Leia nossa crítica sobre o novo álbum do The Killers, Imploding The Mirage.
Na última sexta-feira o The Killers lançou seu sexto álbum de estúdio, Imploding The Mirage (sétimo, se levarmos em conta o Sawdust, de 2007, composto de b-sides e outras versões de músicas já lançadas). Sucessor de Wonderful Wonderful (2017), o novo trabalho aprofunda mudanças de sonoridade de certa forma já anunciadas no disco anterior, ao tempo em que marca um novo momento para o grupo.
‘Imploding The Mirage’ mergulha fundo no pop, com um domínio praticamente absoluto dos sintetizadores. O baixo de Mark Stoermer marca sua presença, já a bateria traz muitas vezes timbres de batidas eletrônicas, o que ajuda a moldar a sonoridade mencionada. Por outro lado, essa escolha torna discreta a atuação de Ronnie Vannucci Jr, outrora bastante evidente em trabalhos anteriores da banda.
No entanto, a maior diferença desse trabalho se encontra numa ausência: as guitarras são elemento completamente secundário. Isso se explica pela procura por essa toada, digamos, mais moderna e, principalmente, pelo não envolvimento do guitarrista fundador Dave Keuning, em hiato da banda desde 2017.
Não que Keuning seja um guitarrista virtuoso (o que, diga-se, não é necessário para o estilo do The Killers), ou que a guitarra fosse a principal linha de frente do som da banda. Mas ela sempre esteve em destaque, dividindo holofotes com os sintetizadores do frontman Brandon Flowers. Em Imploding The Mirage, a sensação é de que a ausência do guitarrista levou o processo criativo completamente às mãos do vocalista – e aí ele fez a festa (bastante dançante, como um bom pop).
Em entrevista à Entertainly Weekly, Brandon Flowers disse que “não se pode tirar nossa impressão digital do álbum – por mais que tentemos”. Trata-se, entretanto, de apenas meia verdade: o The Killers está ali, mas numa versão bastante diferente.
Quando lançaram Day And Age (2008), também houve uma grande mudança em relação aos seus dois trabalhos anteriores (O debut Hot Fuss e seu sucessor, Sam’s Town, para mim o melhor da carreira do quarteto). Na ocasião, exploraram outros caminhos, num trabalho que soa menos impetuoso, sim, mas por outro lado mais maduro e diversificado. Ali, parecia uma evolução do grupo, uma busca por algo além do indie rock que marcou o início de sua carreira.
Em Imploding The Mirage, contudo, a sensação é diferente. Embora o início desse novo caminho possa ser identificado em canções do álbum anterior (The Man, por exemplo), o novo trabalho parece uma ruptura. O que, de novo, nos leva à situação com Dave Keuning – impossível não associar tantas mudanças à ausência do guitarrista fundador e coautor de clássicos da banda, como Mr. Brightside, When You Were Young, Spaceman, dentre outras.
Em resumo, o novo trabalho explora uma musicalidade mais pop que qualquer outro da banda. Ainda é um álbum do The Killers: os sintetizadores estão lá, as músicas sobre Las Vegas, a energia (aqui, semelhante ao que se ouve em Day and Age). É um bom álbum, porém poderia ter sido um dos melhores da banda, não fosse a opção de abandonar o equilíbrio entre guitarras e sintetizadores que sempre foi um ponto forte do grupo. Aos fãs mais antigos, fica a esperança de que, num futuro novo disco, Keuning retorne – ou que haja um guitarrista para marcar presença relevante nas composições.
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