Imagine o fim da história de um personagem famoso pelas mãos de seu maior criador. Agora, pense que esse fim é apenas um degrau para um novo recomeço e novas histórias envolventes, levando o personagem onde até então ele não esteve. Essa seria a definição do Thor presente na obra Ragnarok, de Walter Simonson.
O escritor e desenhista americano ficou famoso ao escrever uma das fases mais aclamadas do Deus do Trovão da editora Marvel nos anos 1980. Nessa fase seminal, recentemente republicada no Brasil, Simonson trouxe realmente a mitologia nórdica para as histórias de Thor, afastando as tradicionais lutas contra vilões da editora.
Porém, conforme é contado ao leitor no prefácio da edição RAGNAROK: O ÚLTIMO DEUS, lançada pela editora Mythos, a oportunidade de trabalhar com Thor surgiu novamente, mas por outra editora. Afinal, por ser um deus, o personagem é de domínio público. Foi dessa forma que Simonson pôde escrever o que seria a última história e um recomeço para o deus asgardiano pela editora americana IDW, lançado aqui pela editora Mythos em dois encadernados (RAGNAROK: O ÚLTIMO DEUS e RAGNAROK: O SENHOR DOS MORTOS).
A história já começa arrebatadora, em muito pelos desenhos impactantes de Simonson. Acompanhamos o fim dos deuses nórdicos, o fatídico Ragnarok, e a morte aparente de Thor ao enfrentar a serpente do mundo, Jörmungandr.
Após o conflito do fim dos tempos, nos é apresentado um casal de elfos negros e sua filha. Os dois recebem uma oferta do Senhor dos Mortos, que reina nas Terras do Crepúsculo (os mundos que restaram após os deuses asgardianos caírem). A oferta é simples: mate um indivíduo e a sua filha estará protegida.
Após aceitar a oferta, a mulher do casal assume a tarefa de achar onde está seu alvo. É então que somos apresentado a um Thor morto e trancado em uma câmara selada por Mjolnir, o martelo do Deus do Trovão.
Ao acordar, o filho de Odin verá seu destino ligado à família de elfos negros que quer matá-lo e buscará respostas sobre o que ocorreu após o Ragnarok.
É inegável que o roteiro de Simonson é excelente porque o autor está em terreno familiar e pela grande paixão pelos mitos nórdicos. Porém, não é só o roteiro que arranca elogios, os desenhos estilizados e os painéis ágeis fazem a leitura dessa saga ser uma excelente pedida para os fãs que querem um conto sobre algo ligado à mitologia nórdica, em especial, se o leitor jogou recentemente o novo God of War, onde o protagonista grego Kratos se encontra no meio dos conflitos dos nove reinos.
O único ponto negativo da obra é que a Mythos já publicou todas as 12 edições do título americano nesses 02 volumes. E, sim, o final do segundo volume mostra que a história tem que ter uma continuação. Porém, Simonson não dá sinais claros de quando continuará a sua nova saga com o Deus do Trovão. Isso pode chatear o leitor que vinha lendo os dois encadernados em uma crescente de empolgação e não encontra um final digno.
Contando com os dois volumes já publicados pela Mythos, os fãs estão diante de uma excelente história de ação, envolvendo o conflito dos deuses asgardianos e o retorno de Thor. Sendo tudo isso escrito por um criador apaixonado pelo tema e que já mostrou no passado que é capaz de conduzir as histórias do filho de Odin a um novo patamar. A torcida é para que Simonson termine a sua nova saga o quanto antes.
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