Não deixe de conferir nosso Podcast!

Monteiro Lobato Cai Em Domínio Público E Ganha Novas Edições E Releituras

O sítio do Pica-Pau Amarelo e seus personagens que marcam a infância de gerações vai invadir as livrarias com tudo esse ano. Segundo a lei brasileira, uma obra cai em domínio público no dia 1º de janeiro seguinte aos 70 anos da morte do autor. Como Monteiro Lobato morreu em 4 de julho de 1948, sua obra recebeu passe livre no primeiro dia de 2019.

De olho nessa data, muitas editoras vinham se preparando para oferecer em seus catálogos reedições e reinterpretações do universo mágico criado por Lobato, famoso pelas adaptações para a televisão e que demonstra uma força comercial invejável.

Quatro editoras, além da Globo Livros, detentora dos direitos até o ano passado, estão com edições renovadas e fresquinhas saindo do prelo. Alguns se destacam pelo porte de seus projetos.

A primeira é a FDT, que lançará nada menos que seis coleções dedicadas a Lobato. O enorme volume de livros – mais de 40 títulos – será dividido em coleções temáticas. Trabalhando no projeto desde 2017, os primeiros exemplares já estão disponíveis para venda em livrarias e no site da editora. Além dos clássicos, reunidos na coleção Maravilhas de Lobato, e da coleção Reinações de Narizinho, com os 11 livros sobre as aventuras da menina, a editora preparou também as coleções Lobato em cena e Meu primeiro Lobato, cada um focado num público específico.

Outro projeto que chama atenção é o desenvolvido pelo estúdio de Maurício de Sousa e que sairá pela editora Girassol. Narizinho arrebitado é tratado como um sonho pessoal de Mauricio, que cresceu lendo as narrativas do escritor paulista. No livro, os personagens do sítio do Picapau Amarelo assumem as feições de Mônica e companhia. O texto é uma adaptação de Regina Zilberman a partir de Reinações de Narizinho. Há previsão para mais volumes.

LEIA TAMBÉM:  RPG: Ponderações sobre a situação atual do Hobby

A Companhia das Letras inicia seu projeto editorial também com Reinações de Narizinho, ilustrado pela artista Lole e a organização por conta de Marisa Lajolo. Lobato publicou as aventuras da garota em 11 volumes separados e, em 1931, juntou tudo em um único livro. A versão da editora retoma a maneira como o autor organizou e publicou o volume único. Para os trechos polêmicos — caso dos comentários apontados como racistas e que geraram o questionamento sobre a manutenção do autor nos programas escolares infantis há cerca de 10 anos —, Marisa optou por notas de rodapé. Ou seja, nada de censura ao texto. Até o fim do ano, devem ganhar novas edições e ilustrações O Saci e O Minotauro.

Diante da nova concorrência para um produto até então exclusivo seu, a Globo Livros decidiu apostar em edições de luxo, voltadas para o público adulto, mais exigente em relação ao acabamento gráfico. Para este ano, a Globo prevê lançar A Chave do Tamanho e O Picapau Amarelo, ambos pelo selo Biblioteca Azul, que aposta em livros de capa dura, texto integral e recuperação das ilustrações das primeiras edições, feitas quando Lobato ainda estava vivo. Clássicos como Caçadas de Pedrinho e Memórias de Emília também integram o selo.

Como se nota, a expectativa do mercado é que se repita o fenômeno parecido ao do Pequeno Príncipe em 2015, quando os escritos de Saint-Exupéry entraram em domínio público e o personagem estampou dezenas de títulos, nos mais variados preços e formatos. A saber agora quais projetos serão abraçados pelos leitores de maneira mais duradoura.

Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br