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Crítica | Aniquilação, merecia ser visto nos cinemas

Aniquilação

Aniquilação é o título do primeiro volume da trilogia Comando Sul, escrita por Jeff VanderMeer e lançado em 2014. Desde sua publicação conquistou o cineasta Alex Garland, que viu no material a oportunidade de desenvolver seu novo projeto.
Ex Machina, a excelente ficção científica sobre inteligência artificial, foi o filme que lançou Garland para o estrelado, exatamente em 2014. Mas engana-se quem pensa que o diretor inglês era um estreante. Autor do livro A Praia, que viria a se tornar filme com Leonardo DiCaprio, Garland foi roteirista de projetos muito interessantes com destaque para Extermínio (que até hoje figura como um dos melhores filmes de zumbi já realizados),Sunshine – Alerta Solar (que assim como o anterior foi dirigido por Danny Boyle e descreve uma equipe que perde a sanidade após meses e meses de uma viagem espacial), e também Dredd – O Juíz do Apocalipse (baseado no cult personagem dos quadrinhos com Karl Urban como protagonista). Garland também se aventurou nos games e escreveu uma das histórias mais interessantes da geração passada com Enslaved, protagonizado por Andy Serkis e que foi lançado para Playstation 3.
Seu roteiro para o filme Aniquilação tem muitos toques pessoais, já que o próprio disse não ter relido o livro para começar a escrever, mas usando suas lembranças e sentimentos que o material original deixou impresso em sua memória. O resultado é um projeto bastante autoral, com grandes inspirações em H.P. Lovecraft – autor americano nascido no anos 30 e que até hoje é referência em terror ficcional e fantasia.

(Reprodução)

Natalie Portman é Lena, uma bióloga em luto após o desaparecimento de seu marido Kane, militar vivido por Oscar Isaac, durante uma campanha do batalhão a qual faz parte. Sem muita motivação, Lena parece se arrastar pelos dias indo de casa ao trabalho e de volta ao lar, que sempre a relembra de sua terrível perda. Até que um dia, para sua surpresa e felicidade extrema, eis que Kane reaparece, e com ele comportamentos estranhos, como lapsos de memória e longos episódios de silêncio – seus olhos não parecem reagir. Horas depois, Kane passa mal e durante o trajeto para um hospital, o casal é interceptado por uma equipe tática e levado para uma misteriosa base militar afastada do centro urbano.
Neste momento descobrimos a chamada Área-X, uma espécie de cúpula translúcida e furta-cor, muito similar ao que vemos numa bolha de sabão, que se formou a partir de um farol de sinalização da praia e cujo diâmetro tem aumentado periodicamente, ampliando sua área de cobertura. Drones, animais e expedições foram enviadas para dentro da Área-X, mas Kane foi o único a retornar e em condições precárias. Ansiosa por encontrar uma cura para seu marido, Lena aceita participar da missão com outras quatro mulheres com especialidades distintas, cujo objetivo é chegar ao epicentro do lugar em busca de respostas.
(Reprodução)

Alex Garland conhece suficientemente bem o universo das ficções científicas e compreende que por trás de uma história instigante há sempre uma metáfora para a vida real, e em Aniquilação encontramos muitos momentos para reflexões, que dão ao expectador material para horas de discussões sobre teorias, conceitos e especialmente a personalidade e o passado de cada uma daquelas mulheres. A seu modo, todas possuem traumas e arrependimentos que talvez nunca serão superados e a decisão por participarem voluntariamente de uma expedição aparentemente suicida pode representar seus próprios desejos de auto-aniquilação.
Visualmente o filme é incrível e a fotografia de Rob Hardy, que trabalhou com Garland em Ex Machina, evoca o senso extra terreno que a história exige. A direção de arte e os designs do ambiente e das criaturas dentro da Área-X funcionam de forma orgânica e nos levam a querer conhecer mais daquele espaço. Os elementos dentro da cúpula estão sendo remodelados a níveis celulares, gerando impressionantes formas de vida. O objetivo parece não ser a destruição, mas sim a evolução.
A trilha sonora composta pela dupla Goeff Barrow e Ben Salisbury é outro ponto de destaque da produção que se baseia em sons incômodos que geram estranheza aos ouvidos, perfeito para o tom de Aniquilação.
Sem nunca dar todas as respostas, mas apresentando elementos suficientes para que o expectador tenha suas próprias conclusões, o roteiro de Garland talvez peque um pouco no ritmo, especialmente por abordar momentos distintos da cronologia dos fatos, o que pode incomodar algumas pessoas, embora desenvolva momentos de suspense e terror bastante satisfatórios (a sequência do urso na segunda metade do filme é aterrorizante).
Contando com grandes atuações de seu elenco principal, Aniquilação é um filme que merecia ser visto nos cinemas. Uma pena que a Netflix tenha decidido lança-lo mundialmente diretamente em streaming após duas semanas mornas nas bilheterias dos cinemas americanos. Alex Garland prova aqui que é um dos grandes nomes do sci-fi e merece ser acompanhado de perto.
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Aniquilação
(Annihilation, EUA, 2018)
Direção: Alex Garland
Roteiro: Alex Garland (roteiro), Jeff VanderMeer (romance)
Elenco: Natalie Portman, Tessa Thompson, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tuva Novotny, Oscar Isaac, Benedict Wong
Gênero: Aventura, Drama, Fantasia
Duração: 1h55min
Lançamento: 12 de Março de 2018 (Brasil)

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