A Companhia das Letras lança a coletânea “Sobre a Verdade”, seleção que reúne escritos de George Orwell, extraídos de seus romances, ensaios, cartas e reportagens, debatendo esse tema tão caro ao autor.
No ensaio “Por que eu escrevo”, Orwell já se posicionava de maneira peremptória: “Eu escrevo porque há alguma mentira que eu quero expor, algum fato para o qual quero chamar atenção”. Uma postura que se mantém urgente e atual, diante dos tempos sombrios que vivemos: conceitos como “fatos alternativos” buscam legitimar mentiras e abrir espaço para interpretações equivocadas de dados científicos, por exemplo.
A polarização política que tem marcado o cenário brasileiro nos últimos anos, calcada em radicalismos de toda espécie, evoca a necessidade de revisitarmos a obra do autor britânico, conhecida por clássicos como “A Revolução dos Bichos”, uma fábula que alerta para o mau caminho que as boas intenções podem tomar se revestidas de autoritarismo e manipulação dos discursos (lembremos, afinal, de como os porcos mudavam as regras comuns aos animais da fazenda conforme suas conveniências).
Como entender a função da verdade nesses contextos e a importância de defendê-la da sanha de projetos políticos com viés antidemocrático são pontos primordiais no pensamento orwelliano, afinal “se não for combatido, o totalitarismo pode triunfar em qualquer parte“, conforme escreveu certa vez. E o totalitarismo, na visão de Orwell, fundamenta-se em uma noção de “mentira institucionalizada”, que nega qualquer possibilidade de liberdade de pensamento.
No livro, com 208 páginas ao preço sugerido R$ 39,90, estão reunidos de forma inédita textos que têm como eixo a ideia da verdade. A seleção abrange trechos de toda a produção de Orwell, do seu primeiro livro, “Dias na Birmânia”, de 1934, até seu romance derradeiro, “1984”, publicado em 1949, um ano antes da sua morte.
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