A editora Mythos acaba de anunciar sua nova revista mensal, intitulada Heavy Metal e os nerd de plantão ficaram em polvorosa! Isso porque a galera antenada sabe que no momento em que se fala em “quadrinhos” e “metal” na mesma sentença, a primeira coisa que vem à mente NÃO é o Noite das Trevas – Metal, do Snyder. A gente logo lembra da épica revista francesa Metal Hurlant (que começou a ser publicada em dezembro de 1974), de onde saíram obras primas como os quadrinhos de Moebius, Richard Corben, Alejandro Jodorowsky, Enki Bilal, Caza, Serge Clerc, Alain Voss, Berni Wrightson, Milo Manara, Frank Margerin, Masse, Chantal Montellier e muitos outros.
Em 1977, é criada a revista Heavy Metal, uma versão americana que apresentou outros autores europeus, como o italiano Paolo Serpiere, com sua Druuna, e títulos como Ranxerox. O título norte-americano, inclusive, popularizou a revista pelo mundo, inclusive no Brasil.
Eis, então, que hoje surge um problema entre os mais exaltados fãs da revista: apesar de qualquer boa intenção da Mythos, disponibilizando um novo título mensal nas bancas, os conhecedores da Metal Hurlant já descobriram que o lançamento não é vinculada à revista francesa, mas sim à 2000 AD, título que contou com autores como Pat Mills, Alan Moore e personagens como Juiz Dredd (que inclusive teve uma revista mensal publicada pela Mythos aqui no Brasil, há pouco tempo).
Apesar do material da 2000 Ad ser, inegavelmente, de qualidade, a utilização do título que faz referência à Metal Hurlant francesa (ou Heavy Metal americana ) não causou boa impressão entre grande parte do público. Alguns mais raivosos nas redes sociais já desejam que a revista “flop”, quer dizer, que a iniciativa fracasse e não seja longeva.
O editor Júlio Monteiro de Oliveira explica no editorial da revista (publicado na íntegra, ao final desta matéria) que “a nossa Heavy Metal busca honrar e reavivar essa lenda”, que é o título original francês. Cita ainda que a versão norte americana, a Heavy Metal Magazine também começou inspirada na revista europeia. Talvez esse título seja mais conhecida entre o grande público no Brasil, já que a Heavy Metal fez bastante sucesso por aqui, tendo lançado 24 edições em bancas, entre 1995 e 1999, além de especiais, como as 4 da Druuna.
Júlio comentou em um post no facebook que “nunca prometemos a Heavy Metal Magazine. E o próprio editorial explica a proposta da revista. São materiais incríveis, com uma pegada experimental e bem metal. Se a iniciativa der certo, vamos fazer o mesmo com materiais de outras editoras” Disse ainda que:
Nós procuramos o editor Júlio Oliveira para mais algumas perguntas.
5C. Você fala no editorial da Heavy Metal sobre uma “bigorna dos quadrinhos, uma forja de títulos clássicos” e cita que a Heavy Metal norte americana também seria uma revista inspirada na francesa Metal Hurlant. O que tem incomodado algumas pessoas é que boa parte delas poderiam comprar a revista da Mythos antes de ler o editorial e se sentirem enganados. O que pode dizer sobre isso?
Júlio Monteiro Oliveira. Que as pessoas não deveriam ser tão apressadas em julgar. Primeiro que em nenhum momento prometemos a “verdadeira” Heavy Metal. Inclusive, tínhamos pensado num logo original que decidimos estar causando confusão, e optamos por um que não lembrasse em nada a proposta da revista original, pois nunca houve essa intenção. Segundo que a capa mostra de maneira proeminente o logo da 2000 AD, Não houve a intenção de esconder… os teasers foram para gerar interesse, e apenas isso. No mais, vamos divulgar cada vez mais esses materiais e a intenção da nossa revista, de fazer uma Heavy Metal original e nossa, com materiais realmente revolucionários, coisa que a Heavy Metal Megazine não é há anos.
5C. O Brasil já teve um título chamado Metal Pesado e, aparentemente nunca houve essa confusão. É uma proposta parecida? Com relação a isso, podemos esperar algum material nacional nessa nova Heavy Metal?
JO. De certa forma. Eu não gosto do nome Metal Pesado, independente de não gerar confusão ou não. Nunca achei que tinha força. A nossa revista é estrutura em temporadas, e cada temporada é uma chance para materiais novos. A ideia é em futuras temporadas contar com o material de novas editoras e também se encontrarmos algo bom e que tenha o DNA da revista, de produção nacional.
3. Vi insinuações de que a Heavy Metal seria um local para publicar os gibis que a Mythos já havia adquirido em contratos anteriores, sugerindo que o título possa ser uma reformulação da extinta Juiz Dredd Magazine. Quais as semelhanças e diferenças entre essas duas publicações?
JO. Quanto a sua pergunta final, é só para mostrar que há um total desconhecimento de como funciona o licenciamento de quadrinhos: o material da Juiz Dredd Megazine era licenciado para publicação em até 6 meses, e consistia exatamente do que ia sair nos próximos seis números da revista. Não sobrou nada que não utilizamos lá. Esse material foi todo pensado para uma revista com o nome e a cara da Heavy Metal. Mesmo o Sláine, não é o Sláine clássico de quarenta anos atrás. É uma fase bem recente, com uma arte moderna, com um visual bem rock n roll, impossível de ser feito antes. A escolha da 2000 AD para começar a parceria é que ela tinha uma riqueza de materiais visto que está atualmente na edição 2089. Também é uma parceria antiga e já firmada, o que facilitou fazermos algo assim. Aliás, eles sabem que estamos usando o nome Heavy Metal, que registramos esse nome (a marca Heavy Metal para o segmento de publicações é da Mythos) e a única coisa que eles requisitaram de nós é o que já iríamos fazer desde o começo: Colocar o logo na primeira e na quarta capa, como fazemos com todas as publicações deles desde sempre.
Conclusão pessoal
O que você acha de tudo isso? Se posso dar minha opinião, acho que a confusão que aconteceu entre os leitores, apesar da logomarca dos títulos das revistas envolvidas ser bem diferente e de ainda constar estampado na capa da revista a logo da 2000AD, a confusão era, no mínimo, um marketing esperado. Claro que nenhum vendedor honesto quer enganar seu público, mas a Mythos quis pegar essa onda, mesmo deixando claro, em detalhes não tão pequenos assim, que se trata de um outro produto. “Heavy Metal” era um nome disponível? Sim, mas se a Mythos comprou o ingresso e chamou a galera pro fight, tem que aguentar a birra.
No mais, agradecer a disponibilidade do editor Júlio Monteiro e desejar que todos nos divirtamos com o gibi! Que seja bom e duradouro.
Leia agora o editorial de Heavy Metal, na íntegra:
ta errado isso ae
como disse o thiago ferreira do comix zone é querer gozar com o pau dos outros