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Garth Ennis Explora a Psiquê de Frank Castle Em “Justiceiro: O Pelotão”

A leitura de “Justiceiro: O Pelotão” (Panini Comics, 128 páginas, R$ 44,00) pode decepcionar alguns fãs do anti-herói mais famoso da Marvel. Explico: apesar do título, não temos o Justiceiro em suas páginas. Quando muito, num exercício de interpretação, a sua versão embrionária; como uma sombra a cobrir o rosto do homem. No fundo, o monstro já habitava o coração de Frank Castle. Ele simplesmente ainda não tinha se dado conta disso.

Esta é a teoria levantada pelo autor Garth Ennis nessa trama, publicada originalmente como uma minissérie em seis partes nos Estados Unidos. Trata-se essencialmente de um estudo do personagem, da guerra que o forjou, dentro de uma narrativa maior, ácida, sobre o conflito no qual os americanos se meteram sem entender muito bem o motivo.

Arte interna com o preciosismo gráfico de Goran Parlov. Todos os direitos reservados.

Estruturada a partir das memórias de veteranos entrevistados por um jornalista, temos aqui a reconstituição dos primeiros meses de Castle no Vietnã, assumindo um comando de fuzileiros próximo a Khe Sanh. A postura séria, a visão estratégica, e o instinto combatente geram confiança e empatia nos seus subordinados, que se empenham em missões duras, enquanto o adversário os estudava de forma metódica, perscrutando a inteligência daquele tenente de olhar seco, uma verdadeira máquina de combate em estado bruto.

A arte de Goran Parlov dispensa apresentações, ganhando aqui proverbial capricho nas cenas de batalha. A coloração é sóbria e casa bem com a proposta do trabalho que traz um Ennis à vontade, mostrando intimidade com o personagem que escreveu por tanto tempo. Uma leitura realmente instigante e bem executada.

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Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br