Em 15 de abril comemoramos o dia do desenhista e para não deixar a data passar em branco, fiz uma lista com alguns nomes piauienses que conheci, a princípio, ao longo de 13 anos de Feira HQ, evento realizado pelo extinto Núcleo de Quadrinhos do Piauí entre anos de 1999 e 2013, quando tivemos o privilégio de revelar, premiar ou publicar alguns desses desenhistas, que devem ser sempre lembrados e estimulados.
Entretanto, a lista está crescendo e vamos incluindo nomes que, mesmo nunca tendo participado da Feira HQ, são, na minha opinião, destaques na área.
Braga Tepi é, provavelmente, o maior escultor que temos hoje em atividade no Piauí. São inconfundíveis suas obras surreais de metal. Entretanto, antes de conceber uma obra como essa, Braga desenha! E não são esboços simples que apenas indicam o que irá se formar em aço soldado futuramente. Braga desenha muito e, inclusive, já foi premiado em Salões de Humor do Piauí.
José de Arimatéa especializou-se na criação de artes eróticas e no uso do pontilhismo como maior técnica de sua expressão. Acho que usei de eufemismo, a maior parte de sua arte, na verdade, é pornográfica mesmo. Membros rijos e veiados, genitálias expostas, numa composição tão pormenorizada que encanta pela riqueza de mínimos detalhes.
Edilberto Sobrinho possui uma temática parecida com a de José de Arimatéa, mas distingue-se deste por causa de sua técnica. Os desenhos de Edilberto são muito realistas, um verdadeiro retratista que, na verdade, destaca-se dos demais artistas desta área, porque especializou-se na criação de artes macabras, satanistas e pornográficas, ao tempo que junta tudo isso numa decoração que lembra aquelas imagens de santinhos com o coração de Jesus, que nossa vó emoldurava e colocava na sala. Edilberto Sobrinho já despertou mais a ira da moral e dos bons costumes que qualquer outro desenhista que eu tenha conhecido.
Décio Oliveira da Silva (Dex Drakon) desenvolve arte para games. Ele foi o diretor artístico, game designer, artista de interfaces, animador e arte finalista geral dos cenários do jogo The Last NightMary – A Lenda do Cabeça de Cuia, baseado numa lenda local. Apresentou o jogo como seu foi TCC no curso de Artes da UFPI e hoje dedica-se, exclusivamente a este mercado de criação de artes para games.
Albert Piauhy, com domínio de técnicas refinadas do bico-de-pena, foi um dos primeiros chargistas do Piauí, ilustrando vários jornais do Estado, desde o O Dia até os mimeografados e alternativos jornais da década de 70. É também artista plástico, assinou painéis e telas e foi o principal responsável pela realização de 30 Salões Internacionais de Humor do Piauí.
Rafael 2d é um artista que conheci quase por acidente. O pai dele me parou na rua e disse que eu precisava conhecer o trabalho de seu filho. Sabe como são os pais, né? Sempre elogiam demais o talento do próprio filho e, na maioria das vezes, superestimam muito. Foi uma GRANDE surpresa! Rafael é meu conterrâneo, muito jovem, e raramente encontro um talento como o dele no Piauí. Quando o conheci, estava abandonando um curso de design porque acreditava que o curso de pouco lhe valia para desenvolver o trabalho que estava convencido de que iria se destacar: artes conceituais e animaçoues para jogos eletrônicos. Tenho certeza que ele será bem sucedido no área.
Dino Alves é um dos ilustradores e caricaturistas mais experientes do Piauí. Com inúmeros trabalhos profissionais no mercado há décadas, seu preto e brando destaca-se num traço limpo, detalhado e preciso.
Arnaldo Albuquerque foi um artista de várias facetas: fez fotografia, animação, ilustração para impressos e publicidade, caricaturas e quadrinhos. Foi, inclusive, pioneiro nas charges, animação e quadrinhos no Piauí, tento publicado, em 1977, Humor Sangrento, a primeira revista em quadrinhos do Estado. Faleceu em 2015. Fizemos alguns vídeos sobre Arnaldo, inclusive um documentário, você pode acessar aqui. Também há outros vídeos sobre ele aqui.
Amauri Pamplona é quase um inédito. Foi autor de muitos quadrinhos, publicados de forma independentes, como fanzines, ao longo das décadas de 60, 70 e 80. Algumas de suas obras eram livros com 300 ou 400 páginas de quadrinhos, inspirados em cartuns como os de Hanna Barbera, mas extremamente subversivos. É uma obra imensa que precisa ser disponibilizada o mais rápido possível. Faleceu em 1º de julho de 2006, vítima de infarto agudo do miocárdio.
