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Janeiro Literário | Segunda Poética, com Demetrios Galvão

Continuamos nosso Janeiro Literário estreando mais uma coluna, a Segunda Poética, que destacará nomes relevantes do cenário piauiense a cada começo de semana. Abrindo a série, temos a honra de apresentar Demetrios Galvão.

Demetrios nasceu e vive em Teresina desde 1979. É poeta, historiador, mestre em História do Brasil (UFPI). Professor da Faculdade Maurício de Nassau/FAP, da Escola Santa Maria Goretti e do Instituto Federal do Piauí – IFPI. Publicou os livros de poemas, Cavalo de Tróia (2001), Fractais Semióticos (2005), Insólito (2011), Bifurcações (2014), O Avesso da Lâmpada (2017) e o objeto poético Capsular (2015). Em 2005, em parceria com o DJ Petecão, produziu o cd experimental de poemas Um Pandemônio Léxico no Arquipélago Parabólico.

Publicou entre 1999 e 2005 o fanzine Sintezine, em um total de 12 edições. Posteriormente, desenvolveu pesquisas na área de confluência entre fanzine, linguagem alternativa e juventude, resultando em uma monografia e alguns artigos publicados. Em 2017 editou o fanzine Besouro juntamente com o poeta Lucas Rolim.

Tem poemas publicados nas antologias Massanova Literatura (2007), Poematologia – os melhores novos poetas do Brasil (2012), Quebras: uma viagem literária pelo Brasil (2015), Trinta Anos Luz: poetas celebram 30 anos de Psiu Poético (2016), Escriptonita: pop/oesia, mitologia-remix e super-heróis de gibi (2016), Pequena Antologia Poética Transoceânica: encruzilhada de versos (2016) e Baião de Todos: antologia poética (2016).

Tem poemas publicados em diversos portais, jornais e revistas: EuOnça, Arcana, Corsário, Subversa, O Relevo, Malembe, Cronópios, Germina, Mallarmargens, Musa Rara, O Casulo, Blecaute, Diversos Afins, Saúva, Livre Opinião, Geleia Total, O Poema do Poeta, Fotos e Grafias, Ruído Manifesto // internacionais: Libero América, InComunidade, Espaço do Ser.

Participou do coletivo poético Academia Onírica e foi um dos editores do blog Poesia Tarja Preta (2010-2012) e da AO-Revista (2011-2012). Além de integrar e de ter participado da produção do cd, de poesia e música, Veículo q.s.p – Quantidade Suficiente Para (2010).

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Em junho de 2016 ministrou a oficina “A Musculatura Cinética da Poesia: criação e edição literária independente”, no SESC Caixeiral (Parnaíba).

Atualmente, é editor da revista Acrobata, escreve no blog Janelas em Rotação, participa do corpo editorial do site LiteraturaBR e em parceria com a Editora Moinhos, organiza a coleção Pontes Poéticas juntamente com o editor Nathan Matos.

 

o avesso da lâmpada

uma banda de jazz

ecoa nas tubulações siderais

de coxas macias.

 

meu desejo aeroplano

faz piquenique na artéria central

de um verbo imigrante.

 

os ancestrais lançam dados

e apostam hóstias de sangue

no tabuleiro das estrelas dançarinas.

 

uma luminária-nebulosa

amplia o terraço dos signos,

seus ascendentes e amantes celestes.

 

7 sóis e 7 luas

compõem uma antologia de luz

onde lateja a bússola do caos.

 

às vezes, encontro mortes de outras vidas

os dias sopram um vendaval afoito

batida de metais pesados

em terreno insensato

 

trovoada de escárnios banindo existências

sangue gratuito regando nascentes

resíduos de chumbo, mercúrio, arsênio

 

as árvores da cidade choram os suicídios juvenis

os rios paralisam suas agitações aquáticas

velhos assombros visitam o presente

 

nessa terra devastada

um gutural crossover se eleva

na direção de uma esperança qualquer

 

– viver é palavra que se afirma com luta.

 

a voz do abismo

como pensar no futuro

sem pronunciar a palavra medo?

a harmonia da morte não desafina

as águas não trazem alívios.

 

conheço uma mulher

que não sai mais de dentro de si.

desaprendeu a pronunciar “felicidade”.

– a família teve que sepultar alguns nomes.

 

o desencanto assalta a multidão

o terror estremece as fibras do afeto

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e esperamos a queda em um campo minado.

– existe um abismo que não se cala.

 

as mães se pintam para a guerra

com o leite que alimenta a humanidade.

levantam o punho e perfumam as ruas

com sua coragem iluminada.

 

– a esperança transpõe as fronteiras armadas

resiste em assentamentos de plástico

e se salva em um abraço sem idioma.

 

Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br