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Resenha | Rhapsody Of Fire – The Eighth Mountain (2019)

(Capa do álbum)

A maior lenda do power metal ainda contempla o horizonte distante.

Vamos ser sinceros, ninguém estava ligando muito para este álbum. Porém, é emocionante ver uma banda entregar algo realmente especial quando todas as probabilidades pareciam estar contra elas. Nos últimos anos, o Rhapsody of Fire estava com diversos problemas (músicos, motivações, dinheiro) para manter-se ainda vivo, mesmo eles sendo as lendas do power metal sinfônico italiano.

Outrora considerado um dos maiores de todos os tempos do gênero, produzindo obras-primas como Legendary Tales, Dawn of Victory e Power of the Dragonflame, a banda passou por muita turbulência, começando com a saída dos multi-instrumentistas e principal compositor Luca Turilli. A gente percebe que a coisa não estava indo bem quanto ouvimos Dark Wings of Steel e sentimos como é um álbum fraco, seguido por um morno, porém, eficiente Into the Legend onde a banda trouxe os novos integrantes, mas o Fábio Lione também decide deixar a banda, que desde então está reunido com Turilli para começar sua própria nova versão do Rhapsody, com sua estreia planejada para lançamento ainda este ano. Os ventos do destino não estavam bons para o Rhapsody of Fire.

O tecladista e compositor, Alex Staropoli é o único membro original restante (embora o guitarrista Roberto De Micheli estivesse tocando na banda quando eles ainda eram chamados de Thundercross, em 1993). Ele tentou emplacar um álbum com as músicas mais famosas da banda regravadas com o lançamento Legendary Years e lançando o novo vocalista Giacomo Voli e o baterisa Manuel Lotter. O álbum foi muito mal recebido, com o consenso de que Voli é um bom cantor, mas ele não se encaixava bem com os clássicos, enquanto a produção sonora e performances em geral não se equiparavam aos originais.

Eu admito, eu achava que a banda encerraria suas atividades, e duvido que eu seja o único fã da banda a pensar sobre isso. No entanto, eu dei mais uma chance para eles quando anunciaram “The Eighth Mountain”. Queria ver como seria seu primeiro novo álbum com a formação atual, e as coisas pareciam mais esperançosas assim que o primeiro single “The Legend Goes On” foi lançado, a banda parecia que trouxe de volta a sua era de ouro nas melodias simples, diretas e poderosas. Pensei: Olha, eu acho que ficou bom, hein? The Eighth Mountain chegou e minha meta que esperava um álbum bom, foi dobrada por dez!

Desde que Staropoli se tornou o principal compositor da banda, parece que ele está querendo recriar a fantasia e a energia dos primeiros anos da banda, ainda incorporando elementos sinfônicos como sempre, mas não indo tão completamente com eles quanto a banda estava tocando. Seus últimos álbuns feito com Turilli estavam um pouco abaixo do nível que ele é capaz de criar. The Eighth Mountain parece ter cumprido plenamente a missão que o Alex imaginou, trazendo de volta o som mais simples dos primeiros álbuns do Rhapsody of Fire, enquanto soava como uma novidade no mundo da música, melodias poderosas e emocionantes. A banda fazia muito tempo que estava longe dessa proposta. Obviamente, os elementos sinfônicos ainda estão em pleno vigor, com o álbum apresentando o uso de uma orquestra completa e dois corais completos, mas eles se sentem mais integrados à música, em vez de dominar tudo, o que permite a banda brilhar plenamente.

Falando em brilhar, dedico um parágrafo para De Micheli. Ele mostrou facilmente seu melhor desempenho desde o retorno à banda em 2011. Ele entrega alguns riffs pesados e enérgicos ao longo do álbum, além de apresentar solos muito melódicos e bem executados, e é claro que há alguns dos clássicos cortes neoclássicos que combinam perfeitamente com o que a banda costuma fazer, particularmente em a épica, super-rápida “Clash of Times”. Obviamente, Staropoli também é impressionante, com seus teclados sendo o foco principal de sempre, proporcionando alguns cenários bonitos ao longo do álbum, e adicionando uma tonelada de atmosfera e sentimento às faixas. A produção do álbum foi bem certeira, tudo é claro e soa poderoso. Eles sabiam o que estavam fazendo desde começo. É muito complicado entrar na posição do Luca Turilli, mas Roberto De Micheli merece todas as bênçãos. O cara arrebentou.

