Após anos de silêncio, a namorada de Ted Bundy, Elizabeth Kendall, sua filha Molly e outras sobreviventes falam pela primeira vez em uma série documental que revê os crimes de Bundy sob uma perspectiva feminina.
A série revela como o ódio patológico de Bundy por mulheres se chocou com as guerras culturais e o movimento feminista dos anos 70 em um dos casos criminais mais chocantes de nossa época.
Ted Bundy não sai da moda. Em 2019 seu nome ganhou novamente força no cinema, TV, serviço de Streaming e Podcasts – principalmente para o público americano. Suas entrevistas são lendárias, ele gostava de falar. Mas uma pessoa permaneceu visivelmente fora de todo esse processo: a ex-namorada de Bundy, Elizabeth Kendall (nome fictício), que o denunciou à polícia, mas esta foi recusada. Pela primeira vez em 40 anos, Elizabeth e sua filha Molly finalmente estão falando em Ted Bundy: Falling for a Killer (Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino), disponível no Amazon Prime Video.
O documentário dividido em cinco capítulos se concentra nas perspectivas de Elizabeth e Molly, que narram suas experiências mais íntimas com Bundy em seus próprios termos: “Esta história foi contada muitas vezes por homens”, disse Elizabeth em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. “Agora é a hora de falar sobre a nossa própria história do começo ao fim, porque vivemos e muitas pessoas não.”
Se você é uma pessoa sensível ou ainda não assistiu ao documentário agora é hora de parar de ler. Pois aqui estão as maiores revelações de Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. As traduções do inglês para o português dos diálogos foram adaptadas para uma compreensão mais objetiva.
Elizabeth não amou ninguém do jeito que amava Bundy
Eles se conheceram em um bar de Seattle em 1969. Elizabeth, mãe solteira, era nova na cidade. Bundy estava sentado sozinho à mesa e pediu para dançar com ela. Ela ficou lisonjeada, além de achá-lo “engraçado, maduro, polido”. Eles foram para sua casa juntos naquela noite. Na manhã seguinte, Bundy preparou o café da manhã para a filha Molly. “Eu não tive isso com mais ninguém, logo de cara me senti conectada com ele”, diz Elizabeth. “Pareciam duas peças de um quebra-cabeça se juntando. Simplesmente se encaixavam. Foi espetacular”.
Não demorou muito para que ela se apaixonasse. Juntos, eles ensinaram Molly a andar de bicicleta. Eles liam os livros dela à noite e saíam para comer. Eles se tornaram uma família. “Ele veio morar logo comigo. Eu fui fisgada”, diz Elizabeth. “Eu me senti amada, não tive dúvidas.”
Bundy brincava nu de esconde-esconde com Molly.
Molly, filha de Elizabeth que Bundy ajudou a criar, fala no documentário Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino, que olhando para trás, havia sinais de que algo estava errado. Como quando ele “se escondeu nu debaixo de um cobertor comigo”. “Ele apenas respondia: ‘Bem, sim, eu posso ficar invisível, mas minhas roupas não e eu não queria que você me visse.” Ela não contou a ninguém sobre o incidente até anos mais tarde. Era estranho, é claro, mas o que isso significava? Molly diz que ainda não sabe, só que isso a fez se sentir desconfortável daquele momento em diante na frente de Ted Bundy.
É a primeira vez que ficamos sabendo da primeira vítima de Ted Bundy
Elizabeth notou pela primeira vez Bundy agindo “de maneira diferente” no início de 1974 – o ano de sua primeira tentativa de assassinato, segundo a polícia. A estudante da Universidade de Washington, Karen Sparks, estava em seu quarto quando Bundy entrou, tirou o estrado da cama e esmagou seu crânio. Ele usou uma haste de metal da armação para agredi-la sexualmente, deixando a bexiga estraçalhada. Ela ficou ali sangrando por mais de 20 horas, até que um colega de quarto a encontrou. Falando pela primeira vez em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino, Sparks disse que sofreu danos cerebrais permanentes e perdeu 50% de sua audição e 40% de sua visão.
Foi a primeira vez que muita gente ficou sabendo da existência de Karen, e ter surpreendentemente sobrevivido ao ataque brutal de Ted Bundy.
Após os assassinatos no Sammamish State Park, Bundy levou Elizabeth para comer hambúrgueres
Em 1974, Bundy usou seu antigo e “Famoso” Volkswagen Fusca para sequestrar duas mulheres no Lake Sammamish State Park – parque no extremo sul de Washington. Logo depois que ele as matou, pegou Elizabeth e a levou para um passeio. Eles foram a uma pista de boliche e comeram hambúrgueres. Elizabeth lembra em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino que ele parecia ainda mais “estranho”.
