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Resenha | Batman e Mulher-Maravilha nº 01 (Liam Sharp)

Encontro entre Batman e Mulher-Maravilha pelas mãos do roteirista e desenhista Liam Sharp, onde homenageia o título de encontro de heróis da DC Comics O Bravo e O Audaz, só começa a funcionar quase no final dessa edição, pois a trama, mesmo com os belos desenhos, é muito arrastada devido ao excesso de texto.

 

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Promover encontro entre heróis já não é novidade desde que o homem morcego e o Superman juntaram forças na década de 1950. A Marvel e a DC Comics tem uma longa tradição envolvendo crossovers dos seus heróis e, algumas vezes, encontro entre os heróis dessas editoras rivais. A DC tem um título voltado apenas para esse tipo de história, o clássico O Bravo e O Audaz (The brave and the bold, no original).

Então, promover uma história entre dois super-heróis já não é algo para se chamar tanta atenção quando deveria, pelo uso excessivo dessa ferramenta em vários títulos, só se destacando quando algum escritor ou desenhista famoso assume essa tarefa.

E é esse o caso de Batman e Mulher-Maravilha Nº 01 lançado em 2019 pela Panini. O desenhista Liam Sharp assume o roteiro e a arte e traz mais um encontro entre a princesa amazona e o cavaleiro das trevas em uma história envolvendo os deuses célticos.

Infelizmente, Sharp não entrega uma trama que flui bem, só empolgando e fazendo sentido já quase no final dessa edição, que, ao contrário do que pode parecer com o número 01 na capa, é uma história fechada, não sendo a primeira parte de algo maior.

 

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As deidades da cultura celta se exilaram no reino de Tir Na Nóg quando os homens passaram a esquecê-las com a chegada do cristianismo. Porém, o exílio levou ao tédio e a conflitos internos nesse reino limitado. Então, o deus Cernunnos, guardião entre as realidades, procura a ajuda da Mulher-Maravilha, embaixadora da paz e representante dos deuses gregos no mundo do patriarcado, para mediar o convívio entre os exilados.

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Mas quando Diana chega à Tir Na Nóg, a morte de um rei pode dar início a uma guerra. E só o maior detetive do mundo, o Batman, pode descobrir quem é o assassino e parar o conflito.

A ideia é boa, os desenhos são detalhados, fazendo com que o leitor pare alguns momentos para apreciar a bela arte, mas a execução é ruim, infelizmente.

 

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Em primeiro lugar porque a história é prejudicada pelo excesso de texto proveniente de um narrador oculto que dá voltas e voltas, mas não chega a lugar nenhum. Em seguida, pelo próprio papel do Batman nessa trama, onde o herói parece muito perdido em meio aos efeitos em Gotham City que esse contato entre as realidades está causando.

Essa edição só é eficiente em trabalhar a mitologia céltica, a qual desenvolve muito bem e vai apresentando conflitos entre reis poderosos e seus parentes, em desenhos detalhistas e belos quadros.

Liam Sharp, como bom europeu que é, desenvolve essa história em 06 partes como um grande álbum de quadrinhos que comumente são lançados na Europa, com histórias fechadas. E nisso os brasileiros tiveram sorte pelo fato da Panini optar em lançar tudo em um volume só, diferente das edições americanas que foram publicadas em 06 edições individuais mensais.

Porém, apenas perto do final, o escritor revela ao leitor o antagonista dessa história e o narrador oculto da trama (e a revelação é um grande acerto, apesar de tardio), fazendo com que a trama termine de forma abrupta, talvez, aguardando uma futura continuação com os mesmos personagens, mesmo após ter se arrastado por demais.

 

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O desenhista, que  despontou pro mercado americano ao ficar responsável pelos desenhos da fase Renascimento de Greg Rucka com a Mulher-Maravilha, merece vários elogios pelo seu trabalho de arte. Os seres da mitologia céltica são imponentes, detalhados e se destacam perto dos pequenos Batman e Mulher-Maravilha. A composição dos quadros e a narrativa flui bem entre eles, fazendo com que a hq se destaca mais pelo seu visual do que pelo conteúdo da história em si.

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Como dito, a edição da Panini é um acerto ao compilar toda a história criada por Sharp em um volume só, como parece ser a decisão editorial que tem dado certo nos títulos da DC Comics no Brasil. Porém, a editora coloca um grosseiro número 01 na capa, fazendo o leitor pensar que o título terá continuação em um próximo volume. Além disso, optou por colocar um título simples como Batman e Mulher-Maravilha, em vez do original O Bravo e o(a) Audaz.

No mais, a edição conta com um texto de abertura do artista plástico irlandês Jim FritzPratrick, responsável pela icônica foto de Che Guevara e por ilustrações que trouxeram para o imaginário popular os deuses celtas, além das capas originais coloridas e em preto e branco das 06 edições americanas e um guia de referências escritas pelo próprio Liam Sharp.

 

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Contanto com um roteiro que só mostra a que veio no final da história, fazendo com que personagens como o homem morcego pareçam perdidos no meio dos acontecimentos, e contando com um excesso de texto, Batman e Mulher-Maravilha Nº. 01 só se destaca pelos belos desenhos, em uma edição que promete muito, inclusive uma continuação, mas só vai entregar o prometido faltando pouco para acabar.

 

 

Ficha Técnica

  • Capa cartão, com 152 páginas
  • Editora Panini
  • Lançamento em março de 2019
  • Preço de capa: R$ 24,90
  • Tamanho: 17 x 26 cm
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.