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Crítica | The Fratellis – Half Drunk Under a Full Moon

No começo dos anos 2000, a cena do indie rock foi balizada por aquelas bandas que se tornariam as grandes referências de sonoridade, mudanças, postura, hiatos e retomadas. Desse modo, abaixo de nomes como Strokes, Libertines e Arctic Monkeys, uma miríade de grupos cavava seu lugar na trincheira do famigerado “rock alternativo”.

Muitas se perderam pelo caminho, como o The Rakes e o The Enemy, conforme a relevância e apelo radiofônico morriam a cada single lançado. Outras perseveraram, por sorte e mérito, construindo no processo uma discografia consistente e inventiva. É o caso do The Fratellis, que chega agora ao seu sexto disco surpreendendo os fãs com uma sonoridade elegante, calcada no som que os anos 1960 nos legou.

Tendo estourado logo de cara com “Chelsea Dagger”, extraída do trabalho de estreia, “Costello Music”, o trio escocês optou, no primeiro momento, por seguir na trilha segura do rock acelerado, com bons riffs e um refrão que ecoa na memória do ouvinte por dias a fio. “Here We Stand” foi pródigo na apresentação de hits matadores, mas a pausa na carreira da banda interrompeu a ascensão na escala dos shows. “We Need Medicine” trouxe uma banda ainda afiada, mas os propósitos musicais, aos poucos, se revelaram outros.

No quarto esforço após a retomada dos trabalhos, “Half Drunk Under a Full Moon”, o Fratellis vem maduro, deliciosamente retrô, apostando na harmonia vocal e na emulação eficiente dos grandes standards sessentistas, preservando ao mesmo tempo sua identidade musical.

A faixa-título, por exemplo, cintila com uma grandiosidade tão arrebatadora que pega o ouvinte de surpresa. Apresenta uma banda diferente, mas com implicações de uma nova direção e uma extravagância que é difícil de rejeitar. Já “Strangers in the Street” bebe na fonte de um Burt Bacharach produzido pelo Phil Spector que marcara o estilo wall of sound na História.

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Need a Little Love” carrega notas alegres enquanto o refrão reforça a contrariedade do amor não correspondido enquanto “The Last Songbird” prende a atenção com uma estrutura lírica ondulante. E se “Oh Roxy” cansa um pouco por sua falta de originalidade, a banda compensa com as joias “Living in the Dark”, ousadamente alegre ao cantar o amor que salva, e “Hello Stranger”, que constrói logo nos primeiros acordes o compasso apoteótico, que cresce à medida que a canção avança.

Adiado por mais de um ano devido à pandemia, “Half Drunk Under a Full Moon” atende com louvor as expectativas dos fãs e expande o potencial do Fratellis para além da audiência fiel, ao entregar melodias doces e nostálgicas, numa agradável pausa de sua agitação usual.

Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br