Não peça para Garth Ennis escrever um super herói. Ou incluir algum em uma revista que ele esteja escrevendo. Ele despreza os super heróis e não tem um pingo de maturidade. E não pense que ele vai satirizar o herói de forma inteligente e sensata: ele vai descaracterizar, atacar, avacalhar e estereotipar o personagem da forma mais tosca possível.
E se você não acredita em mim, é só dar uma olhada nas imagens abaixo:
Propriedade da Marvel Comics. Fonte: Pinterest
Após lutarem juntos e ainda levar um tiro na cara, Wolverine quer tomar satisfação com Frank Castle, que prontamente o atinge com um tiro nas partes baixas(sem trocadinho com a baixa estatura do canadense) e logo depois usa o rolo compressor acima para calar o baixinho.
Propriedade da Marvel Comics. Fonte. Geek.com
A rivalidade do Justiceiro e do Demolidor é histórica e Ennis escreveu um momento que virou referência na série de TV.
Propriedade da Marvel Comics. Fonte: lestoilesheroiques
Fez também o Homem-Aranha de escudo humano numa luta contra o Russo.
Propriedade da Marvel Comics. Fonte: ComicVine
E, na DC, fez Tommy Monaghan, protagonista de Hitman, VOMITAR no Batman!
Propriedade da DC Comics. Fonte: ComicVine
Mas se tem um personagem que o autor tem um “carinho” especial, é o Lanterna Verde. Em uma entrevista, Garth uma vez declarou que o Lanterna Verde representa tudo o que há de mais errado, bobo e estúpido nos heróis. E em Hitman, ele não teve pena do personagem. O crossover Hitman/Liga da Justiça mostra ainda mais do desprezo pelo personagem.
Entendam o quanto esta imagem é perturbadora pesquisando Bueno Excellente. Propriedade da DC Comics.
Fonte: Know Your Meme
Mas, para a toda regra, há uma exceção. E foi nesta edição de Hitman que vimos algo inusitado.
Hitman Nº 34
Foi nesta edição, lançada em fevereiro de 1999, que o autor abriu uma exceção.
Capa da edição. Propriedade da DC Comics, Fonte: Imgur
Tommy está num telhado de Gotham, aparentemente fazendo nada, apenas lendo uma revista. Na capa, temos o Superman. E qual não foi a surpresa do nosso assassino profissional favorito quando ele encontra o próprio, exatamente no telhado do prédio onde ele se encontra? Sim, o homem de aço em pessoa e o que se desenrola é um dos papos mais legais já escritos por Ennis e um Superman retratado não como um estereótipo, mas alguém real.
O homem de aço esperava encontrar Batman para uma conversa e acaba encontrando Tommy. O que ele não sabe é que ele não está em Gotham a serviço, e sim por precisar de um amigo. O fato é que ele acaba de salvar uma tripulação de astronautas mas falhou em salvar um deles. O que se segue é um longo e envolvente papo sobre a América, a expectativa das pessoas em cima dele… e Tommy não o deixa na mão.
Propriedade da DC Comics. Fonte: ISB
O que se segue é um discurso de Tommy sobre o que deveria ser um imigrante em um lugar novo e que Superman representava esse ideal. E, apesar de ser um criminoso, Tommy tem um bom coração e sendo também filho de imigrantes, ele sente esta conexão e não se intimida em demonstrar gratidão e admiração pelo homem de aço. Ironicamente, o anti-herói faz por ele o que o herói de Gotham não pode: dar de volta sua esperança.
Uma das histórias mais inspiradas do autor irlandês, “Of Thee I Sing” venceu o Eisner de 1999 na categoria melhor edição. E, neste momento em que o personagem está fazendo 80 anos desde sua criação, esta edição deveria ser um lembrete de como retratar o homem de aço: longe de ser um estereótipo de bom moço, mas um herói acessível, sábio e carismático. O maior de todos.
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