Alyne Leonel, foi premiada em várias edições da Feira HQ, na categoria de ilustração. Seu trabalho está na capa da primeira edição da revista coletânea de premiados do evento. Tem um incrível talento para cores, tanto aquarelas quanto digitais e para desenhar animais fofinhos, normalmente felinos.
Joniel Santos, também já foi premiado com algumas ilustrações e quadrinhos no evento Feira HQ. Tem um estilo meio steam punk, cheio de hachuras. Gosto tanto de seu trabalho que o convidei para desenhar uma história do Máscara de Ferro, inclusive fazendo uma capa incrível. A Quinta Capa editou seu artbook e HQ chamada Beeline, publicada e disponível para venda.
“Irmãos Rêgo”, normalmente é assim que me refiro à Angela, Moisés e Ceiça. Até onde sei, os três irmãos são formados em artes e mantêm uma escola de desenho no centro da cidade (acredito que seja a única escola deste tipo em Teresina). Angela e Moisés já foram premiados em algumas Feira HQ também.
Will Walber Jr. É uma figura talentosíssima. Foi um dos primeiros trabalhos bem elaborados no estilo mangá que vi em Teresina, ainda lá pelos idos de 1995 ou 1996, num grupo do qual participamos, chamado de Clube de Amantes de Mangá (CLAM), que publicou um zine chamado Clam Fantasy. É autor do quadrinho Madenka, publicado nas três edições da extinta Ação Magazine, entre outros trabalhos.
Caio Oliveira é meu irmão. Desculpem o nepotismo, mas a verdade é que todo o tempo em que estive envolvido com o Núcleo de Quadrinhos do Piauí e que promovemos exposições competitivas, proibi-o de concorrer, porque ele poderia, facilmente, ter sido premiado, o que não soaria legal, pois eu normalmente participava da comissão de julgamento. Mas como esta é a minha lista de grandes desenhistas piauienses, e não devo nada a ninguém, ele não poderia ficar de fora, pois é autor de vários quadrinhos que nós publicamos pela Quinta Capa Quadrinhos, alguns inclusive lançados nos EUA e outros inéditos por aqui. Tem uma página no facebook, chamada Cantinho do Caio, com quase 70mil seguidores.
Leno Carvalho também é premiado em algumas Feira HQ, dono de um trabalho muito elaborado, que impressiona pela união da técnica com fluidez em suas páginas. É autor de vários trabalhos publicados no exterior, incluindo França, Canadá e EUA. Recentemente, a livraria Quinta Capa trouxe um desses trabalhos até então inéditos para o Brasil, The Rift, que foi adaptado em um episódio da série Amazing Stories, pelo canal Apple TV. Fizemos um vídeo com ele no youtube.
Ellis Carlos trabalha hoje muito mais como colorista freelancer, para editores estrangeiros. Inclusive, o chamei para colorir uma HQ inédita do Máscara de Ferro desenhada por Caio Oliveira, que deve sair em um projeto ainda esse ano. Entretanto, Ellis também é um bom desenhista e já participou de atividades do antigo Núcleo de Quadrinhos do Piauí.
Michell Ed é um amigo das origens do Núcleo de Quadrinhos. Eu o convidei para fazer uma das ilustrações que também estão em meu Foices & Facões de 2009. Ele fez algumas histórias em quadrinhos para fanzines, junto com Dedé Leão. Atualmente, destaca-se pelo seu trabalho como professor de física (com o qual até fizemos um vídeo sobre física e quadrinhos) e pelo projeto Ilustradoria, junto ao SESC, que leva vários desenhistas a encontros para produção de ilustração e quadrinhos coletivos. Participou da coletânea Video Horror Show (VHS).
Antonio Vitor é um excelente desenhista, também autor de trabalhos premiados na Feira HQ e que passou um looongo tempo distante da área. Hoje está retornando cheio de ideias e projetos. Esperamos ver, em breve, trabalhos concluídos de seu talento que não pode, ficar escondido em subpastas do seu notebook ou em gavetas de memórias. Gosto tanto de seu trabalho que, na primeira edição do meu livro Foices & Facões – A Batalha do Jenipapo, o chamei para ser o capista.
David Lima teve duas das quatro capas na revista Feira HQ, lançada pelo Núcleo de Quadrinhos do Piauí. Tem um traço muito bom para o mangá e fazia cores com lápis que impressiona muito marmanjo bom de photoshop. Dois de seus quadrinhos, “Nas Ruas” e “Ginga Brasil”, foram premiados e publicado na revista do NQ. David é um desses hermitões que se escondem das redes sociais. Nesta lista, igual a ele, temos o Antonio Vitor e o Ednaldo Carvalho.