Mesmo avisando a polícia e ao pai sobre Bundy, ninguém escutou Elizabeth
Quando Elizabeth viu um esboço policial do autor dos assassinatos em Sammamish Park no jornal, ela congelou. “Parecia o meu Ted”, diz em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. “Eu apenas tentei evitá-lo, mas fiquei realmente apavorada, tipo, há algo errado aqui. Eu olhei para o desenho várias e várias vezes. Quando cheguei em casa, procurei nos meus álbuns de fotografias e tirei uma foto de Ted que era muito semelhante.” Ela ligou anonimamente para uma linha policial que servia na época para qualquer pessoa perguntar informações sobre determinado procurado pela justiça.
Nessa ligação, Elizabeth perguntou se ele usava um relógio no braço direito e se ele dirigia um Volkswagen. Mas o oficial que estava na ligação negou a cor do carro. “Eu disse: ‘Uau, esse não é o meu Ted então!’ Naquela noite, Ted e eu nos deitamos no chão e conversamos, e ele era apenas o Ted ”, diz ela no documento. “Eu me senti perturbada, por que eu pensaria nisso? Morava quatro anos com esse homem. Eu sabia que ele não era capaz de fazer essas coisas. Acontece que era ele”.
Quando uma série de assassinatos aconteceu em Utah, onde Bundy estava fazendo faculdade de Direito, Elizabeth voltou a suspeitar. “Eu não podia deixar para lá”, diz ela. “Isso me assustou.” Mais uma vez, ela ligou para a polícia de Seattle. Eles pareciam, ela diz, desinteressados. Quando Elizabeth confiou em seu pai, ele também a ignorou. “Meu pai desconsiderou completamente o que eu estava pensando”, diz ela. “Ele gostava tanto de Ted, como todos nós. Penso que ele escolheu Ted e não sua filha.”
Bundy confessou a Elizabeth que era uma pessoa doente
Depois que Bundy foi preso, ele ligou para Elizabeth e disse que estava com uma doença. “Ele me disse que agora sabia que havia algo com ele…”, diz Elizabeth em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. “E quando perguntei o que era, ele disse: ‘‘não me faça dizer isso’’. Então, eu sabia que ele estava se referindo ao padrão das mulheres assassinadas: bonitas e jovens. Ele era viciado em matar. E ele começou a me falar sobre essa ‘‘força’’, como ele chamava. Ele disse que a coisa apenas começava a se formar dentro dele e que levaria dias antes de agir, mas uma vez que isso acontecia, ele ficava bem”.
Bundy disse a Elizabeth que se lembrava de levá-la para comer hambúrgueres depois de sequestrar as mulheres do parque Sammamish. “Ele disse: ‘Não é como se eu estivesse desmaiado’’”, diz Elizabeth. “Fiquei chocado, porque pensei que se ele fizesse essas coisas, ele teria que ter duas personalidades diferentes, mas ele estava me dizendo que era apenas ele”.
Molly assistiu ao julgamento de Bundy na televisão
Ela estava com os avós naquele verão quando Bundy foi a julgamento. Toda manhã ela acordava e assistia na televisão. “Pra mim esse foi o momento em que meu mundo inteiro mudou e eu o vi como algo completamente diferente”, diz ela em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. “Foi realmente muito assustador ver essas mulheres assassinadas, ver as evidências, suas cabeças esmagadas e ouvir sobre as coisas físicas que foram infligidas a elas. Foi horrendo.”
Elizabeth e Molly lutaram contra o alcoolismo
Elizabeth começou a beber para “calar a mente”, diz ela em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. Molly também lutou contra o vício. “Eu tentei beber até a morte”, diz ela. “Bebi até adormecer… para poder esquecer.”
Elizabeth mantinha um álbum de recortes das fotos da família
Depois que Bundy foi condenado à morte e eletrocutado em Raiford, Flórida, em 1989, Elizabeth manteve muitas de suas fotos juntas. “Saber que ele estava matando pessoas enquanto estávamos em um relacionamento ainda é realmente uma ideia difícil de incorporar à minha vida. Esse fato invalida o que tínhamos”, diz ela em Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino. “Parecia que nada era real entre ele e minha filha.”
Para saber mais, o documentário: Ted Bundy: Apaixonada por um Assassino está disponível no Prime Video.
Revisão: Blêndali Peres Cardoso
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