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Resenha | Anthem – E agora? Vale a pena jogar?

Anthem

Anthem é o exemplo perfeito de como é possível destruir um projeto com um potencial enorme com uma péssima execução e direção.

Anthem é um jogo do gênero Looter & Shooter lançado no último dia 22 de fevereiro de 2019 para PC, Playstation 4 e Xbox One. Produzido pela BioWare e publicado pela Eletronic Arts, o jogo já vem sofrendo fortes críticas desde o período de demonstração e, aparentemente, não está conseguindo reagir aos golpes que sofreu desde então.

Anthem

Quando o Hino da Criação falha

Anthem nos coloca no papel de um Freelancer, um piloto de uma espécie de traje robótico chamado de Lança. O jogo se passa 10 anos após um violento combate contra o Dominion, uma facção militar que tinha como objetivo brincar de Deus e tentar controlar o Hino da Criação.

Nos primeiros minutos de jogo somos apresentados aos eventos passados e ao estado de recuperação dessa sociedade atingida pelo combate. Durante a primeira hora entendemos mais sobre o posicionamento dos Freelancers e somos cativados pela maravilhosa e satisfatória sensação de pilotar uma Lança. E é isso! A partir de agora você será testado, pois o jogo se perde completamente e seus defeitos e problemas começam a surgir.

Anthem

O enredo inicial é incrível e a promessa de uma grande história contada é inevitável. Mas o que temos é uma campanha mediana quando comparamos com outros jogos da BioWare como Mass Effect, Dragon Age e Neverwinter Nights. Se fosse outra produtora, essa não seria uma crítica tão pesada, mas no caso da BioWare é impossível deixar de notar a queda na qualidade. Os personagens principais são interessantes, o vilão nem tanto. Alguns NPCs tem diálogos que nos fazem querer ouvir mais, já outros parecem viver uma realidade completamente diferente.

A impressão é que o modelo de Jogo como Serviço fragmentou e enfraqueceu uma história que seria contada de um modo épico, mas que foi sacrificada para atender um modelo comercial.

A aparência não é tudo

Anthem

A qualidade gráfica de Anthem é impressionante, e seria mais impressionante ainda se fosse entregue o jogo apresentado na E3 de 2018. A redução na qualidade é nítida e mesmo assim temos um jogo lindo em 2019. As lanças tem muitos detalhes, os efeitos visuais dos ataques são empolgantes, a ambientação é maravilhosa e acaba por aí. Os inimigos não tem o mesmo tratamento gráfico dos elementos citados, as armas apresentam pouca variação visual e nenhuma customização e o jogo exige muito dos computadores para exibir toda essa beleza rodando acima dos 60 quadros por segundo.

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Anthem

Falando em customização, Anthem tem potencial para ser melhor do que Destiny 2 nesse quesito, mas está muito longe de um Warframe. Mais uma vez a impressão que fica é que o modelo comercial de microtransação capou o conteúdo base do jogo. Sim, podemos comprar tudo com moedas do jogo ou dinheiro real, mas a variedade ainda está extremamente baixa.

O silêncio do fracasso

Anthem

O enredo não é o único ponto em Anthem que sofre com problemas de ritmo. A ausência de trilha sonora em vários momentos do jogo é muito irritante, só perdendo para o completo silêncio durante a customização e telas de carregamento. Esses dois momentos são extremamente frequentes no jogo e seu silêncio pode passar despercebido no começo, mas após algumas horas de jogo já é possível notar um incômodo. A quantidade de telas de carregamento é absurda, para quase tudo no jogo nós precisamos de uma tela dessas.

Ao chegar no momento de focar em ficar mais forte após a campanha do jogo, Anthem falha completamente ao executar um fator chave em jogos do gênero: disfarçar o loop de atividades. Durante as mais de 12 horas da campanha, a história contada consegue nos distrair e demoramos para perceber que desde o início, o jogo tem pouca variação de atividades. Quando essa história deixa de ser o foco no grind do endgame, muitos já estão cansados de fazer as mesmas coisas desde o início do jogo.

Anthem

A inteligência artificial é muito fraca e não proporciona combates satisfatórios, o modo livre é sem vida e as dificuldades mais altas não são recompensadoras. Muito do loot que recebemos não conseguem conquistar o jogador, pois são apenas ícones sem vida e a interface não consegue apresentar informações relevantes para nos auxiliar.

Procurando a beleza no caos

Anthem

Não se assuste, mas Anthem tem pontos positivos além de um rostinho bonito. A experiência de pilotar as Lanças durante o voo e o combate é incrível. Cada uma das 4 armaduras iniciais apresenta diferentes características para que os jogadores tenham a oportunidade de jogar com um estilo mais agradável ou adaptar estratégias para diferentes abordagens.

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A Patrulheira tem um estilo mais soldado, fazendo de tudo um pouco, fácil de jogar e perfeita para aprender mais sobre o jogo. A Colosso tem um estilo mais tanque, com um ritmo mais lento mas com danos maiores e mais resistência para compensar. A Tempestade tem um estilo mais arcano, como um mago para combates mais distantes e atingindo áreas maiores com seus poderes. E a Interceptadora com um estilo corpo a corpo e ágil, focada em causar muito dano em uma área bem menor.

As armas são divertidas, mas ainda são poucas. A variação de um mesmo tipo de arma tenta trazer uma variedade maior, mas falha completamente tanto no visual quanto na usabilidade das mesmas.

Quando exploramos o sistema de builds, mais uma vez percebemos o desperdício de potencial. Um sistema simples para jogadores casuais mas, quando estudado e explorado, proporciona extrair muito potencial de cada uma das diferentes Lanças. Instalar diferentes componentes para alterar a estratégia da Lança é simples, mas ainda faltam informações claras para explorar esse sistema ao extremo, deixando o endgame de nível mais alto um pouco frustrante.

Anthem

Após mais de 50 horas jogando Anthem ainda estou me divertindo e ainda tenho muito grind para alcançar meu objetivo de elevar a potência de todas as minhas Lanças. Anthem é um jogo para um público já acostumado com repetição e farm, como Destiny, The Division e Warframe. Mas mesmo para esses jogadores, encarar um jogo caro e problemático não é a melhor opção no momento.

O jogo passa uma impressão de que o projeto foi apressado, está inacabado e seu lançamento foi prematuro. Passando pela experiência de uma atualização entre o acesso antecipado e o lançamento global, ficou nítido como o jogo ainda tem graves problemas e alguns podem não ter solução fora lançar um jogo novo.


Texto por Mozetas

Cafofo do Mozetas

Com formação em análise e desenvolvimento de sistemas, assume o desenvolvimento desse site e mais alguns outros. Pai de Valentina, Edgar e Raul, escreve algo aqui sobre games, música ou tecnologia sempre que os pequenos deixam.