Com a estreia do mais novo sucesso de crítica e, possivelmente, de público do universo Marvel nos cinemas (MCU), o público poderá finalmente saber quem é o Pantera Negra, o rei africano de Wakanda que apareceu nas grandes telas pela primeira vez em Capitão América – Guerra Civil (2016).
Mas os leitores de quadrinhos que conhecem a editora Marvel nos últimos anos já tem ideia de quem é T’Challa e o reino wakandano onde se localiza um dos metais mais famosos daquele universo, o vibranium. E tudo isso graças não só ao trabalho de Stan Lee e Jack Kirby, quando criaram o personagem em 1965 (Fantastic Four 52), mas acima de tudo ao trabalho de Reginald Hudrlin e John Romita Jr.
Não me entendam mal. A fase Lee/Kirby estava muito a frente de seu tempo, trazendo não só o primeiro herói negro dos quadrinhos como tornando-o africano, dando um caráter global as histórias que estavam sendo contadas pela dupla que criou o universo Marvel. Porém, o conceito que temos hoje não só do personagem como do ambiente que o rodeia não é proveniente da dupla. Muito disso se deve a forma como eram contadas as histórias na década de 1960, pois, apesar da característica maior da Marvel foi ter humanizado os super heróis, o roteiro dos quadrinhos girava em torno do personagem principal.
Dessa forma, na década de 1960, Lee e Kirby conceberam Wakanda como o reino africano pacífico que foi atacado pelo vilão Garra Sônica, que buscava o mineral Vibranium. Desse ataque covarde, o jovem príncipe T’Challa decide transformar Wakanda em um reino forte e avançado. Ele viaja para outros países em busca de conhecimento que possa ser usado em benefício de seu país. Ou seja, em 1965 Wakanda é grande porque existe T’Challa, seu protetor Pantera Negra.
Apesar da evolução do personagem com os anos, com título próprio, participação nos Vingadores e uma fase muito elogiada pelo escritor Christopher Priest, a percepção que temos do Pantera Negra e Wakanda só veio a se formar de forma definitiva com a entrada do produtor Reginald Hudlin e do desenhista John Romita Jr no título do personagem em 2005.
O escritor e produtor não se fez de rogado, partindo para definir quem e o quê é a figura não só do Pantera, mas do mundo que o cerca, Wakanda. Dessa forma, nas palavras do próprio Hudlin, o Pantera Negra é o símbolo máximo de um país, sua representação, seu verdadeiro Capitão América negro. É exatamente esse conceito que personagens precisam quando querem almejar serem mais do que um simples uniforme, entrando no imaginário do público. Mas as ideias originais com o Pantera não param por aí.
Saem a Wakanda dependente de T’Challa e entra a nação que nunca dobrou os joelhos para nenhum invasor externo, repelindo-os violentamente enquanto as nações vizinhas da África sofriam com o imperialismo. É colocado de lado o rei por direito de nascença T’Challa e surge a disputa por merecimento pelo título de representante máximo do deus pantera e legítimo comandante de Wakanda. O teor político dessa série é forte e escorre em cada página, em especial nas cenas que mostram os Estados Unidos não sabendo lidar com uma nação tão forte quanto Wakanda.
O ápice da passagem de Hudlin são as 06 primeiras edições ao lado do veterano desenhista John Romita Jr. Colocando um ritmo rápido e fluído nas páginas, Romita Jr foi a escolha acertada para essa primeira parte da saga do Pantera, sendo digna de um filme (quem sabe no futuro?)
A trama gira em torno de uma invasão patrocinada por nações hostis ao país do Pantera Negra, nos mostrando dentro do enredo quem é T’Challa, Wakanda e o vilão Garra Sônica, que sempre esteve ligado ao personagem.
As seis edições da passagem de Reginald Hudlin e John Romita Jr foram lançadas duas vezes no Brasil. Na primeira vez, foi lançada em formato mensal na revista DEMOLIDOR, edições 29 a 33. Houve relançamento em encadernado dessa fase, sendo ainda de fácil acesso ao leitor, pois a edição nº 38 da coleção capa dura da editora Salvat traz essa história em formato encadernado. Foi publicada em 2014, com 160 páginas, tamanho 17 x 26 cm, capa dura. No site da editora ainda se pode adquirir esse volume.
Essa fase é a oportunidade perfeita para o público que conheceu o personagem pelas telas do cinema e quer saber como esse fantástico personagem e sua nação se consolidaram como uma ideia que transcende a questão do indivíduo heroico, já que aqui temos a apresentação verdadeira de Wakanda como nação e os costumes que o título Pantera Negar traz.
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