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A Lenda de Drizzt | Resenha Do Romance Digital

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Agora disponível para compra em formato Digital, a Lenda de Drizzt conta uma linda história de auto-descobrimento.

Capa do Romance. Editora Jambô.

O mundo pode ser um lugar obscuro e violento. Isso não deve ser segredo para nenhum dos leitores. É por isso que muitos, durante seu amadurecimento, escolhem a fantasia para ajudar a si mesmos a lidar com a dureza da realidade. E eventualmente dentro desta fantasia, pensamos sobre situações do mundo real. Crescemos. E são estas fantasias que ficam na nossa memória por boa parte de nossas vidas. A lenda de Drizzt é uma destas fantasias. Já escrevemos anteriormente sobre o personagem em outro texto. Este texto é uma resenha sobre, especificamente, a trilogia protagonizado por este carismático Elfo Negro.

Embora a história conte com Elfos Negros, sociedades subterrâneas e magia não se engane: É uma série sobre amadurecimento.

O grande tema que permeia toda a trilogia não são os Drow. Não são as violências perpetuadas por eles, ou sequer sobre sua sociedade. Apesar de R.A. Salvatore de fato desenvolver estes tópicos de maneira mais que satisfatória para qualquer leitor ou jogador de D&D, o tema da série está no conflito interno do protagonista, Drizzt. Ele nasceu em uma realidade violenta, brutal, onde a busca pelo poder vai até as últimas consequências. Uma realidade que não o deseja, desde sua família até a sociedade. Seja a sociedade subterrânea matriarcal baseada em “máfias” familiares de Menzoberrazan (onde nasceu), seja na superfície, o protagonista sempre é marginalizado, e sempre busca um lugar para ficar.

E você não precisa saber de nada sobre D&D para entender isso. O autor não assume qualquer conhecimento prévio sobre o jogo ou o cenário que baseiam sua obra, sendo uma excelente porta de entrada ao cenário ou à leitura de uma forma geral. Mas não se engane leitor: Esta é uma obra claramente focada no público juvenil. Embora temas como Natureza versus Criação existam quanto à origem da bússola moral de Drizzt Do’Urden, eles são bastante tímidos em relação à prosa constantemente cheia de ação de R. A. Salvatore.

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Uma coisa que também deve ficar clara é que Drizzt não é um anti-herói. Ele é um herói e protagonista com H maiúsculo. Embora o conceito de seu personagem se assemelhe muito a Elric de Melniboné (um pária de uma civilização Violenta que se vê confrontado com esta realidade), Drizzt cumpre o papel de um “mocinho incompreendido”, ao contrário do personagem de Moorcock.

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Você não vai ver Drizzt dizendo essas coisas. Elric de Melniboné.

“Todas as histórias de ficção, por mais fantasiosas que sejam, são sobre humanos.”

Esta é uma frase do finado Stan Lee, e nada torna ela mais evidente do que esta série. Um pária de sua sociedade, que busca seu lugar neste mundo enquanto é constantemente incompreendido. Se isto soa como adolescência pra você, você não está errado. Não tenho dúvidas que a vida do próprio autor como filho de imigrantes italianos deva ter influenciado fortemente no desenvolvimento da trama e do personagem. E também a quem esta obra é direcionada: A qualquer um que se identifique com Drizzt.

Já para os fãs de RPG mais velhos, também poderão encontrar um prato cheio de conteúdo. Desde que foram apresentados como uma sociedade sádica no módulo “Vault of the Drow”, os Elfos Subterrâneos não tiveram um tratamento muito bom detalhando sua sociedade. Embora hoje estejamos cheios de referências sobre Menzorberrazan, e suas matronas dominadoras semi-fetichistas, foi a partir deste livro que este inimigo icônico do cenário ganhou maior destaque e detalhamento.

Vault Of The Drow. Wizards Of The Coast.

A lenda de Drizzt é, por fim, uma excelente leitura descompromissada e cheia de ação!

Cortador de cana na empresa Quinta Capa