Arnaldo Albuquerque (1952 – 2015) é um nome importante para a cultura piauiense. Mas é desses nomes que só encontrarão o reconhecimento quando os artistas locais engajarem-se na sua produção e perceberem o alcance do seu pioneirismo nos quadrinhos, na animação, na música, no cinema e no jornalismo.
Nos quadrinhos, ele publicou a primeira revista do Piauí, chamada “Humor Sangrento” (1977), na animação fez seu “Carcará, pega, mata e come” (1972/3), no cinema fez “Adão e Eva do paraíso ao Consumo” (1972) e outros super 8, no jornalismo integrou o primeiro mimeografado do Piauí (talvez, do Brasil) além de ser também um dos primeiros chargistas locais e na música, lançou artistas como Lena Rios e organizou o primeiro show de rock público em Teresina: O Udi Grudi.
Albert Piauí já falou que Arnaldo não deve ser estudado isoladamente, pois é um artista múltiplo que precisa ser analisado no todo de suas contribuições, nas várias expressões que praticou. Só assim poderíamos entender o peso de sua representação.
Recentemente, o que mais está em evidência são suas animações. Em “Carcará…”, Arnaldo fez mais de 600 desenhos (feitos em papel manteiga, aproximadamente de 15x15cm) à mão para um único trabalho de cerca de dois minutos, disponível AQUI. Após sua morte, em 2015, esses originais estavam comigo, que tentei um projeto de reanimação junto à Fundação Monsenhor Chaves. Infelizmente, não foi possível. Até que Neila Rocha, professora e (atualmente) Sub Coordenadora do Curso de Artes da UFPI, tomou pra si essa incumbência. Junto com uma equipe do Programa de Ilustração e Animação da UFPI (PIA), eles digitalizaram essas centenas de desenhos, trataram (pois muitos estavam manchados pela idade) e reanimaram.
No link disponibilizado no parágrafo anterior, você pode conferir a diferença da antiga animação de Carcará, que existia em VHS, para a versão restaurada feita pelo PIA. Trabalho de resgate que merecia um prêmio. Existem outras animações que precisam voltar restauradas ao público, como “Mergulho” e “Vã-pirações”, ambas fruto, também, de centenas de pequenos desenhos feito por Arnaldo no início dos anos 70. Além dessas, há sequencias originais e inéditas de animações que Arnaldo não concluiu, mas foram desenhadas e que podem ser animadas também. Neila Rocha comentou que “pretendo, finalmente publicar tudo nessas ferias e devolver material” para a família, provavelmente para Bruno Baker, sobrinho do Arnaldo e que hoje preserva o acervo do tio.
Sobre como será a disponibilização desse material, Neila Rocha disse que “a primeira ideia era ter um site sobre Arnaldo e as animações, comecei a publicar alguns testes no canal do PIA no Youtube e acho que vou continuar por lá. Quando for publicar minha dissertação, colocarei as imagens como encarte. Outra possibilidade é a página no facebook Acervo Arnaldo Albuquerque“.
Disponibilizar os vídeos no Youtube é ótimo, e as imagens como anexo de sua dissertação também, até porque a produção acadêmica é disponível na UFPI para qualquer interessado. Mas as imagens no facebook perdem muita qualidade. Então, como preservar e disponibilizar as imagens, que calculo serem cerca de 1000 desenhos? É preciso, por uma necessidade histórica, oferecer tanto a versão scaneada, sem tratamento, quanto as restauradas. O ideal seria disponibilizar todos em alta resolução ou nos arquivos de pesquisa da própria UFPI ou no futuro Museu da Imagem e do Som, que, esperamos, tarda mas não falhará. Enquanto isso não acontece, Neila Rocha prometeu: “O principal que vou fazer é salvar na qualidade mais alta possível e gravar vários DVDS e distribuir entre alguns interessados”.
Esperamos que todo esse material esteja disponível logo e ficamos muito contentes e agradecidos pelos esforços da professora Neila. Aguardem novidades por aqui.
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