Primeiro e antes de qualquer coisa, não existe nenhuma dúvida sobre o merecimento da Jane Foster em receber o Martelo Mjolnir e ser a Deusa do Trovão, Thor. Ponto.
No último dia 20, na San Diego Comic-Con, a Marvel fez novamente história com seu painel de lançamentos e anúncios, um momento que fez os fãs vibrarem foi Natalie Portman triunfantemente segurando o martelo do Thor, Mjölnir, significando que Jane Foster receberá o manto de “Mighty Thor” de seu ex, Thor Odinson (Chris Hemsworth), no próximo filme do Deus (Agora Deusa) do Trovão de Taika Waititi, Thor: Amor e Trovão.
Isso soou para muitos fãs como algo fenomenal, mas grande parte da internet enxergou aquilo tudo como mais uma “lacração da marvel”, alguns ficaram confusos sobre essa escolha, mas calma, que explicarei algumas coisas bem básicas sobre a importância disso tudo.
Qualquer pessoa que acompanhou as aventuras de Thor nos quadrinhos, há, pelo menos, os últimos seis anos, provavelmente sabe quem é Jason Aaron e Russel Deuterman. O que esses dois caras fizeram para o universo do Deus do Trovão nos Quadrinhos e como a Marvel conseguiu tirar um herói que estava no ostracismo para o panteão de campões de vendas da editora.
Eu sei que muita gente não ler quadrinhos, mas dizer que não conhece as histórias da Jane Foster como Thor é uma piada grotesca. Já que desde que lançaram o gibi, 2014, ele sempre aparece nas listas dos mais vendidos, em notícias e sites de cultura pop – principalmente nas redes sociais. Usando apenas um exemplo, peguei o site do Omelete e procurei: Jane Foster Thor. Se você gosta da Marvel por todos esses anos no cinema e nunca ouviu falar que o Thor já foi uma mulher, por favor, sua vida foi um erro até hoje.
A Jane Foster tem raízes profundas nos quadrinhos de Thor. Ela originalmente estreou em na edição Journey in Mystery # 84 (era assim que se chamava a revista do Thor na época), em setembro de 1962. Criada por Stan Lee e Larry Lieber, com o artista e Deus, Jack Kirby, era originalmente uma enfermeira que ao longo dos anos tornou-se médica.
A primeira vez que ela empunhou o Martelo nem foi anos atrás, mas 1978 no quadrinho “What If” de 1978. Aqui no Brasil essas edições ficaram famosas como: O que Aconteceria Se…, é uma série de histórias em quadrinhos cujas histórias exploram a forma como o Universo Marvel poderia ter se desenrolado se certos momentos-chave de sua história não tivessem ocorrido, como fizeram em continuidade de edições principais. No entanto, foi a história de Aaron e Dauterman que fez a mudança na continuidade oficial do Thor.
A história de 2014 seguiu o evento épico barra crossover abrangendo vários quadrinhos da Marvel que giravam em torno da misteriosa morte de Uatu, o Vigia, em sua base lunar (Pecado Original). Conforme a história se desenrolava, Thor não era mais digno de manejar Mjölnir e o martelo foi abandonado na lua.
Depois do Pecado Original, os Gigantes do Gelo invadem a Terra e um novo Mighty Thor, no caso, uma nova, chega para salvar o dia. Nos primeiros sete números, sua identidade foi um mistério até para os leitores. O Thor original, Odinson, inicialmente tenta recuperar seu Martelo e manto de Deus do Trovão, mas eventualmente reconhece que ela é mais digna que ele depois de vê-la em ação.
Ao longo dos quadrinhos, Odinson tenta descobrir a verdadeira identidade desta nova Mighty Thor. Ele suspeita da Jane, claro, mas a descarta porque ela está em tratamento quimioterápico para um câncer de mama e, na sua opinião, está enfraquecida para fazer tais proezas. Na edição # 8, após um confronto, Odinson implora a nova Thor que revele sua verdadeira identidade. É então que descobrimos que a nova Mighty Thor é, na verdade, Jane.
Além disso, sabemos que Jane está morrendo por causa câncer de mama e ser a deusa do trovão só agrava sua condição. Quando ela se transforma, elimina todas as “toxinas” – incluindo a químio – de seu corpo, mas quando volta ser apenas Jane Foster, seu corpo é devastado pela doença mais rápido. Um dos momentos mais dramáticos e belos do quadrinho é quando ela fala: “Eu sou a Dra. Jane Foster. E não vou deixar de ser a poderosa Thor. Mesmo que isso esteja me matando.”
Ela continua como Thor, ainda ganha uma carteira dos Vingadores como membro oficial. Seu câncer também continua a se espalhar. Eventualmente, enquanto trabalhava ao lado do Doutor Estranho para tratar tumores místicos em seus ex-pacientes, a doença de Jane se torna tão grave que Strange avisa que se tornar Thor novamente provavelmente a matará. Mas quando o vilão Mangog ataca Asgard, ela vai para o combate sacrificando o Mjölnir – e sua vida – para derrotar o inimigo.
Mas ninguém morre nos quadrinhos, não é? E Odinson e Odin revivem a Jane e o Thor original se torna digno o suficiente para recuperar o manto do Deus do Trovão. Jane decide se concentrar em sua saúde e, eventualmente, seu câncer entra em remissão.
O que isso significa para o UCM? Nada. Ninguém sabe como o Taika Watiti fará sua versão de Portman do personagem sofrendo uma doença semelhante ou se esta Jane se tornará Thor sem lutar simultaneamente contra o câncer. Os fãs infelizmente a viram principalmente em um papel secundário (apesar dos esforços de Thor: O Mundo Sombrio para dar a ela um papel mais substancial), se querem saber como a Natalie Portman é de verdade, vejam uma versão inesperada da atriz.
Para completar as informações, nos quadrinhos, a
se transforma em uma valquíria na saga “Guerra dos Reinos” depois de conhecer a Valquíria original. A Tessa Thompson também está confirmada em Thor: Love And Thuner. Agora pensem um pouco, não está complexo.
Em entrevista à CNN, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, afirmou que a ideia partiu de Waititi, que gostou muito dos quadrinhos em que a personagem assume o título de Thor:
“Amamos a história – é uma das melhores fases das HQs recentes. [Taika Waititi] leu tudo enquanto gravava Thor: Ragnarok. Acho que quando ele aceitou voltar e fazer outro Thor estava meio ‘Como nós [faremos]?’. Esse é um filme bem grande que vai envolver vários elementos, e essa é uma parte muito importante. Ele nos sugeriu e nós embarcamos totalmente. Amamos, então entramos em contato com Natalie. Ela é parte da família MCU, então colocamos ela e Taika juntos. Levou uma reunião para que ela aceitasse participar.”
Machismo e preconceito não se combate com violência, mas com informação e a Jane Foster da Natalie Portman merece todo nosso carinho e respeito.
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