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Entrevista com Abel Camargo guitarrista do HIBRIA

Hibria - Abel Camargo

HIBRIA é uma banda brasileira de Heavy Metal, criada em Porto Alegre/RS e que desde o lançamento de seu álbum de estreia, em 2004, trilha uma jornada de conquistas no Brasil e no mundo.

Atualmente a banda passa por um período de reformulação depois da saída de quatro dos cinco membros restando apenas o guitarrista Abel Camargo que vem se esforçando para divulgar o sexto álbum do HIBRIA intitulado “MOVING GROUNDque foi lançado oficialmente no Japão em Fevereiro desse ano, pela gravadora japonesa King Records alcançando uma excelente repercussão, com vendas expressivas e ótimas críticas. No Brasil, o álbum foi lançado em Maio pela Urubuz Records.

5C: Opa! Agradeço por nos disponibilizar um tempo para responder algumas perguntas.

Abel: Eu que agradeço a oportunidade de falar com os leitores da Quinta Capa. Muito obrigado pela oportunidade.

5C: Conte-nos um pouco de como se iniciou sua carreira musical.

Abel: Meus primeiros contatos com a música se deram num ambiente evangélico, visto que praticamente toda a minha família é ligada a esse meio. Foi uma bela escola para mim.

Comecei no violão como autodidata pelos meus doze anos. Descobria acordes e melodias de acordo com o que os meus ouvidos identificavam como agradável, e, também, vendo outras pessoas tocarem. Prestava atenção em cada detalhe de quem estava tocando. Observava como as notas iam se organizavam de forma a produzir sons que eu viria a reproduzir futuramente. Na sequência, tive aulas com uma professora evangélica, que me ensinou acordes e ritmos básicos de uma maneira bem simples e objetiva, sem muita explicação teórica.

Meu início na guitarra se deu pelos meus 15, 16 anos quando comecei a tocar com alguns amigos do meu bairro, por diversão. A coisa foi ficando mais séria quando formei a minha primeira banda com o meu vizinho e dois colegas de colégio do Florinda Tubino Sampaio, de Porto Alegre. Tinha uma galera que curtia Rock, Metal, e, de lá, saiu muita gente boa na música dessa época. Foi nessa mesma escola que eu pisei em um palco pela primeira, e última vez com essa banda, “Os Alcoólatras de Cristo”. A banda logo se desfez e aprendi desde cedo que se a gente quer ser músico profissional tem que estar disposto não apenas a tocar bem o(s) instrumento(s) escolhido(s), mas também saber seguir em frente independente da escolhas dos demais, e foi exatamente o que eu fiz. Segui em frente em busca de outras pessoas que pudessem se interessar em tocar com um guitarrista iniciante, mas que já desde cedo compunha. O mais interessante dessa banda, de única apresentação, literalmente, é que foi exatamente nesse mesmo show que eu decidi seguir em frente na música custasse o que custasse, e aqui estou eu. Sempre curti, e ainda curto, compor, ensaiar , gravar, viajar, estar em cima do palco e essa experiência me proporcionou fazer a escolha que mudou a minha vida.

Seguindo em frente, na busca por gente disposta a tocar e levar a música minimamente a sério, fiz um outro show com uns camaradas, mas a banda também não foi para a frente. Mas para a minha sorte, e para a sorte dos fãs do HIBRIA, foi um pouco depois dessa banda não vingar que conheci o Marco Panichi, primeiro baixista da banda, em 1993, e pela primeira vez estava tendo contato com alguém que realmente tinha vontade e responsabilidade para estar num projeto mais profissional. Fomos nós dois os caras que formaram o HIBRIA posteriormente, mas desde os primeiros contatos com ele dava para perceber que ele era um cara diferenciado. Devo muito a amizade e profissionalismo dele por muito do que o HIBRIA se tornou.

5C: Quais suas principais influências?

Abel: O Steve Vai continua sendo o cara que eu mais admiro. Não só como músico, guitarrista, compositor, mas também muito pela sua maneira de pensar. Esse cara é genial.

No quesito banda, citaria o Metallica. É a minha favorita de todos os tempos, tanto musicalmente quanto no que diz respeito à carreira espetacular que eles desenvolvem. Ter aberto o show deles com o HIBRIA, em 2010, Porto Alegre, foi um dos momentos mais emocionantes da minha carreira e da banda.

