Com dois encadernados já lançados pela Devir no Brasil, Black Science se mostra um quadrinho voltado para à ação frenética em vez da ciência e filosofia, como se espera de um título de ficção científica. Mostrando uma trama onde acompanhamos um grupo de cientistas que viaja por vários universos paralelos tentando voltar para o seu lar.
A ficção científica é recheada de histórias que envolvem famílias ou amigos que se perdem no desconhecido e precisam voltar para sua casa. Podemos citar exemplos famosos como Perdidos no Espaço, que ganhou um remake pela Netflix recentemente. Ou até mesmo Terra de Gigantes, sucesso de 1968, que acompanhava um grupo de pessoas que se vê em um mundo onde todos são 12 vezes maiores do que os protagonistas.
Então, esse conceito é bem recorrente quando pensamos em entretenimento e cultura pop. E se torna melhor ainda quando sabemos no que a série vai investir. Podendo tratar mais do lado do relacionamento dos personagens ante o desconhecido, ou se voltar para à ciência, ou até mesmo para à ação.
Após dois encadernados lançados pela Devir, VOL. 01 – Como Cair para Sempre e VOL. 02 – Bem-vindo, Lugar Nenhum, o leitor que deu uma chance para o quadrinho de Rick Remender e Matteo Scalera sabe que o foco aqui é a ação desenfreada, não dando tempo nenhum para respirarmos enquanto acompanhamos o cientista Grant Mckay, seus filhos e seus colegas. Todos presos em uma viagem frenética por vários universos.
Da primeira parte do volume 01 até o final do volume 02, o roteiro de Remender não dá um momento de folego para o leitor, fazendo com a trama tenha um senso de urgência imenso, já que o leitor tem que estar preparado para tudo, seja de universos onde os nativos americanos invadem à Europa, ou estar preparada para a morte de personagens importantes (e como eles morrem aos montes aqui).
A história de Black Science acompanha Grant Kckay, cientista que faz parte da Liga Anarquista de Cientistas, que descobriu as viagens por universos alternativos. Após uma sabotagem feita por um membro de sua própria equipe, todos se veem viajando pelo multiverso, encontrando seres estranhos e versões alternativas de si mesmo. Tudo isso em um ritmo acelerado, já que a máquina que torna capaz as viagens (chamada de Pilar) vai efetuar outro salto em um lapso de tempo determinado, levando quem está mais próximo consigo.
O ritmo que o roteirista quer empregar na obra é muito favorecido pelo traço ágil, detalhista, mas estilizado, de Matteo Scalera. Os detalhes e as cenas de ação do desenhista italiano são outro atrativo na trama, fazendo o leitor ao mesmo se demorar em cada página para apreciar os detalhes, enquanto nos leva por cenas de ação que nos fazem virar as páginas de forma muito rápida.
Remender coloca a ciência de lado e investe na ação, fazendo jus a um diálogo da própria hq: “Como qualquer coisa pode ser importante se todas as possibilidades existem?”. Mas essa ação não é carente de desenvolvimento de personagens, pois em todo capítulo o narrador é um personagem principal.
A série, recém terminada nos EUA com 43 edições, o que pode significar 8 ou 9 volumes no Brasil de Black Science pela Devir, é uma daquelas que fisgam o leitor, mesmo investindo pouco no lado científico e filosófico da situação (viagens por universos paralelos), fazendo com que seus personagens, sempre bem trabalhados, nunca parem de correr e encontrar novas possibilidades.
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