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A nova formação do Rhapsody of Fire

Bem, agora vamos falar do álbum propriamente dito.

Após uma breve e sempre presente introdução, o álbum começa oficialmente com “Seven Heroic Deeds”, o tipo de faixa com pedais duplos que os fãs esperam da banda. Tem um trabalho de guitarra pesado, mas melódico, com ligeiras sugestões na fragmentação neoclássica que é uma marca da banda, bem como alguns versos da letra fácil de cantar com um refrão épico, coros, mas que atinge um equilíbrio perfeito entre os elementos de metal e os arranjos sinfônicos.

Os vocais de Giacomo Voli causam uma forte primeira impressão, enquanto ele apresenta uma performance muito cativante e poderosa, alternando fluidamente de vocais melódicos e crescentes que os fãs gostam de ouvir. Ele é intenso e brilha no refrão, onde mostra seu alcance perfeitamente, indo de notas altas épicas para notas mais profundas, que são algumas que ele faz maravilhosamente ao longo do álbum.

Os fãs podem já estar familiarizados com as faixas seguintes, já que todas foram lançados como singles basicamente como está na ordem do álbum. O primeiro é “Master of Peace”, uma faixa rápida que começa com um trabalho de guitarra rítmica e pesada, que segue versos bonitos, onde Voli mostra seu alcance um pouco mais. O destaque da faixa é o refrão espetacular, que é igual em partes épicas, melódicas, poderosas e absolutamente lindas, apresentando alguns dos melhores vocais em todo o álbum. É minha faixa mais querida. Depois vem “Rain of Fury”, que mostra alguns arranjos sinfônicos épicos no início, e se move em um ritmo muito furioso ao longo da letra e melodia, dando lugar a outro refrão absolutamente sensacional.

White Wizard”, é uma faixa que começa com os teclados suaves e bonitos, ate que a banda entra com força e o ritmo aumente de velocidade. Não é tão frenético quanto as três faixas anteriores, mas ainda se move em um ritmo agradável durante sua execução, ela tem uma grande momento no seu refrão, já que os teclados e arranjos sinfônicos são especialmente eficaz aqui, enquanto os vocais de Voli são incríveis. É uma faixa cativante e divertida.

Após quatro faixas incríveis, a banda desacelera brevemente em “Warrior Heart”, uma balada clássica inspirada no folk medieval, na linha de “Forest of Unicorns”. É uma faixa relaxante e bonita, ainda que épica, onde Voli novamente brilha com alguns vocais profundos e muito suaves, antes de se abrir para linhas mais épicas e poderosos durante os refrões. O instrumental também são muito bonitos.

O ritmo dá uma sacudida novamente e não diminui muito durante vários minutos, começando com “The Courage to Forgive”, uma faixa mais progressiva e épica. Depois de uma intro estendida, a faixa galopa mediada, antes de acelerar para outro refrão espetacular, com excelente uso dos corais e ótimos vocais de Voli. A faixa faz um belo trabalho de alternar entre passagens lentas e rápidas, uma tendência que continua em “March Against the Tyrant”, a primeira das duas faixas mais longas do álbum. Começa com algumas guitarras, antes de diminuir a velocidade e oferecer uma seção suave e agradável, os vocais entram na mesma pegada, assim como o retorno de elementos folclóricos medievais. A faixa ganha força na sua execução, lentamente ficando mais pesada à medida que avança, e então acelera para outro refrão incrivelmente épico, com guitarras e algumas melodias rápidas. A partir daí, a faixa continua poderosa do jeito que a gente gosta, mas continua a alternar bem entre seções rápidas e intermediárias, com um ótimo trabalho instrumental, tanto da banda quanto da orquestra.