Apesar de admirar outros artistas, citei apenas as minhas duas principais referências por julgar que são elas que até hoje me influenciam de uma maneira ou outra. Mas, seria injusto da minha parte não mencionar minha segunda banda favorita, o Judas Priest. Curto demais o som, e o mais recente álbum deles, Firepower, está simplesmente sensacional. Ah, também acho a carreira solo e o trabalho do Slash no Guns ambos sensacionais.

Desde que eu comecei a tocar, nunca estudei nenhum guitarrista (nem mesmo o Steve Vai), mas sim sempre tentei absorver a musicalidade de cada um deles. Por um lado, eu acho interessante aprender a tocar certas coisas para o desenvolvimento musical. Por outro, acho que existe um grande risco para os guitarristas ficarem aprendendo muito de um guitarrista específico e depois nunca mais conseguirem desenvolver um fraseado original. Do meu ponto de vista, acho mais interessante apenas ouvir e absorver música, e a partir disso criar seus próprios riffs, licks e solos. Isso, naturalmente, vale para quem quer seguir na música autoral.

Abel Camargo
Foto – Perfil Facebook Abel Camargo

5C: O que você gosta de ouvir? E o que tem ouvido ultimamente?

Abel: Eu curto vários estilos de música. Tento ouvir coisas diferentes justamente para absorver e entender outras maneiras de se compor.

Metal e Hard Rock são dois dos meus estilos favoritos. Hard tem uma vibe que me agrada muito, e o trabalho de guitarras é algo que curto muito no gênero. Jazz, Groove, Funk, Blues, também são algumas das coisas que eu escuto. Também curto Reggae. Tem um feeling que me agrada bastante.

Essa semana rolou por aqui: Halestorm, Judas, H.E.A.T, Slash, Extreme (O Nuno é um guitarrista sensacional), Gotthard, David Lee Roth, Glenn Hughes, Van Halen, Papa Roach. Ou seja, eu realmente curto muito Hard Rock.

5C: Vamos falar um pouco sobre o Hibria. Recentemente houve uma separação dos demais integrantes permanecendo apenas você na banda. Em algum momento você pensou em por fim no Hibria e iniciar outro projeto?

Abel: Cara, certamente, é o momento mais delicado de toda a minha carreira musical até então, mas tenho crescido muito com tudo isso. Tem sido uma experiência que mexe com muitas emoções, áreas da vida em geral, mas tenho aprendido a lidar bem com isso. Gostaria de citar o apoio do Beto Gonzalez. Ele começou a trabalhar como produtor do HIBRIA um pouco antes do fim da mais recente formação, e apesar da saída de quatro de cinco membros, seguiu ao meu lado na missão de reconstruir a banda passo a passo e com entusiasmo. Certamente, mais uma pessoa diferenciada que eu encontrei nessa estrada da música. Isso também não seria possível sem o apoio de algumas pessoas importantes da minha família, amigos próximos, e até mesmo de pessoas que eu não conhecia, mas que me param na rua para me dizer: “Segue em frente com o HIBRIA. Sou muito fã da banda. Tu vai conseguir”. A todos vocês, o meu muito obrigado, de coração!

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Levou tempo até eu conseguir dimensionar o que estava acontecendo. Parar seria uma alternativa se eu não tivesse mais amor pela banda que eu mesmo formei, juntamente com o Marco, e compus mais da metade da discografia (como assinamos com “HIBRIA” as pessoas acabam não sabendo quem compôs o que, e o quanto cada um contribuiu). Também sou o cara responsável pelo conceito lírico de todos os álbuns da banda desde o “Blind Ride” (terceiro da discografia), e envolvido diretamente na produção executiva da banda desde o Silent Revenge (quarto álbum). Antes, eu contribuía de alguma forma nessa área, mas outras pessoas estavam à frente desse trabalho. Sem contar na grande quantidade de letras que escrevi desde o Blind Ride, e importante papel na liderança do grupo desde a formação da banda. Tirando o que eu fiz antes da formação da banda, desde então, a minha biografia é a biografia do HIBRIA.

Faz anos que quero desenvolver outro projeto, e, vou. É uma questão de foco. A minha atenção no momento está voltada para retomar a carreira do HIBRIA com tudo e mais um pouco, mas no momento certo e da maneira correta. Está tudo sendo feito com muita seriedade, cautela, e a paciência é uma das virtudes mais importantes nesse processo.

5C: Como está o processo de completar a nova formação?

