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Resenha | Imperdoável – O lugar mais seguro da terra

Volume 02 da saga do Plutoniano, versão do Superman que se torna maligna, idealizada pelo escritor Mark Waid, não empolga tanto quanto o primeiro volume, muito devido às mudanças de desenhistas constantemente e a falta de empatia do leitor para com o vilão apresentado aqui. Mas Imperdoável – O lugar mais seguro da terra ainda é uma leitura acima da média dos quadrinhos de super-heróis, e de suas desconstruções, haja vista o cuidado do escritor em explorar os outros personagens e ir colocando pontos que explorará no futuro, prendendo a atenção do leitor para os próximos acontecimentos.

 

Resultado de imagem para irredeemable Paul Azaceta

 

O leitor que gosta de super-heróis e já leu o volume 01 de Imperdoável, sabe que a história do ser análogo ao Superman da DC Comics que vira vilão, apesar de guardar muitas homenagens ao gênero, tem vida própria e suas próprias regras. Ou seja, em Imperdoável o leitor não vai se deparar apenas com arquétipos de outros personagens de outras editoras, mas com criações autorais de Waid, mesmo com semelhanças aqui e ali.

E para provar isso, Imperdoável – O lugar mais seguro da terra tem seu foco maior nos membros da superequipe Paradigma, o maior grupo de heróis dessa realidade.

Na trama, enquanto os heróis tentam lidar com os acontecimentos do primeiro volume, como a destruição causada pelo Plutoniano, os novos níveis de poder de Cary, onde está o arqui-inimigo do Plutoniano e etc, os heróis enfrentarão o demônio Orian, invocado por militares desesperados, que pode ser uma ameaça maior que o próprio herói que virou vilão. Tudo isso enquanto é revelada a verdade sobre o caso amoroso do Plutoniano e uma heroína, além dos questionamentos morais sobre o porquê ela não o parou quando teve a chance.

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Resultado de imagem para irredeemable Diego Barreto

 

A trama é bem construída ao focar em outros personagens que não o principal, que só aparece em momentos chave, mostrando que a sua decisão para se tornar uma ameaça não se deu de forma súbita, já que possuía muitos traumas desde criança.

Com essa decisão de focar no Paradigma, Waid só enriquece o universo que criou, mostrando que a trama pode ser bem maior, com vários questionamentos vindo de todos os lados.

Porém, o escritor erra ao desenvolver seu vilão, Orian. O leitor pode até ficar impressionado com a violência empregada por ele e a forma como é invocado. Mas é inegável que Orian entra com um objetivo (matar o Plutoniano) e sai de cena muito rápido. Mesmo existindo uma sugestão de que ele está preparando uma invasão demoníaca quando derrotar seu algoz, isso é falado de forma rápida e superficial. Ou seja, Orian não é bem trabalhado como devia, o tornando descartável, que é o que realmente ocorre.

 

Resultado de imagem para irredeemable Orian

 

Outro ponto negativo nesse volume, além do vilão, é a constante mudança de desenhistas. Não que a edição fique mal desenhada, já que os traços de Peter Krause e Diego Barreto são muito bons. Mas o álbum perde em identidade visual, o que chega a incomodar. Para usar um exemplo, quando o herói Gilgamesh tem uma de suas asas arrancadas, aparecem quadros onde a outra asa não está mais lá. Porém, mais páginas a frente, a asa volta “milagrosamente”, mostrando ser um erro de continuidade grosseiro.

 

Imagem relacionada

 

A edição da Devir manteve o padrão da passada, contando com as capas originais, várias alternativas e a publicação da história extra focada em 03 heróis do Paradigma, que podem ser importantes para as histórias futuras, mostrando que Waid sabe trabalhar com vários personagens e dar importância a eles no momento correto. Essas histórias contam com desenhos de Emma Rios, Paul Azaeta e Howard Chaykin. É uma pena que a edição não conte com os créditos de cada capítulo, o que ajudaria e muito o leitor identificar a mudança de desenhista constantemente.

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Resultado de imagem para irredeemable Orian

 

Apesar de continuar construindo bem a história do seu Superman maligno, focando agora nos outros heróis desse universo, em Imperdoável – O lugar mais seguro da terra, Mark Waid erra na mão ao construir um fraco antagonista, mas acerta ao ir plantando sementes para as tramas futuras. Infelizmente, a troca constante de desenhistas prejudica a identidade visual do volume, o que é reforçado pelo fato que a edição da Devir não contar com os créditos de cada capítulo. Mas ainda é uma história bem acima da média ao tratar da desconstrução de super-heróis.

 

 

 

Ficha Técnica

  • Capa cartão e dura, com 216 páginas;
  • Editora Devir;
  • Lançamento em dezembro de 2018;
  • Preços: capa dura (exclusivo Amazon) R$ 89,90 e capa cartão R$ 69,90;
  • Tamanho: 25,8 x 16,6 x 1,2 cm.
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.