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Clash of Times” é a faixa que qualquer fã do Rhapsody of Fire esperou por anos, é rápida e furiosa, que apresenta alguns dos melhores trabalhos de guitarra do álbum. Mantém um ritmo intenso ao longo de sua execução, mas o destaque vai para De Micheli que destrói naquela parada neoclássica épica, e o resultado é absolutamente brilhante. “The Legend Goes On”, estabelece um equilíbrio perfeito entre guitarra com linhas rápidas e pesadas, arranjos e linhas sinfônicos épicas, ritmos frenéticos e um refrão incrível e cativante. Depois disso é a segunda e última balada, “The Wind, the Rain and the Moon”. É uma faixa bonita, fortemente dominada por orquestras e vocais. Tem um leve toque cinematográfico, com as orquestras proporcionando um belo cenário, enquanto Voli entrega alguns dos seus vocais mais suaves e teatrais no álbum.

Fechando o álbum está o épico de mais de 10 minutos, “Tales of Hero’s Fate”. A faixa começa com um trabalho de guitarra mais pesado e arranjos sinfônicos épicos antes que a música de repente se torne mais escura e com alguns sons sinistros, o que na verdade soa bastante incrível. A faixa continua veloz em sua execução, com outro grande refrão, onde os corais são usados ​​com grande efeito, e é uma faixa incrível em geral, com fortes vocais do Voli, assim como ótimos trechos instrumentais, que variam de muito pesado a muito poderoso, dramático e melódico, e nos primeiros 8 minutos, é um épico absolutamente perfeito do Rhapsody. Após isso, a música termina efetivamente, enquanto o álbum termina com algumas narrações do falecido Christopher Lee. Eu costumo não gostar de narração na música, pois isso pode ser uma distração, e o Rhapsody, em particular, é conhecido por abusar muito no passado, mas felizmente, neste caso, ele só aparece bem no final do álbum, então não é tão perturbador quanto poderia ter sido, e a música ainda tem tempo suficiente para se desenvolver completamente, então a narração acaba se tornando um ótimo epílogo para um álbum realmente incrível.

Álbum físico. Ele é bem baratinho. Pode ir comprar!

 

Veredito

Quando anunciaram “The Eighth Mountain”, eu disse a mim mesmo que ficaria satisfeito se fosse apenas um lançamento sólido, mas inesperadamente acabou sendo uma obra-prima absoluta, o que pode facilmente resistir a qualquer trabalho passado da banda. Os fãs de longa data podem ficar chocados quando ouvirem o quão épico, enérgico, melódico e às vezes lindo esse lançamento é, enquanto quem procura por um ótimo power metal sinfônico é altamente recomendado para ouvir, já que é fácil melhor álbum do gênero lançado em algum tempo. É o tipo de lançamento verdadeiramente chocante e revigorante que instantaneamente me anima toda vez que eu ouço. A banda ainda tem muita coisa para nos contar no futuro.

Sobre o álbum:

Released : AFM Records

Lançamento Mundial: 22 de Fevereiro de 2019

Gênero: Symphonic Power Metal

Site oficial:  https://www.rhapsodyoffire.com/

Facebook:  https://www.facebook.com/rhapsodyoffire

Line Up:

Giacomo Voli – Vocals

Roberto De Micheli – Guitars

Alessandro Sala – Bass

Alex Staropoli – Keyboards

Manuel Lotter – Drums

Tracklist:

1. Abyss of Pain

2. Seven Heroic Deeds

3. Master of Peace

4. Rain of Fury

5. White Wizard

6. Warrior Heart

7. The Courage to Forgive

8. March Against the Tyrant

9. Clash of Times

10. The Legend Goes On

11. The Wind, the Rain and the Moon

12. Tales of a Hero’s Fate

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.