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O americano James Baldwin era a simpatia em pessoa.

 

Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br