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Resenha | Hellboy e o B.P.D.P 1953

Com histórias curtas de terror, que são a marca do personagem, que se passam na Inglaterra e uma história maior em uma América idílica, com direito a cidadezinha dos anos 1950, prometendo uma trama maior pela frente, Hellboy e o B.P.D.P 1953 é um excelente encadernado que dá prosseguimento ao projeto de Mike Mignola em contar os primeiros anos da cria do inferno.

 

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Dificilmente, um leitor de quadrinhos não conhece o nome Hellboy. Criado em 1994 por Mike Mignola, o personagem é famoso pela imensa coleção de prêmios Eisner (o oscar do quadrinhos) que suas histórias possuem, pelas histórias de terror, muitas vezes envolvendo uma atmosfera lovecraftiana, e o pelo traço único de seu criador, que se inspira muito no expressionismo alemão para compor suas capas e quadros.

Ou seja, os elementos que compõe uma boa histórias de Hellboy são facilmente identificáveis: terror, inspiração em H.P. Lovecraft e a atmosfera sombria que o traço de Mignola traz.

Então, Hellboy e o B.P.D.P. é, em parte, um prato cheio para o leitor que quer continuar acompanhando as aventuras do personagem, já que suas histórias se passam em um passado distante, no começo da carreira do herói demoníaco.

 

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Aqui, das 06 histórias presentes no encadernado (A mão fantasma, Carne viva e ossos sangrentos, A bruxa enforcada, O kelpie, Almas perdidas e Além dos Jardins), em 04 encontramos o Hellboy “raiz”, ou seja, em sua essência.

Com roteiro do próprio Mignola, A mão fantasma, Carne viva e ossos sangrentos, A bruxa enforcada e O kelpie são o modelo de história tradicional do personagem. Tramas curtas de terror, envolvendo o folclore local, nesse caso, na Inglaterra, e com desenhos que criam a atmosfera perfeita. Só que quem assume o traço nelas não é o criador de Hellboy, e sim o competente Ben Stenbeck, que emula muito bem os desenhos e atmosfera de Mignola com o vermelhão, mesmo seu traço sendo mais detalhado e ágil do que o do desenhista original.

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A proposta de contar os primeiros anos de Hellboy no Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal, ao lado de seu pai e mentor, o professor Bruttenholm, é um prato cheio para trabalhar várias passagens na vida do personagem, e B.P.D.P. 1953 se foca no segundo ano dessa carreira como detetive do sobrenatural, focando inicialmente em tramas que se passam na Inglaterra.

 

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Porém, as histórias fechadas e a visita à Inglaterra duram pouco. Com a chegada do escritor Chris Roberson (criador da ótima hq IZombie), que divide o roteiro com Mignola, o foco passa a ser maior, dando continuidade ao que vimos em volumes como B.P.D.P Origens: 1946-1947.

Isso porque em Além dos Jardins acompanhamos Hellboy em uma cidadezinha do interior americano, saída diretamente dos anos 1950, vista em muitas obras que envolvem esse período nos EUA e, também, contextualizadas na época da guerra fria. É assim que muitos elementos anteriormente usados em tramas anteriores aparecerão, alguns até inéditos no Brasil.

Talvez, Além dos Jardins seja a história que pode decepcionar o leitor habitual de Hellboy, já que a caçada ao demônio que está raptando moradores envolve um clima mais colorido e vibrante, contando com um final em aberto, o qual promete continuar no próximo volume. Ou seja, destoa muito do que foi feito com o personagem até então: histórias mais longas. Não que isso seja novidade já que arcos mais longos como A caçada selvagem, que levou diretamente para a morte de Hellboy, já foram trabalhados em outras edições.

 

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Isso significa que a história é ruim? Longe disso, mas não podemos deixar de apontar o estranhamento que o leitor sentirá ao ler Além dos Jardins.

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Mas essa história, em 03 partes, tem em seu desenhista o real destaque. Novamente, Mignola sede espaço para outro assumir o traço, e quem faz a vez é Paolo Rivera, conhecido por ter ganho um Eisner ao lado de Mark Waid na fase do Demolidor pela Marvel Comics.

E ele é o responsável por deixar a história Além dos Jardins com um aspecto vibrante e condizente com os idílicos anos 1950, além de imprimir uma agilidade nos quadros que transforma a caçada pelo monstro em uma grande história de ação.

 

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Na parte editorial, os fãs não podem reclamar do trabalho que a Mythos tem tendo com os volumes de Hellboy. Com as capas originais, editoriais, entrevistas com os autores, informações ao final da página para elucidar algo nas histórias e uma série de extras, a editora tem um cuidado especial com a cria do inferno, fazendo Hellboy e o B.P.D.P. 1953 ser um volume caprichado.

 

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Contando com histórias que mostram aos fãs e aos não leitores habituais a essência do personagem e uma história maior (Além dos jardins) que se propõe a construir um grande arco, o volume Hellboy e o B.P.D.P. 1953 é um volume bem trabalhado pela editora e demonstra como novos escritores e artistas tendem a acrescentar ao trabalharem com a criação de Mike Mignola, mesmo que essas parcerias levem o personagem para longe da sua zona de conforto, causando estranhamento.

 

Cover Image

 

Ficha Técnica

  • Capa dura, com 172 páginas.
  • Editora Mythos.
  • Lançamento em junho de 2019.
  • Preço de capa: R$ 69,90.
  • Tamanho: 26,6 x 17,2 x 1,4 cm.
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.