Abel: Metade da missão cumprida. Já foram anunciados o novo guitarrista, Guga Munhoz, e o novo baterista, Martin Estevez.

No momento, estamos estudando o melhor caminho para completarmos a formação.

5C: Como tem sido a questão de shows e divulgação do último álbum “Moving Ground”?

Abel: O lançamento do álbum se deu no final de fevereiro no Japão, e, como sempre, tivemos uma excelente divulgação por parte da nossa gravadora lá, a King Records. Desde o primeiro trabalho que lançamos com eles (Blind Ride / 2011 – terceiro Cd da banda), eles fazem um trabalho de primeira qualidade. No “Moving Ground”, alcançamos o terceiro lugar na pré- venda em um dos sites do Japão que é referência em vendas lá, o HMV, apenas atrás do Michael Schenker, e figuramos entre o mais vendidos também.

No Brasil, o trabalho sairá pela Urubuz Records, em meados de maio, e a gravadora está trabalhando na divulgação do álbum juntamente com o Beto, produtor do HIBRIA.

A banda recebeu convites muito interessantes recentemente, mas o momento é de fechar e divulgar a nova formação para então partir para os shows de uma maneira consistente, de forma a oferecer o nosso melhor aos fãs da banda e atingir as pessoas que ainda não tiverem a oportunidade de ver o HIBRIA ao vivo.

5C: Fale um pouco sobre o atual trabalho “Moving Ground”. O álbum tem uma pegada mais sombria e com uns toques mais prog que os anteriores. Pode nos falar um pouco sobre o processo de composição?

Abel: O “Moving Ground” eh o álbum mais intenso da carreira do HIBRIA até então. A gente simplesmente colocou nele tudo o que sentíamos, e isso fez com que o trabalho se tornasse denso, com essa pegada prog e sombria que tu citasses. Ele também traz algumas marcas registradas da sonoridade da banda como melodias muito bem trabalhadas, velocidade, peso, agressividade, e virtuosismo na medida certa.

Basicamente, esse trabalho foi composto da mesma maneira dos demais. As ideias, conceito das músicas partiram dos guitarristas, eu e o Renato, e os demais iam dando as suas contribuições de acordo com os seus instrumentos, e o Iuri com as ideias de melodia vocal, com contribuições do Renato, que também produziu esse mais recente álbum com muita maestria. O Eduardo também contribuiu com linhas de bateria que inspiram o desenvolvimento de ideias a partir delas.

Creio que o diferencial desse trabalho foi a dedicação de cada um para fazer com que esse registro fosse algo realmente marcante na carreira da banda em termos de sonoridade. Abordamos atmosferas bem diferentes para cada som, e não nos limitamos a nenhuma ideia pré-definida, mas sim a vontade de fazer algo genuíno, diferenciado.

5C: E sobre os temas abordados, os álbuns têm um tema específico ou cada faixa é independente e aborda um tema diferente?

Abel: Cada faixa conta a sua própria história, mas todas têm uma ligação, de uma forma ou outra, com o tema base do álbum que é a impermanência, que também originou o nome do álbum (“Moving Ground”).

Muitas coisas que a gente trabalhou duro por muitos anos para que desse certo, e desejou ardentemente que elas acontecessem, simplesmente, por uma razão ou outra, não se concretizaram, e isso mexeu muito com cada um de nós. Comecei a ler sobre o Budismo de uns poucos anos para cá, apesar de já ser simpatizante do mesmo há anos, e quando li sobre o conceito budista para impermanência, tudo fez sentido. Sugeri o tema para a banda e eu, o Iuri e o Renato nós encarregamos de dar vida as melodias dos sons através das nossas visões contadas em cada uma das letras. Foi um trabalho intenso vivido num processo denso de composição no qual nos sentimos plenamente satisfeitos com o resultado tanto do ponto de vista lírico quanto do musical.

Eu poderia sintetizar a mensagem principal do CD como sempre seguir em frente em busca do que se acredita, apesar da inexorabilidade da impermanência.

5C: Sabemos que vocês tem uma relação muito boa com o Japão assim como outras bandas brasileiras como o Angra e o É o Tchan!, o público presente nos shows por lá parece ser sempre maior do que aqui no Brasil mesmo sendo o Hibria uma banda nacional. Do seu ponto de vista, quais motivos levam à essa diferença?

