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Resenha: Alien: Romulus – A Ressurreição que Precisávamos (E Merecíamos)

Analisamos como o retorno ao terror claustrofóbico e aos efeitos práticos fez deste o melhor filme da saga em décadas, explicando seu lugar exato na linha do tempo.

Romulus

Como viram, não falei quase nada sobre Alien: Romulus no post sobre a franquia. Eu tenho esse texto escrito há um ano. Espero que continue atual. Boa leitura.

Alien: Romulus (2024)  não tenta reinventar a roda. Ele pega essa roda, a enche de dentes afiados, cobre com gosma ácida e a joga na sua cara em um corredor escuro. E é exatamente por isso que funciona tão bem. O filme é um retorno triunfante à essência da franquia: claustrofobia, terror corporal e a luta desesperada pela sobrevivência contra o organismo perfeito.

A trama é elegantemente simples: um grupo de jovens catadores de sucata espacial (ratos de estação) decide explorar uma gigantesca e abandonada estação de pesquisa da Weyland-Yutani chamada “Romulus”. O prêmio? Tecnologia e recursos que poderiam mudar suas vidas. O risco? Bem, a estação não está tão abandonada assim. O que eles encontram é um laboratório de horrores, um eco da ganância corporativa e, claro, o resultado mais letal de seus experimentos.

Fede Álvarez (O Homem nas Trevas, A Morte do Demônio) mostra que ele nasceu para dirigir este filme. A tensão é construída de forma magistral, usando o silêncio e o design de som de maneira tão eficaz quanto o Xenomorfo usa as sombras. O grande trunfo é a aposta em efeitos práticos. O Xenomorfo baba de verdade, o sangue ácido queima de verdade, os casulos parecem organicamente nojentos. A criatura recupera sua presença física e aterrorizante que havia se perdido um pouco na computação gráfica dos filmes anteriores.

O elenco jovem, liderado por uma performance fantástica de Cailee Spaeny, traz uma energia diferente. Eles não são fuzileiros experientes ou cientistas com doutorado; são jovens, impulsivos e desesperados, o que torna cada decisão questionável e cada morte mais impactante. Romulus consegue o equilíbrio perfeito entre a caçada lenta e aterrorizante do primeiro Alien e a ação visceral e explosiva de Aliens.

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Onde Alien: Romulus se encaixa na Linha do Tempo? Esta foi, talvez, a decisão mais genial da produção. Alien: Romulus se passa no ano de 2142. Para contextualizar: Alien: O Oitavo Passageiro ocorre em 2122 e Aliens: O Resgate ocorre em 2179.

O filme se encaixa perfeitamente no hiato de 57 anos em que Ripley esteve à deriva no espaço em hipersono. Ele está situado 20 anos depois dos eventos da Nostromo e 37 anos antes do massacre em Hadley’s Hope.

Essa escolha é brilhante porque não precisa se preocupar com a história de Ripley ou com a mitologia complexa dos Engenheiros. É uma história autocontida de terror. Mostra que o universo Alien é vasto e que o Xenomorfo era um “segredo sujo” e um mito aterrorizante nos confins do espaço muito antes de se tornar o problema pessoal de Ripley. Para os personagens do filme, o Xenomorfo é uma força da natureza completamente desconhecida. Eles não têm um manual de instruções. Isso devolve à criatura o status de “bicho-papão” que o primeiro filme estabeleceu com tanto sucesso.

 

Romulus não foi apenas um sucesso; foi um desfibrilador no peito da franquia. A razão para isso é multifacetada, mas pode ser resumida em alguns pontos-chave: O filme entendeu que a força de Alien não está em explicar a origem de tudo, mas na simplicidade do conceito “casa mal-assombrada no espaço”. Menos filosofia, mais Facehuggers. A tecnologia, o design de produção, o som dos computadores, a presença sinistra da Weyland-Yutani… tudo parece e soa como o universo original de 1979. No entanto, a história é nova e os personagens são inéditos. Ele homenageia o original sem ser uma cópia carbono.  Um diretor que é fã genuíno e entende que o horror da franquia é prático, sujo e tátil. A paixão dele pelo material transparece em cada frame. Não é à toa que tanto Ridley Scott quanto James Cameron viram o filme antes do lançamento e deram suas bênçãos, com Cameron chegando a chamá-lo de “fucking great”. Isso deu uma credibilidade imensa ao projeto. Você não precisa ter visto nenhum outro filme da franquia para entender e se apavorar com Romulus. Isso abriu as portas para uma nova geração de fãs, algo que os prequels, com sua trama intrincada, não conseguiram fazer.

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Em suma, Alien: Romulus reviveu a franquia porque lembrou a todos do que se tratava em primeiro lugar: o medo puro e primordial de ser caçado por algo implacável, incompreensível e inevitável em um lugar onde ninguém pode te ouvir gritar.

Ele não apenas fez um bom filme Alien. Ele fez a prova de que o Xenomorfo, quando tratado com o respeito e a ferocidade que merece, continua sendo o maior monstro da história do cinema. Agora, preciso verificar a quarentena da minha nave. Por precaução.

 

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.