Ednaldo Carvalho, teve várias HQs premiadas e publicadas pelo Núcleo de Quadrinhos do Piauí. Entre seus trabalhos, um se destaca, a revista “Cabeça de Cuia – A Dor que Antecede a Praga”, que está esgotada. Queremos muito reimprimir esta história, mas o Ednaldo sumiu! Não sei mais chegar à sua casa, nem tenho telefones nem redes sociais dele! Se o conhecer, peça que entre em contato comigo (86 99819-3178). Temos muito o que conversar!
Enio Silva eu conheci através de seu fanzines do Corsário Azul, histórias cômicas que lembrava o melhor traço e humor de Akira Toryama. Uma das ilustrações de convidados para a primeira edição do Foices & Facões é dele. Hoje, dedica-se muito mais ao seu filho e ao seu canal no youtube. Vale dar uma conferida.
Esaul Furtado é um amigo de infância, e um grande talento. Destaca-se nas ilustrações e nas cores, faz parte de um grupo no instragram chamado Tinturários, onde publicam, regularmente, seus trabalhos. Fiz uma hq com ele sobre a lenda piauiense Num Se Pode. Um dia reúno meus quadrinhos antigos e publico essa história junto a outras.
Quando Marina Romero concorreu e ficou entre os vencedores de uma das Feira HQ, ela ainda concorria na categoria juvenil. Pouco tempo depois, já era uma arquiteta urbanista formada que brinca com traços e cores nas horas vagas, junto ao pessoal do tinturários no instagram.
Lais Romero é professora de literatura e também poeta. Seu estilo minimalista a torna uma boa gravurista, focando em temas da natureza, principalmente flores. Também faz parte dos Tinturários, junto com seu marido Zorbba Igreja e irmã, Marina Romero.
Lucas Matos Rodrigues foi premiado em primeiro lugar com essa ilustração chamada Amatertsu, na 10ª Feira HQ, de 2009. No ano seguinte, ele faturou um terceiro lugar, na mesma categoria. Ele concorria na categoria ilustração infanto-juvenil, isso quer dizer que ele tinha, na época, no máximo, 15 anos de idade!!! Aí um cara desses some! Cadê você, Lucas? Cadê seus gibis, seus trabalhos?
Lancellot Matins é uma máquina de pesquisa sobre o quadrinho nacional. Autor e ilustrador do “Catálogo de Heróis Brasileiros”, publicação que teve 3 edições com 80 páginas cada, fazendo um levantamento pioneiro dos mais icônicos personagens de super-heróis nacionais (inclusive o melhor de todos: um tal de Máscara de Ferro. kkk). É também um tipo de mecenas louco, que financia autores nacionais, e que já editou várias revistas, entre eles uma do Sete Estrelas, duas do Catalogador (seu personagem), uma do 4uarteto (tendo a segunda no prelo), uma do Sombra D’Dágua e outra intitulada Coisa de Maluco, a mais recente, com desenhos de Mauricio Lima.
Rogério Narciso me surpreendeu muito nos últimos anos, principalmente com seu trabalho de ilustrações e tatuagem. Segundo ele, faz pouco quadrinhos, ainda está aprendendo, mas já arrancou elogios da crítica com seus trabalhos em parceria com Thiago Ramos de Melo, tanto na Feira HQ, com a premiada Egos Cegos, quanto com o trabalho autoral que é Rhizoma, que foi até defendido em seu TCC de Artes, pela UFPI. Rogério Narciso assinou a capa da segunda edição do meu quadrinho Foices e Facões – A Batalha do Jenipapo. Link para seu instagram. Fizemos uma entrevista com ele no youtube.
Antonio Cardoso. Destaca-se no mercado piauiense na produção de ilustrações para camisas (na loja GeekDom) e artes em grafite, participando da criação de conceitos e desings para os mais variados tipos de lojas. Mas antes disso, numa era mais humilde, era vencedor regular nas categorias de fanzine e quadrinhos na extinta Feira HQ. É autor da revista independente Nerunda (com duas edições impressas. Aguardamos as próximas!).
Dereck L. Teixeira é um ótimo ilustrador, desses que merecem ser contratados pelas melhores editoras e jornais. Foi premiado na Feira HQ com a história Jimmy Black Dog, um gibi mudo cheio de hachuras e Swing. Na 11ª Feira HQ, Dereck venceu o 1º e o 3º lugar na categoria ilustração. Recomendadíssimo!