Abel: O HIBRIA mantém uma relação excelente com o Japão desde o lançamento do debut, “Defying The Rules” (2004). O público japonês recebeu a banda de braços abertos e somos muito gratos por isso.

O porte do HIBRIA no Japão é bastante diferente do porte do Brasil, e creio que isso fique bem destacado se formos falar das seis passagens da banda pelo país até então, sendo umas das duas bandas brasileiras de metal que mais tocaram no país até o presente momento. Na primeira vez que tocamos lá, em 2009, casas lotadas, e um convite para voltar e tocar lá no mesmo ano, no festival Loud Park, referência no Metal no Japão e na Ásia. Após o Loud Park, também tivemos a oportunidade de abrirmos o show do Megadeth, em Nagoya. Em 2011, gravamos o DVD “Blinded by Tokyo” numa das casas mais espetaculares que já tocamos até então (Shinagawa Prince Stellar Ball), sendo a única banda brasileira de Metal a ter um feito desse porte no currículo, no que diz respeito ao Japão (me corrijam se estiver errado). Quarta passagem da banda – mais uma vez tocando no Loud Park – para milhares de fãs que curtiram o show entusiasmadamente do início ao fim. Em ambos Loud Park (2009 e 2012) tocamos em um dos dois palcos principais numa seleção de bandas que contavam com algumas das bandas de Metal mais influentes de todos os tempos como Judas Priest, Megadeth e Slayer, por exemplo. 2013 e 2015, lançamentos dos CDs “Silent Revenge” e “HIBRIA”, respectivamente, e assim como nas turnês anteriores, em casas com excelente estrutura, público, e sem banda de abertura.

Os motivos que levam a essas diferenças são das mais variadas espécies, a começar pelo fato de morarmos em um país que possui baixíssimo incentivo a cultura local. Para muitos, dizer que tu é músico, artista é sinônimo de quem não trabalha. No que diz respeito ao fato de acharem que músicos, artistas não trabalham se deve ao fato dessas mesmas pessoas terem uma visão distorcida do termo trabalho, e baixo nível cultural para se entender o que significa cultura. Se acham cultas, mas menosprezam artistas. Para mim, isso não faz absolutamente sentido algum. Muitos músicos, artistas acabam vivendo com baixa remuneração por muito tempo, alguns por uma vida inteira, justamente porque a maioria das pessoas não reconhece o esforço e o talento dessa classe, e acaba não frequentando os locais que essas pessoas tocam, apresentam a sua arte.

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Entre tantas outras respostas que eu poderia dar para elucidar essa questão da diferença entre o Japão (ou qualquer outro país de primeiro mundo) e o Brasil, para mim, também está diretamente ligada à maneira na qual a mídia expôs/expõe o gênero no Brasil, privilegiando poucas bandas nacionais (independente delas lançarem trabalhos relevantes ou não), e enaltecendo o que é feito fora do país. Isso criou a cultura de que apenas essas bandas são relevantes e que todo o resto não é merecedor de espaço na mídia, o que causa um impacto negativo direto na vida de todas essas outras bandas que não fazem parte do interesse dessa mídia parcial.

5C: E agora, o que a banda está planejando para os próximos passos? O que podemos esperar do futuro (próximo) do Hibria?

Abel: Primeiro passo é fechar a nova formação, paralelamente à divulgação do novo álbum.

Os próximos passos dependem muito do tempo que a nova banda estará na ativa. Tudo está sendo planejado com muita responsabilidade e entusiasmo, e vai levar o tempo que for necessário para se ter a banda em plena forma como os fãs estão acostumados a ver. O que eu posso afirmar é que o dia em que o HIBRIA estiver nos palcos novamente vai ser para dar continuidade a uma história vencedora feita com muito trabalho ao longo de mais de 22 anos.

Capa do álbum Moving Ground

5C: Uma pergunta recorrente nas rodas de conversa com músicos é sobre o método de distribuição e comercialização da música. O que você acha do modelo de streaming?

