Já faz alguns anos que a Aleph se tornou a casa editorial do autor Philip K. Dick no Brasil. Realizando um trabalho primoroso de tradução e edição, títulos como Ubik, Um Reflexo na Escuridão e o clássico Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas? foram lançados com belíssimos projetos gráficos de Pedro Inoue, que casam bem com a temática explorada e o espírito que a prosa de PKD, como é chamado o escritor pelos seus fãs, evoca.
Seu nome, de qualquer forma, não é desconhecido do público em geral: muitas de suas obras foram adaptadas ao cinema e à televisão, desde Blade Runner por Ridley Scott (que contou inclusive com o envolvimento do próprio autor na produção antes de sua morte); passando por Minority Report, levado à tela grande com direção de Steven Spielberg e Tom Cruise no papel principal, até a mais nova empreitada, a série Electric Dreams.
Sonhos Elétricos, numa tradução direta para o português, trata de um projeto desenvolvido pela Amazon Studios para seu serviço de streaming, e funciona como uma espécie de antologia, adaptando contos diversos de PKD que, em comum, trazem a sua marca registrada: ficção científica distópica, que explora tanto as possibilidades que o avanço tecnológico pode acarretar para o destino da humanidade quanto à questões que tratam da relação do homem com as máquinas, senso de realidade em vista de manipulações mentais e o avanço do uso das drogas em diferentes escalas.
Em março, a Aleph lançou a coletânea com os contos que deram origem à série, trazendo antes de cada texto uma pequena introdução do produtor responsável pela sua adaptação. Mas as novidades do autor nas livrarias não pararam por aí. Agora em junho outro trabalho seu, dessa vez um romance, saiu pela Suma das Letras, um selo da Companhia das Letras.
Pela primeira vez publicado no Brasil, O Tempo Desconjuntado conta com tradução de Bráulio Tavares e uma bonita encadernação em capa dura. Lançado originalmente em 1959, traz em seu escopo uma narrativa mais ligada à época, espelho de um autor ainda jovem, experimentando quais caminhos tomaria na formação de um legado literário inquestionável e que o tornou uma das maiores referências do estilo. A saber, por fim, se haverá outros títulos encabeçados pela Suma, que se mostrou disposta a manter o elevado padrão gráfico e estético que Philip K. Dick alcançou em nosso mercado editorial.
Sonhos Elétricos (editora Aleph, 256 páginas, preço sugerido R$ 44,90): Philip K. Dick foi um dos maiores nomes da ficção científica em todo o mundo e encabeça, também, a lista dos autores do gênero mais roteirizados em Hollywood. Os dez contos de sua autoria reunidos nesta edição foram adaptados para a série televisiva britânica Electric Dreams, uma antologia de histórias futurísticas que, ao mesmo tempo, ilustram a visão profética de Dick e celebram o eterno apelo midiático de sua obra. Seguindo o que a literatura de Dick tem de melhor, os contos de Sonhos elétricos apresentam cenários familiares, mas ao mesmo tempo estranhamente distorcidos, e têm o poder de questionar a realidade e tirar o leitor de sua zona de conforto.
O Tempo Desconjuntado (Suma das Letras, 272 páginas, preço sugerido R$ 49,90): Um romance impressionante de um dos maiores nomes da ficção científica. Philip K. Dick faz o leitor duvidar do real e se perguntar a todo momento até que ponto a paranoia é justificada. Com edição especial em capa dura e projeto gráfico arrojado, uma obra inédita de Philip K. Dick chega ao Brasil, trazendo um retrato único da construção do medo, da desconfiança e da própria realidade. Ragle Gumm tem um trabalho bastante peculiar: ele sempre acerta a resposta para um concurso diário do jornal local. E quando ele não está consultando seus gráficos e tabelas para o trabalho, ele aproveita a vida tranquila em uma pequena cidade americana em 1959. Pelo menos, é isso que ele acha. Mas coisas estranhas começam a acontecer. Primeiro, Ragle encontra uma lista telefônica e todos os números parecem ter sido desconectados. Depois, uma revista sobre famosos traz na capa uma mulher belíssima que ele nunca tinha visto antes, Marilyn Monroe. E para piorar, objetos do dia a dia começam a desaparecer e são substituídos por pedaços de papel com palavras escritas, como “vaso de flores” e “barraca de refrigerante”. A única alternativa que Ragle encontra para descobrir o que está acontecendo é fugir da cidade e de todos esses acontecimentos bizarros, contudo, nem a fuga nem a descoberta serão tão fáceis quanto ele imaginava. “Maravilhoso, terrivelmente divertido, ainda mais se você já considerou a possibilidade do mundo ser um universo fictício construído somente para impedir que você descubra quem realmente é. Uma possibilidade bastante plausível, claro.” — Rolling Stone .
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