Parasita é um longa que muita gente pensa que saiu do nada, o filme que ganhou basicamente tudo que concorreu em diversas premiações mundo afora. Mas este blockbuster aparentemente não saiu do nada.
A produção sul-coreano Parasita fez história na cerimônia do Oscar, ontem (9), em Los Angeles, ao se tornar a primeira película em língua estrangeira a obter a premiação de melhor filme, conquistando ainda outras três categorias, incluindo a de melhor diretor.
Nenhum filme estrangeiro jamais havia conquistado a premiação máxima nos 91 anos da academia de cinema.
Eu posso até argumentar que se a pessoa escreve ou fala que não sabia sobre Parasite, basicamente foi porque ela está acostumada apenas a assistir produções americanos. Penso que podemos colocar isso como um dos pontos, mas além disso, existem outros e meu foco para esse texto não é para falar disso.
Quem gosta de cinema, o mínimo que for, sabe os motivos que levou Parasite a vencer quatro prêmios da Academia dos seis que estavam concorrendo noite passada. Ele é o melhor filme de 2019 e eu já escrevi sobre isso também, leia aqui.
O mundo agora sabe até pronunciar corretamente Bong Joon-ho, e se vamos falar do filme do ano, nada como começar pelo seu criador. O sul-coreano já é veterano na indústria, escreveu e dirigiu filmes que são clássicos e revolucionários como The Host e Snowpiercer, além disso, ele é o diretor do original e exclusivo Netflix, Okja.
Ele tem uma narrativa própria de contar suas histórias, mas em Parasita Joon-ho conseguiu fazer uma obra de arte; retratando com ironia, sátira, agudeza e tensão máxima como a sociedade vive no século XXI.
Outro segredo do filme é que muita gente o assistiu sem saber quase nada do que se tratava Parasite. Além de diversos elementos narrativos que Bong Joo-ho vai soltando enquanto criar plot por cima plot. Esse tipo de cinema, esse tipo de quebra de perspectiva, Hollywood não sabe ou não gosta mais de fazer.
Chama atenção em particular que Parasite, igual a Nós, Coringa, centra em mostrar claramente o retrato da distinção entre classes sociais. Você enxerga isso quase como se fosse um ressentimento a desigualdade. Tem cheiro, tem sabor.
Onde os pobres e oprimidos sofrem a absoluta indiferença de um sistema articulado para manter os ricos mais ricos. Mas talvez a liga que transformou Parasite neste fenômeno e talvez o elemento mais curioso, é a obsessão de Bong Joon-ho pelas mudanças climáticas. É um tema vigente em todas suas obras. Em Parasite esse tema se mostra mais cru, o diretor mostra sua preocupação com o clima quando faz os contrastes entre as duas classes.
Parasite é sutil na forma com vai montando suas peças. O objeto apresentado como símbolo de esperança e bem-estar futuro acaba adquirindo outra nuance muito diferente. Exemplo disso é como a dona da casa rica cria um caso sem sentido sobre a posição de cadeiras para seu jardim.
Existe até uma interação muito forte entre o primeiro e o último ato. Com uma reflexão sobre o acesso à luz solar. Antes e depois do ato final. Basicamente um contraste entre esperança e medo.
Bong Joon-ho tem uma longa história com filmes que contam histórias com monstros. E em Parasite isso não é exceção. Aqui eles são humanos.
Siga o meu conselho ao menos uma vez. Assista ao filme.
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