Berserker Unbound tem potencial para se tornar uma grande saga, principalmente, pela qualidade incontestável de seus criadores, já que Jeff Lemire e Mike Deodato Jr. dispensam comentários. Mas, no primeiro momento, a trama que traz um guerreiro bárbaro para os tempos atuais parece mais um grande prólogo, sendo mais uma promessa de uma boa história por vir do que uma boa trama em si.
Se vamos falar sobre Berserker Unbound, temos que tirar o elefante da sala. Sim, a trama é uma mistura de Conan, personagem de Robert E. Howard, e Samurai Jack, clássico desenho do Cartoon Network, criado por Genndy Tartakovsky há quase duas década.
Em Berserker Unbound, temos um rei bárbaro que, após uma luta com forças místicas, encontra em uma caverna runas que o mandam para outro mundo, no caso, o nosso mundo moderno, em uma grande metrópole do século XXI.
Basicamente, o que Samurai Jack fez com maestria, para quem conheceu a animação.
Poderíamos esperar vários conflitos, onde os costumes e atitudes dos personagens se chocariam, em uma grande trama. Pena que isso não ocorra no primeiro momento de Berserker Unbound.
O escritor Jeff Lemire decidiu conter (e muito) a escala da história, tornando-a mais centrada na relação entre o bárbaro e um sem-teto, que o auxilia no nosso mundo.
Na verdade, nas 4 edições presentes nesse encadernado lançado no Brasil pela editora Mino, temos a impressão que tudo não passa de um prólogo de uma história maior (e estou verdadeiramente torcendo para que a dupla dê prosseguimento ao trabalho desenvolvido aqui).
A vontade de que Berserker Unbound se torne algo maior nos é trazida pelos desenhos explosivos de Mike Deodato Jr. As cenas de ação, a narrativa fluída e as ótima colorização de Frank Martins fazem com que fiquemos magnetizados nos desenhos, que são bastante favorecidos pelo tamanho que a edição da Mino tem (29,4 x 19,4 cm), contando também com as capas originais e alternativas, além de um sketchbook comentado por Jeff Lemire.
Berserker Unbound é uma leitura boa, e só. Não é marcante, pelas várias situações desperdiçadas. Quando paramos para pensar que temos dois artistas de alto calibre cuidando de uma história original de espada e feitiçaria, mas que nos entregam apenas um feijão com arroz, em especial, pelo texto de Lemire, o leitor pode se decepcionar. Mas não pode falar que a leitura não é agradável, só não é tão fantástica quanto poderia (e deveria) ser.
Ficha Técnica
- Capa dura, com 136 páginas
- Editora Mino
- Lançamento em março de 2020
- Preço de capa: R$ 74,90
- Tamanho: 29,4 x 19,4 x 1,2 cm
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