Gil Xavier foi premiado por duas vezes com seu zine Uns e Outras de Humor, na Feira HQ. E ficou em terceiro lugar com a HQ “Papai a toda prova”, na 8ª Feira HQ, de 2007. É um excelente ilustrador e chargista, que já teve trabalhos publicados no jornal O Dia.
Antonio Amaral é um destaque que chama atenção pela abstração e leveza do trabalho. É um artista múltiplo, que versa desde as curvas vetoriais dos corel draw à mais leve matiz tangencial da aquarela numa folha de papel, passando ainda pelas experimentações à óleo, trabalhos publicitários, capas de livros e até músicas joão gilbertianas misturados à poesia de Borges. Nos quadrinhos, foi “rompedor de paradigmas”, como disse Dr. Flávio Calazans, com seu Hipocampo. Nós fizemos um vídeo visitando a casa dele, dá uma conferida.
Jota A dispensa apresentações. “É o cartunista mais premiado em salões de humor nacionais e internacionais no Brasil”. Jornalista e ilustrador do jornal O Dia e membro do Canal Papo Quadrinhos e Participações no youtube, junto comigo e com o jornalista Marcelo Costa.
Izânio Façanha é um dos chargistas e caricaturistas mais conhecidos no Piauí. Já trabalhou em várias empresas da mídia, como o grupo de comunicação Cidade Verde, Jornal Correio do Piauí, Jornal O Dia, Folha de Teresina, Portal Você Hoje, Revista Expresso, Portal Az e, atualmente, trabalha no site oitomeia. Já venceu inúmeras exposições de humor e é um exemplo nítido da cultura que esses eventos, como 30 anos do Salão Internacional de Humor do Piauí, plantou em nosso Estado.
Acredito que com Jônatas Almeida de Araújo completamos o top 3 dos atuais grandes chargistas do Piauí, junto com Jota A e Izânio (obs: esses 3 eu não conheci na Feira HQ, nunca participaram, mas não poderiam faltar nesta lista). Ele nasceu em Guadalupe – PI, em 09 de setembro de 1981 e com apenas seis anos de idade já demonstrava vocação para desenhar HQs que só ele mesmo entendia. Mudou-se para a capital Teresina e aos 16 anos já publicava suas primeiras charges e tirinhas no extinto jornal Correio do Piauí, desenhei pra Sucesso publicidade, Houston, portal Vooz, portal O Olho e, atualmente, trabalha no portal Política Dinâmica.
Zorbba Igreja já foi premiado com ilustrações e quadrinhos na Feira HQ. Hoje, seu trabalho destaca-se com ilustrações em seu perfil e no coletivo Tinturáios, no instagram. É também ilustrador de livros, chamando atenção o trabalho que fez para o livro de poesias “Os Tempos e a Forma”, de Adriano Lobão.
Danielle Dantas artista que também participa do coletivo Tintutários, no instagram, destacando-se na produção de ilustrações para camisas e peças publicitárias. Já foi premiada com quadrinho e ilustração na Feira HQ. Acesse aqui o perfil dela no instagram.
Thiago Ramos De Melo é o roteirista que fez Rhizoma, com Rogério Narcizo, mas também é premiado na Feira HQ com quadrinhos desenhados por ele mesmo, como na história “O Menino Robô”.
Waleson Cardoso, assim como a maioria desta lista, também é premiado na Feira HQ, com ilustração e quadrinho (Psicossoma). Grande ilustrador que se destaca nas artes com estilo mangá e colorização digital.
Luiz Raffaello é designer e ilustrador digital, com trabalhos premiados na Feira HQ, normalmente trabalha com comissions e caricaturas estilo mangá.
Luis Ricardo Serafim. Só conhecia um trabalho dele até pouco tempo atrás. Ganhou menção honrosa na Feira HQ com a história Paradoxum (eu teria dado um dos primeiros lugares na categoria HQ, mas a comissão é uma democracia e meu voto foi vencido). Pesquisando, descobri que ele está dedicando-se à literatura e usa sua arte para criar as capas de seus livros, como o Malditas Serpentes. Prometeu voltar a dedicar-se às ilustrações até o final do ano.
Dedé Leão (ou Dex Land) é um monstro nas cores e no traço mangá. Também um dos primeiros que estiveram no front do Núcleo de Quadrinhos do Piaui, fazendo 4 edições do seu Zona Zine. Infelizmente, é daqueles quadrinhistas que tem mania de correr pras tatuagens, só porque por ali dá pra fazer mais grana. Aguardo um dia, mais quadrinhos desse grande.
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