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Crítica | “Earthling”, de Eddie Vedder (Republic Records)

Eddie Vedder mantém uma carreira solo errante. Tendo apresentado seu primeiro álbum em 2007, na forma da trilha sonora do filme “Na Natureza Selvagem”, só agora, 15 anos depois, chega ao seu terceiro trabalho fora do Pearl Jam, banda que o projetou como uma das maiores vozes de sua geração. “Earthling” se apresenta como um disco sólido, carregado de referências e participações especiais, como Steve Wonder, Elton John e Ringo Starr.

O minimalismo que vinha traçando em sua discografia pessoal (e “Ukelele Songs” representa bem isso) é deixado de lado, tendo como músicos de apoio nomes conhecidos, como Chad Smith, baterista do Red Hot Chili Peppers; Josh Klinghoffer, ex-integrante do Peppers; além do produtor Andrew Watt, que já trabalhou com os mais diversos artistas, a exemplo de Ozzy Osbourne e Miley Cyrus.

É inevitável que, sempre que um cantor de uma banda conhecida segue carreira solo, sejam feitas comparações entre sua produção individual e seu trabalho mais conhecido, de modo a surgirem especulações sobre quais músicas podem ter sido outtakes das sessões da banda. Se ‘Invincible‘ apresenta um som diferente, Vedder rapidamente se encontra de volta ao solo do rock clássico com ‘Power of Right‘, uma música que encaixaria em qualquer um dos três últimos álbuns do Pearl Jam. Outro exemplo é ‘Brother the Cloud‘, uma das manifestações mais emotivas do disco, que parece ter sido tirada diretamente do “Backspacer“.

Arte da capa de “Earthling”, o mais recente disco solo de Eddie Vedder

Mas o artista também oferece músicas que estão mais alinhadas com seu trabalho solo anterior, fornecendo baladas centradas no amor e músicas otimistas de soft-rock. Pop-rock novamente vem à tona com ‘Fallout Today‘, que vê uma continuação de seu talento para criar personagens femininas muitas vezes problemáticas através da música. ‘The Dark‘, por sua vez, faz com que ele anseie por alguém, prometendo “I’ll find you in the dark“, acompanhado de guitarras de ritmo acelerado que criam uma atmosfera animada. Enquanto o piano e violão baseado em ‘The Haves‘ encontra Vedder agradecido e reafirmando seu amor, “All of the haves, they have Not got half of what we got“, para completar uma seção do álbum que aproveita os talentos oferecidos por sua nova banda de apoio.

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Assim, várias outras influências são evidentes ao longo do álbum. O single principal ‘Long Way‘ pode ser facilmente confundido com uma oferta de Tom Petty, amigo pessoal de Vedder. Já Elton John fornece piano e vocais em ‘Picture‘, compartilhando os vocais principais antes de desaguar num refrão esperançoso. ‘Mrs Mills‘, por seu turno, esmera-se em evocar um número dos Beatles, com melodia guiada pelo piano, e com bateria de Ringo Starr. Outra aparição especial vem em ‘Try‘, com Stevie Wonder tocando gaita numa velocidade vertiginosa enquanto Vedder implora: “Vou tentar, amor, vou tentar.

No fim, temos em “Earthling” um Eddie Vedder em seu estado mais solto, jogando livremente com uma variedade de estilos para fornecer um álbum divertido e positivo. Embora ameace acalmar no meio do caminho, Vedder chega ao ponto alto de sua curta discografia solo até o momento. E ao compará-lo com seu trabalho de trilha sonora e “Ukulele Songs”, parece que este seria o verdadeiro começo de sua jornada solo.

 

 
Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br