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Futuro incrível para Batman começa com ele morto!

Batman e Mulher-Gato , de Tom King e Clay Mann, é um deleite visual e um futuro alternativo brilhante para o personagem, que entende que a vida continua em Gotham, mesmo com a morte de Bruce Wayne!

Batman e Mulher-Gato , de Tom King e Clay Mann, é um deleite visual e um futuro alternativo brilhante para o personagem, que entende que a vida continua em Gotham, mesmo com a morte de Bruce Wayne!

Fazia muito tempo que eu não lia uma HQ do Batman até que tive de sair apressado de casa e, sabendo que iria ter de tomar um chá de cadeira, peguei essa edição número 1 do Batman e Mulher-Gato que tava em cima do balcão, pra passar um tempo. Posso adiantar que a leitura foi uma ótima surpresa.

A princípio, eu não me toquei que era do Tom King. Eu sei quem é o autor, mas acho que não tinha lido ainda nada dele. Sei que tem quem ama e quem o odeie e que ele escreveu mais de 100 edições do Morcego. Fora isso, o que me atraiu de imediato foram os desenhos de Clay Mann. Ele tem algo que indica inspiração no estilo tradicional de supers ali de uma escola Jim Lee, se é que podemos chamar assim, mas também se permite algumas liberdades, algumas personalidades no traço que o estilo convencional dos anos 90 não permitiam. Clay Mann, por exemplo, diferente do que ditava a regra daquela época no mundo dos super-heróis, sabe desenhar idosos e figuras com rostos diferentes, e isso é fundamental.

Algo que salta aos olhos quando se folheia a HQ é um certo toque de sensualidade, realçado pelo perfil de uma Selina Kyle e, só quando conclui a leitura, que vi o selo “Black Label” na capa da revista, foi que entendi o porquê de todas as insinuações sexuais que tem nessa revista. O selo em questão, foi criado com a proposta de apresentar versões mais “adultas” de seus personagens, por isso, certas liberdades são permitidas.

Bruce e Selina mandam ver na HQ.

Apesar de não ter nada explícito, mas corpos seminus rolando em cima da cama ou fazendo em carícias calientes em cima de prédios, são recorrentes. Quer dizer, o Batman transa! E, apesar de sabermos disso desde a reformulação da série no período dos Novos 52,  isso ainda é uma descoberta incrível para se fazer em qualquer leitura do personagem!

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Mas vamos ao que descobri lendo este gibi: Confesso que estranhei as primeiras páginas. Tom King vai e volta na história, misturando a trama no passado, presente e futuro e isso me deu um certo ataque de cacofonia narrativo-visual, se é que isso existe. Mas se você insiste na leitura, termina o capítulo 1 com curiosidade para prosseguir e o que mais me prendeu foi o futuro que King cria para o Morcego.

Vou tentar dar o plot da trama sem parecer que estou estragando as surpresas. Nesse futuro alternativo, temos uma Selina Kyle viúva, ou seja, Bruce Wayne morreu e, segundo o que consta, de mortes naturais, de uma doença incurável, em cima da cama e arrodeado de sua família, mas antes disso ele deixou uma herdeira: o Morcego teve uma filha com a Mulher-Gato, chamada Helena, que é a nova “Batwoman” do pedaço.

Helena, a Batwoman, junto com Dick Grayson, como o novo comissário de Gotham,

Acontece que, apenas uma semana após o falecimento de Wayne, o Coringa, já idoso, é encontrado morto, com a garganta cortada, dentro de um quarto de uma espécie de casa de repouso e Helena interessa-se por investigar o crime. Não demora para que Helena descubra que a Mulher-Gato e o Palhaço do Crime foram muito íntimos no passado, e cheios de segredinhos…

Esse universo no futuro é muito bacana e, imagino, que essa história deva ser entendida com uma espécie de “túnel do tempo”, um “o que aconteceria se” fora da cronologia do Morcego, se é que você se importa com isso. E, se essa era a proposta do selo “Black Label”, posso atestar que funcionou muito bem comigo.

Mas todo esse cenário de um futuro próximo, onde o Bruce Wayne simplesmente morreu, deixando o manto para sua filha e a Selina como a mulher mais rica do mundo me deixou muito atraído. Nesse mundo, Dick Grayson é o novo comissário de Gotham e toda a velha guarda de vilões da cidade ou está morta ou aposentada.

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É um cenário muito rico, cheio de possibilidades que, para um leitor como eu, que a última coisa do Batman regular que li foi A Corte das Corujas, permiti-nos um vislumbre para o futuro do Morcego diferente do que a maioria dos fãs devem esperar.

Acredito que estes leitores que fazem um exercício de futurologia com o personagem, aceitem a opção apresentada em Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, como a tendência mais verossímil para o Batman, mas essa pequena história (ainda inconclusa pra mim, pois li apenas a parte 1 de 3) tem potencial para que os fãs se perguntem: “quando nascerá a pequena Helena no mundo regular do Morcego?”

E o mais importante, considerando aqui a comparação que fiz com o clássico universo futurista e expandido de Cavaleiro das Trevas, a versão de King, em certa perspectiva, é até mais interessante. Lendo esta obra de Tom King, diferente do futuro criado por Miller, fica a certeza de que o futuro de Gotham acontecerá independentemente de Bruce Wayne, pois, se você leu Cavaleiro das Trevas 3, você sabe do que estou falando.

Se você não leu a terceira parte de Cavaleiro das Trevas, saiba que Frank Miller foi incapaz de matar um Bruce Wayne idoso que não tinha nada mais a provar para o mundo. Frank Miller foi incapaz de dar um futuro para o manto (apesar de Carrie Kelly) e um final digno para o herói ao rejuvenescer o personagem em um poço de Lázaro.  Enquanto Tom King, parte do principio de que a morte de Bruce é porta para um futuro muito mais interessante do que a eterna permanência de um soldado que insiste em permanecer vivo.

Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos