O dia 10 de janeiro de 2019 marcou os 90 anos de um dos personagens mais queridos dos quadrinhos: o repórter TinTim. Nascido nas páginas do suplemento juvenil Le Petit Vingtième, encartado no jornal católico belga Vingtième Siécle, logo ganharia uma legião de fãs.
Seu criador, Georges Prosper Remi, mais conhecido pelo nome artístico Hergé, aperfeiçoaria os traços e a personalidade do intrépido jornalista ao longo dos anos. Mudaria também ambientação de suas histórias conforme a passagem do tempo, após abordagens controversas como em TinTim no Congo.
TinTim e o cachorro Milu; ao lado seu criador, Hergé
Sempre acompanhado em suas aventuras pelo cachorro Milu, TinTim ganharia ao todo 24 álbuns gráficos (o último publicado postumamente), que definiram a chamada “linha branca”, uma estética narrativa que seria o próprio espelho dos quadrinhos franco-belgas, influenciando artistas até hoje.
Os primeiros títulos compilavam as tiras publicadas anteriormente no jornal, a exemplo do trabalho de estreia TinTim no País dos Sovietes. Posteriormente, as aventuras passariam a sair diretamente no formato de álbum. As histórias, a princípio mais longas, ultrapassando as 100 páginas, foram sucessivamente se adequando a um padrão mais curto, por volta de 60 páginas.
Hergé não se furtou a redesenhar diversas passagens de seu trabalho, à medida que os álbuns eram relançados. Procurava suavizar alguns trechos polêmicos, uniformizar o visual dos personagens e até mesmo alterar o modelo dos carros que compunham o cenário dos quadros, conforme era exigido pelos editores.
No Brasil, o personagem ganhou certa popularidade com o desenho animado produzido nos anos 1990 e que emulava o traço de Hergé, adaptando o mais fiel possível as tramas dos quadrinhos.
Em 2011, TinTim chegou aos cinemas no filme dirigido por Steven Spielberg e contando com produção de Peter Jackson. O roteiro era baseado em dois álbuns, respectivamente O Segredo do Licorne e O Tesouro de Rackham, o Terrível.
Cenas do filme lançado em 2011
Para o leitor brasileiro que se interesse pelo personagem, há duas opções disponíveis no mercado. A série foi lançada Companhia das Letras com capa cartonada e editando a versão revisada pelo autor, segundo as alterações feitas ao longo do tempo.
Já a editora Globo vem resgatando as primeiras histórias no seu formato original, reproduzindo conforme publicadas no jornal à época. São edições fac-similares, em preto e branco, que saem com capa dura e tamanho maior. São indicadas para os fãs mais ardorosos, pois funcionam como um registro histórico que respeita a concepção original de Hergé. Os volumes mais recentes da coleção saíram em dezembro passado.
É assim, avançando para outras mídias enquanto tem sua trajetória resgatada nos quadrinhos, que o jovem repórter, de espírito aventureiro e curioso, constantemente envolto em casos de investigação criminosa ou em conspirações políticas, segue lido e celebrado.
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