Abel: O streaming tornou a música acessível a muita gente, que antes não conseguia ouvir por não ter dinheiro para comprar CDs e afins, mas por outro lado desvalorizou a passos largos a remuneração dos músicos, assim como a qualidade do material dos mesmos. A menos que estejamos falando de um artista com uma quantidade absurda de plays, a remuneração da maioria dos outros é risível… Além disso, a partir do momento em que se começou a divulgar a música em formatos de baixa qualidade, se deu margem para que ótimos trabalhos sejam deixados de lado visto que muitas vezes a qualidade do streaming é ruim, fazendo com que a obra exposta não obtenha o devido reconhecimento. Sem contar que recebendo baixa remuneração por um trabalho se torna inviável produzir com qualidade. Muitos produzem do seu próprio bolso, mas essa lógica deveria mudar. Se o público começar a apoiar os artistas locais, com certeza, serão recompensados com trabalhos ainda mais legais.

Sinceramente, não faz diferença alguma ser contra ou a favor do streaming do ponto de vista prático. O que eu acho que faz alguma diferença é justamente o debate sobre as formas de financiamento da arte de forma que as pessoas se conscientizem minimamente de que se algo não for mudado logo, ótimos artistas vão parar de produzir, tocar ao vivo, por falta de recursos, enquanto a velha grande mídia vai ficar ditando o que eles querem que o povo ouça, visto que esses artistas ainda são financiados por grandes gravadoras, empresários.

Outra questão que me chama muito a atenção é o fato das pessoas já há muito tempo não ouvirem mais álbuns, mas sim músicas tocadas aleatoriamente. É como se ao invés de lermos um romance do início ao fim, lêssemos apenas alguns capítulos. Assim como um livro, um álbum também foi concebido para contar uma história. Vivemos em uma era na qual as pessoas estão estão ansiosas, que se perdeu o prazer de escutar um CD inteiramente e apreciar coisas como o tracklist, mixagem/masterização, arranjos, sonoridade, timbres, efeitos de cada música, letras, etc. Em suma, a conexão entre os sons que é o que forma a obra em si. Eu ainda mantenho esse hábito de ouvir tudo do início ao fim, e sempre incentivo os meus alunos a fazerem o mesmo.

5C: Alguma lembrança de algum show marcante ou situação inusitada ou engraçada que você gostaria de nos contar?

Abel: O HIBRIA tem uma carreira vitoriosa, e são muitos os momentos de profunda realização que eu vivi com a banda até o presente momento. Entre eles, gostaria de destacar a abertura para o Metallica em Porto Alegre. Ter a chance de abrir o show da sua banda favorita de todos os tempos, uma das mais importante da história do Metal, e na sua cidade natal, não tem preço. Eu fiquei, literalmente, uns dois, três dias, simplesmente, anestesiado. Não acreditava no que tinha acontecido e ficava repassando cada um dos momentos. Além do show em si, que foi uma emoção inenarrável, ter conhecido a banda antes do show deles e ter podido apertar a mão de cada um, e poder registrar esse momento, foi sensacional.

Outro show memorável foi a gravação do DVD “Blinded by Tokyo”, no Japão. Lugar espetacular e um público sedento por ouvir a banda. Foram momentos de pura realização tanto do lado profissional quanto do pessoal. Tocar no Japão sempre foi um sonho. Gravar um DVD ao vivo para uma casa lotada de fãs da banda é simplesmente surreal de tão emocionante. Esse registro é um orgulho muito grande para mim e para a formação que gravou esse DVD. Ensaiamos por meses para fazer um show em altíssimo nível e eternizá-lo através dos tempos.

Por último, mas não menos importante, tocar no Rock in Rio 2013. Festival que eu assistia pela TV antes mesmo de pensar em aprender um instrumento, ter uma banda e que sempre me encheu os olhos e os ouvidos. Ter sido convidado para tocar num evento dessa grandiosidade, e repercussão mundial, certamente está entre os pontos mais altos da carreira do HIBRIA até então.

5C: Alguma consideração final para a galera que acompanha o trabalho de vocês ou que estão conhecendo agora?

Abel: Mais uma vez, gostaria de agradecer pela oportunidade de entrar em contato com os leitores do Quinta Capa.

Gostaria de reiterar que o HIBRIA está sendo reconstruído com muita paixão e responsabilidade, e, que no momento oportuno, os fãs verão uma banda com muita determinação, garra nos palcos novamente.

Aos que ainda não conhecem o trabalho do grupo, fica o convite para curtir o clipe mais recente da banda, “Moving Ground”:

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Um forte abraço e até a próxima.

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Com formação em análise e desenvolvimento de sistemas, assume o desenvolvimento desse site e mais alguns outros. Pai de Valentina, Edgar e Raul, escreve algo aqui sobre games, música ou tecnologia sempre que os pequenos deixam.