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Resenha | Jessica Jones – Afastada

Brian Michael Bendis acerta em Jessica Jones – Afastada e mostra que ainda sabe escrever boas tramas envolvendo a detetive da Marvel.

No começo dos anos 2000, a editora Marvel, por influência dos editores Joe Quesada e Bill Jemas, decidiu investir em histórias mais centradas em personagens, evitando que para o publico entender uma trana tivesse que ler anos e anos de revistas anteriores, e em uma pegada mais adulta. Foi assim que nasceram empreitadas como Marvel Knights, selo ligado ao Demolidor, Justiceiro e outros, e Marvel Max, o selo adulto da editora, com histórias como Viúva Negra de Greg Rucka e Luke Cage de Brian Azzarello.

Dentro do selo Max despontava um título que inicialmente foi escrito para a Mulher-Aranha, mas, devido a problemas editoriais, uma nova personagem foi criada para ser uma detetive que vive na sarjeta do universo Marvel, a investigadora Jessica Jones na revista Alias. O escritor, até então, desconhecido Brian Michael Bendis e o artista Michael Gaydos eram os responsáveis pelo título, que contava com as capas de David Mack.

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O tempo passou, Bendis foi subindo mais e mais de patamar dentro da editora, onde transformou os Vingadores em um fenômeno de vendas, sendo alçado ao patamar de um dos engenheiros da Marvel, tendo escrito histórias que influenciaram o universo da Casa das Ideias de maneira geral, como Vingadores A Queda, Dinastia M e Invasão Secreta. Porém, mesmo se distanciando da personagem, Bendis fez com que Jessica Jones não ficasse parada, tendo a personagem se casado com Luke Cage (herói que teve sua popularidade aumentada devido ao trabalho de Bendis, também), tido uma filha e entrado para os Vingadores.

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Mas, onde antes havia elogios, agora muitas críticas surgiam. O escritor foi sendo mais e mais criticado por sua abordagem de histórias onde criava sua própria cronologia para os personagens, ignorando o que veio anteriormente, ou até mesmo o que acontecia em outros títulos, como foi ao lidar com Guerras Secretas de Jonathan Hickman, e por conduzir histórias onde nada acontecia, apenas uma intensa troca de diálogos intermináveis, onde o centro da história não despertava interesse nos fãs. Foi assim com sua fase em X-men e o ápice das críticas para com o autor ocorreu quando o mesmo escreveu a continuação de uma minissérie muito querida pelos fãs da Marvel: Guerra Civil 02.

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Mesmo com todas as críticas direcionadas ao autor, em dezembro de 2016, Bendis assumiu novamente as histórias da detetive azarada da Marvel, após 15 anos de sua criação no título Alias. Chamado agora apenas de Jessica Jones, a publicação, que conta com toda a equipe original, é uma oportunidade para o escritor provar que ainda sabe criar boas tramas, com bons diálogos, junto à personagens que tem familiaridade e, mesmo tendo muita ligação com Guerra Civil 02, serve para provar aos leitores que Bendis ainda é um roteirista que vale a pena conferir.

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Na trama, Jessica Jones acaba de ser liberada de um presídio de segurança máxima e tem que recomeçar sua vida de investigadora do zero. Logo de cara, o leitor que conhece a trajetória da personagem já se pergunta: e a filha da personagem onde está? Onde está Luke Cage? O que fez Jessica cair em desgraça novamente após ter alcançado uma vida de certo respeito junto aos Vingadores?

É nesse ponto que a decisão da Panini em publicar Jessica Jones em encadernado se mostra um acerto. Contando com as 06 primeiras edições do título americano , Jessica Jones – Afastada responde a maioria das perguntas lançadas logo no começo e cria uma trama convincente sobre como Jones caiu na sarjeta novamente. O roteirista aqui investe em diálogos bem estruturados (outro acerto no lançamento em encadernado, já que em algumas edições a trama gira em torno de conversas, fazendo com que o leitor que acompanhasse o título em formato mensal tivesse uma falsa impressão de que a trama não tem desenvolvimento) e em pequenas brincadeiras com o universo Marvel, como o de uma cliente que afirma que o marido não a reconhece mais, pois ele diz que em outro universo era casado com outra (claro efeito de Guerras Secretas).

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Como dito, os desenhos ficam por conta do autor original, Michael Gaydos, e isso faz com que o fã que já conhece a personagem se sinta familiarizado com a história. Porém, o leitor que está conhecendo Jessica Jones pela primeira vez, talvez, por influência da série da Netflix, pode acompanhar o bom desenvolvimento quadro a quadro da história, fator essencial para uma trama que tem muitos diálogos e que deve ser apreciada quase como uma série de TV, onde a movimentação entre os personagens dialogando deve fluir bem.

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Apesar da trama ser muito influenciada por Guerra Civil 02, contando com a presença constante da Capitã Marvel Carol Danvers, porém, não se faz necessário que o leitor tenha acompanhado a mega saga para entender a trama em que Jones se meteu. Isso é um acerto, já que o título se mantém em pé pela sua trama em si (e mais, se o leitor não entendeu passagens de Guerra Civil 02, aqui há muitas explicações).

O encadernado lançado em maio de 2018 pela Panini conta com uma introdução, onde é apresentada a personagem, as capas originais de David Mack e as capas variantes feitas por diversos artistas.

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Mostrando que ainda sabe escrever boas tramas, Jessica Jones – Afastada é um claro exemplo que o escritor americano Brian Michael Bendis deveria se manter afastado de grandes sagas e focar em personagens mais urbanos e que fizeram seu nome no início da carreira. Porém, Jessica Jones é um dos últimos títulos escritos pelo autor para a Marvel por um bom tempo, já que Bendis se mudou para a concorrente, a DC Comics, para escrever Superman.

Contando com a equipe original do título Alias, o encadernado Jessica Jones – Afastada é uma ótima oportunidade para os leitores antigos e novos poderem conhecer um Brian Michal Bendis ainda afiado em suas tramas e afastar a péssima impressão deixava por um fracasso como Guerra Civil 02.

Ficha técnica:

  • Número de páginas: 140
  • Formato Americano (17 x 26 cm)
  • Lombada quadrada
  • Preço de capa: R$ 21,90
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.