Quando a editora Abril interrompeu a publicação dos quadrinhos da linha Walt Disney, em junho de 2018, encerrando uma tradição editorial de quase sete décadas, os leitores se perguntaram qual destino Pato Donald e companhia teria em terras tupiniquins. O mistério perdurou até dezembro do mesmo ano, quando a Culturama anunciou o licenciamento da linha Disney, com os primeiros títulos saindo em março de 2019.
Desde então, as revistas mensais de Mickey, Tio Patinhas e Pateta, entre outros personagens, têm chegado nas bancas Brasil afora, além de outros pontos de venda, como padaria e supermercado, conforme a lógica comercial da editora gaúcha. Ainda assim, uma dúvida persistiu: E as publicações especiais, com acabamento de luxo? Afinal, a Abril começara a explorar esse filão com bastante êxito nos seus últimos anos em atividade, seja com volumes especiais como a consagrada “Saga do Tio Patinhas“, criação de Don Rosa; seja com coleções como “Os Anos de Ouro do Mickey“.
No fim, coube à editora Panini abraçar essa linha de produtos, mais voltada para livrarias. E, em respeito aos colecionadores, não só deu continuidade às séries iniciadas como também ofereceu títulos que exploram tanto materiais clássicos já editados previamente pela Abril quanto histórias inéditas.
A seguir listo três sugestões de leitura para quem se interessa pelos personagens Disney mas não sabe por onde começar:
– Coleção Carl Barks: essa é, sem dúvidas, o grande destaque no catálogo Disney continuado pela Panini após abandono editorial pela Abril. Com previsão de 32 volumes, teve 10 edições lançadas pela Abril. Já a Panini publicou outros 8, alcançando a coleção original americana na qual se espelha, editada pela Fantagraphics e em andamento. Reunindo histórias publicadas entre 1942 e 1967, é um item indispensável para qualquer fã de quadrinhos. O trabalho de Barks, reverenciado por inúmeros artistas, é dinâmico, criativo e instigante. Um dos três primeiros artistas incluídos no Will Eisner Hall da Fama dos Quadrinhos, o chamado “Pai dos Patos” foi responsável pela criação de Patópolis e toda uma miríade de coadjuvantes, com personalidade própria explorada e aprofundada a cada história. Cada volume apresenta extras analisando os enredos e aspectos gráficos, as circunstâncias de publicação e outras curiosidades.
– Graphic Disney: o diferencial desse selo é a publicação de histórias fechadas, com propostas mais “artísticas”, reproduzindo muitas vezes adaptações literárias, obviamente, dentro dos parâmetros Disney. O primeiro volume lançado, “Pé na Estrada”, dá mostras claras disso (já resenhei esse material aqui, inclusive). Outros clássicos literários contemplados são “Moby Dick”, “Drácula”, “A Ilha do Tesouro” e “Metrópolis”. O formato grande permite apreciar a arte com mais detalhes, valorizando o trabalho de nomes consagrados como Casty e Paolo Mottura.
– Ducktales, os Caçadores de Aventura: diferente do encadernado de luxo lançado pela Abril, que trazia histórias inspiradas na primeira versão animada de “Ducktales”, os volumes publicados pela Panini (quatro até o momento) exploram a ambientação apresentada na nova encarnação do desenho animado, lançada em 2017. O traço estilizado e as mudanças sutis em algumas caracterizações podem incomodar os mais saudosistas, mas o ritmo acelerado dos enredos, escritos em sua maioria por Joe Caramagna, dão o tom da série.
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